Resumo de Comunicação
1. ANÁLISE DO DISCURSO
O ETHOS DO PROFESSOR DE PORTUGUÊS NA
POLÊMICA SOBRE
POR UMA VIDA MELHOR
Adriana Seabra
Escola DIEESE de Ciências do Trabalho
A pesquisa analisou textos publicados por professores de Português na internet, em resposta ao discurso da imprensa sobre o ensino de Língua Portuguesa. Para observar a polêmica travada entre a mídia e os professores, empregamos categorias de análise propostas por Maingueneau: semântica global, interincompreensão, simulacro, aforização etc. Para a imagem discursiva dos coenunciadores, às noções de ethos e pathos, cuja formalização remonta a Aristóteles. O corpus delimitou-se por um evento-amostra: o factoide criado pela mídia, em maio de 2011, a propósito da distribuição, pelo MEC, do livro didático Por uma vida melhor. Nesse episódio, a imprensa caracterizou os professores do ensino básico que tematizassem a heterogeneidade da linguagem e praticassem um ensino contrastivo de gramática como bárbaros, preguiçosos, assassinos da língua. Os professores, por sua vez, ao se defender por escrito das detrações da mídia, não só argumentaram para refutar o posicionamento da imprensa sobre o conteúdo e as práticas do ensino de Língua Portuguesa, mas também procuraram produzir, com seu modo de dizer, uma imagem de professor que se contrapusesse ao retrato disfórico promovido pelos meios de comunicação. Uma imagem de boa formação escolar e cultural, de domínio do objeto de ensino, de envolvimento com o trabalho, de compromisso com a melhoria das condições socioculturais de seus alunos; um ethos, enfim, de competência – de quem sabe e pode ensinar Língua Portuguesa – e de engajamento na educação com vistas à transformação social.
Palavras-chave: interincompreensão, ethos, pathos.
SESSÃO DE COMUNICAÇÃO COORDENADA EM SEMIÓTICA
Coordenador: Prof. Dr. Alexandre Marcelo Bueno
(UNIFRAN)
A presente sessão de comunicação, na área de semiótica, visa a apresentar algumas pesquisas em desenvolvimento no Programa de Mestrado em Linguística da Universidade de Franca (UNIFRAN). Além da questão teórica em comum, os trabalhos procuram examinar a organização narrativa e passional de discursos literários, assim como a organização discursiva de uma plataforma educacional e um discurso midiático sincrético, cujo tema está relacionado com a questão dos refugiados venezuelanos no Brasil. Esperamos, assim, instituir um espaço para contribuições aos diferentes trabalhos apresentados, no intuito de se pensar em seu próprio objeto de pesquisa a partir do olhar de outros pesquisadores e estudantes presentes na sessão.
A CONSTRUÇÃO DISCURSIVA DE DUAS CRISES: A IMIGRAÇÃO VENEZUELANA PARA O BRASIL EM UM DISCURSO SINCRÉTICO
Alexandre Marcelo Bueno
(UNIFRAN)
Problemas políticos e econômicos na Venezuela têm apresentado consequências sociais graves no país vizinho. Repressões da polícia, falta de alimentos e de produtos básicos para a população, entre tantos outros fatos fizeram com que um contingente grande de venezuelanos cruzasse a fronteira para buscar melhores condições de vida no Brasil, em especial no estado de Roraima. Este trabalho buscará depreender alguns valores observados na fala de venezuelanos que se encontram no Brasil para se compreender como está organizada a narrativa da crise venezuelana. Além disso, examinaremos as escolhas da composição do enunciado sincrético na página da reportagem para entendermos o posicionamento do enunciador. Para isso, utilizaremos, como método de análise, a semiótica discursiva e, em particular, a sociossemiótica. Observou-se, inicialmente, a construção disfórica da imagem do governo venezuelano, apontado como o responsável pela crise existente no país, em uma sanção recorrente na fala dos refugiados. Ao mesmo tempo, o enunciador parece concordar com tal ponto de vista. Ademais, traços lexicais da reportagem, como a ideia de “invasão”, apontam, inicialmente, para uma sanção negativa da presença de refugiados no país. Assim, com uma análise mais aprofundada, esperamos compreender um dos possíveis olhares, do ponto de vista brasileiro, para a construção do tema da crise venezuelana e, consequentemente, da crise de refugiados venezuelanos no Brasil.
Palavras-chave:imigração venezuelana; semiótica discursiva; sincretismo.
PLATAFORMA DE APRENDIZAGEM “ME SALVA”: UM ESTUDO SEMIÓTICO
Alessandro Itokazu Vasconcellos
(Mestrado Linguística - UNIFRAN)
A pesquisa analisou textos publicados por professores de Português na internet, em resposta ao discurso da imprensa sobre o ensino de Língua Portuguesa. Para observar a polêmica travada entre a mídia e os professores, empregamos categorias de análise propostas por Maingueneau: semântica global, interincompreensão, simulacro, aforização etc. Para a imagem discursiva dos coenunciadores, às noções de ethos e pathos, cuja formalização remonta a Aristóteles. O corpus delimitou-se por um evento-amostra: o factoide criado pela mídia, em maio de 2011, a propósito da distribuição, pelo MEC, do livro didático Por uma vida melhor. Nesse episódio, a imprensa caracterizou os professores do ensino básico que tematizassem a heterogeneidade da linguagem e praticassem um ensino contrastivo de gramática como bárbaros, preguiçosos, assassinos da língua. Os professores, por sua vez, ao se defender por escrito das detrações da mídia, não só argumentaram para refutar o posicionamento da imprensa sobre o conteúdo e as práticas do ensino de Língua Portuguesa, mas também procuraram produzir, com seu modo de dizer, uma imagem de professor que se contrapusesse ao retrato disfórico promovido pelos meios de comunicação. Uma imagem de boa formação escolar e cultural, de domínio do objeto de ensino, de envolvimento com o trabalho, de compromisso com a melhoria das condições socioculturais de seus alunos; um ethos, enfim, de competência – de quem sabe e pode ensinar Língua Portuguesa – e de engajamento na educação com vistas à transformação social.
Palavras-chave:interincompreensão, ethos, pathos.
AS PAIXÕES EM “OS OLHOS”, DE OSMAN LINS
Mayara Luzente Sestari
(UNIFRAN)
Analisa-se o conto “Os Olhos” que faz parte da obra Os gestos, de Osman Lins. Os gestos é um livro premiado, composto por treze contos do escritor brasileiro contemporâneo. A partir do referencial teórico da semiótica francesa, nosso objetivo é apreender o modo como se dá a construção dos estados de alma do ator protagonista do texto, uma viúva que, embora queira se envolver afetivamente com outro homem não pode fazê-lo, pois não consegue libertar-se do aprisionamento que sente em relação ao marido morto. Devemos lembrar que as paixões são entendidas em semiótica como efeitos de sentido inscritos na linguagem. Desse modo, é a construção do percurso patêmico do ator feminino que procuraremos apreender nesta comunicação.
Palavras-chave:Osman Lins; semiótica; percurso patêmico.
CARTAS DE UM DESTINO INCERTO: A ORGANIZAÇÃO NARRATIVA EM “K. RELATO DE UMA BUSCA”, DE BERNARDO KUCINSKI
Terezinha de Jesus Oliveira Silva
(UNIFRAN)
A ditadura civil-militar foi um dos períodos mais obscuros da história recente no Brasil. Além da retirada de direitos civis básicos, outras práticas nefastas foram realizadas pelo regime de exceção, como torturas e mortes. É esse o contexto reconstruído pelo objeto de estudo desta pesquisa. Trata-se de “K. Relato de uma busca (2014)”, de Bernardo Kucinski. O romance pode ser definido como uma narrativa de busca. K., personagem principal e narrador de muitos dos capítulos, enuncia a procura por sua filha, professora de química e subitamente desaparecida por causa de suas atividades políticas contra o regime ditatorial. Com base nos pressupostos da teoria semiótica francesa, desenvolvida por Algirdas Julien Greimas, nossa pesquisa analisa três capítulos-cartas da referida obra. Todos os capítulos têm em comum a articulação das seguintes oposições: vida vs. morte e liberdade vs. opressão. Das três cartas, apresentaremos uma análise do percurso gerativo do sentido da única que apresenta o momento de referência presente (as demais foram escritas na anterioridade do momento de referência, ou seja, concomitante ao período da ditadura civil-militar). Desse modo, depreenderemos, sobretudo, a organização narrativa da carta, desde a manipulação até a sanção que o narrador promove de sua situação, marcada pela ausência de um ente querido e de sua prostração diante da incapacidade em se conhecer efetivamente o paradeiro de sua filha.
UM OUTRO PRISMA DAS LUZES PORTUGUESAS: O DISCURSO CIENTÍFICO EM REFLEXÕES SOBRE A VAIDADE DOS HOMENS, DE MATIAS AIRES
Allan Alves
(UFRRJ)
Esta pesquisa objetivou delinear a influência do pensamento científico – especificamente o que ficou conhecido como “virada epistemológica” na modernidade – em Reflexões sobre a vaidade dos homens, publicado em 1752. Recorrentemente figurado como um pensador sem-lugar na filosofia e nas letras luso-brasileiras, analisamos de que forma o autor absorveu a conjuntura do pensamento científico no século XVIII, dialogando com seus contemporâneos e estabelecendo considerações sobre a caracterização da ciência e do fazer científico dos setecentos. Valendo-se de autores como (ENNES, 1952), (VALINHAS, 2012) e (LIMA, 1992) buscamos compreender a persistência de linhas de tensão histórico-sociais que percorrem a obra, posto que o autor refletiu sobre a impossibilidade de conhecer a “totalidade do mundo”, caracterizando o debate epistemológico através da querela da vaidade – à qual ele atribuiu valor metafísico. Os resultados apontam que, sendo discípulo de insignes cientistas do período e produtor de obras voltadas à temática das ciências naturais, o autor teria compreendido a virada epistemológica da modernidade através da transfiguração entre o ceticismo clássico e o moderno. Mediante esta abordagem, o pensador reflete no texto o debate epistemológico setecentista através da conflitante relação entre o entendimento e a vaidade: ao mesmo tempo que esta última impulsiona o ser à investigação intentando a compreensão do universo, também o ilude no tocante a sua própria condição cognitiva acerca dos fenômenos.
Palavras-chave:Matias Aires, Iluminismo em Portugal, Filosofia em Língua Portuguesa
AS SEQUÊNCIAS EXPLICATIVAS NO CURRÍCULO DA SEE/SP
Andrea Ferreira Cavalcante Caputo
(PUC-SP)
O currículo é documento essencial à educação brasileira e mundial. O estado de São Paulo realizou várias reformas curriculares em sua rede de ensino. A última data de 2008/2009 e contou com a implantação do guia curricular vigente até os dias atuais. Esse guia traz indicações gerais aos professores e outras específicas a cada disciplina. Tomamos nesse trabalho o Currículo de Língua Portuguesa e perguntamos: a) qual a incidência de sequências explicativas no Currículo de Língua Portuguesa da SEE/SP?; b) como essas sequências foram construídas para orientar o trabalho docente em sala de aula? O presente trabalho tem por objetivo identificar as sequências explicativas no Currículo de Língua Portuguesa da SEE/SP, observando como se constrói a orientação ao professor dessa rede de ensino. Fundamenta-se o trabalho nos estudos de Adam (2011), que embasarão a identificação e a análise das referidas sequências. Esse trabalho é parte de uma pesquisa de doutorado em andamento, cujo objetivo é observar como a organização do Currículo de Língua Portuguesa da rede estadual paulista de ensino e as sequências textuais ali presentes fornecem subsídios para orientar a prática docente. O trabalho se justifica pela possibilidade de aplicação da metodologia da Análise Textual dos Discursos proposta por Adam. Também importa pela reflexão possível acerca do currículo e sua construção. As observações iniciais permitiram detectar a presença de sequências explicativas que indicam a visão de ensino da rede e também as escolhas teóricas para a disciplina.
Palavras-chave:sequências textuais explicativas; análise textual dos discursos; currículo.
O DISCURSO SOBRE A EDUCAÇÃO: IMAGEM DO PROFESSOR EM VEJA
Carlos Alberto Baptista
(PUC-SP)
Palavras-chave:Análise do Discurso. Discurso sobre a Educação. Imagem do Professor.
A CONSTRUÇÃO DA DOR COMO EFEITO DE SENTIDO
EM “DOR NEGRA” DE JOÃO DA CRUZ E SOUSA
Cristiano Lima de Araujo Reis
(UPM)
No centro de Dor Negra, poema em prosa de Cruz e Sousa, está um sujeito que mantém sua conjunção com a dor e o sofrimento desde a epígrafe até o final do texto. Tal fato é capaz de produzir uma “atmosfera” soturna e obscura de modo que podemos desde o título “ler” a força do sentimento que enfrentamos no texto sousiano, sobretudo, quando a voz enunciativa aí instalada ativa suas lembranças acerca de sua origem africana. Marcada como terra amaldiçoada e do sofrimento, a África aparece no texto do poeta de Desterro como espaço de referência para o estabelecimento de uma comparação com o espaço da enunciação, também entendido como espaço da dor e do sofrimento, a partir do qual se questiona se poderia ser chamada de “existência” esse viver assinalado por tão intenso sofrer. Diante de tal cenário este trabalho propõe-se a investigar a partir do aparato teórico proposto pela semiótica discursiva francesa, como a dor constrói-se enquanto efeito de sentido no seio da obra a que pertence o poema que aqui analisamos. Para isso recorremos à análise dos processos de actorialização presentes no texto bem como ao estudo dos processos tensivos responsáveis pela duratividade e extensidade da dor. Assim, se o sentimento a que nos dedicamos a analisar neste trabalho configura-se como a espinha dorsal do projeto poético sousiano isso se deve ao fato de que este fora trabalhado até suas últimas consequências, manifestado dessa maneira não só no conteúdo, mas sobretudo, na expressividade.
Palavras-chave:semiótica, dor, enunciação.
A ORALIDADE NO TEXTO LITERÁRIO COMO TRAÇO IDENTITÁRIO DO AUTOR: UMA ANÁLISE DA AUTOBIOGRAFIA DE OZZY OSBOURNE
Fernando Leite Morais e Tiago Mattos
Autobiografia é um gênero do discurso do íntimo e do cotidiano. Goza de estratégias enunciativas assentadas na recorrência do “discurso direto retórico” (Bakhtin/Voloshinov, 1986, p.170), que nos acomete de uma sensação de espontaneidade, casualidade e nos remete particularmente ao informal, a um gênero do discurso com estilo “escrito-como-se falado” (Fairclough, 1992, p. 163), a um gênero do discurso proveniente da oralidade. Todavia trata-se apenas de uma sensação. O gênero autobiográfico tem um estilo íntimo, porém canônico, formal, contudo essa formalidade é travestida de uma informalidade propiciada pelo discurso em primeira pessoa, pela insistência no discurso direto retórico – materializado por um estilo linear – e pelos marcadores conversacionais oriundos da oralidade, que certamente propiciam um efeito muito próximo à conversação Como se caracterizam as escolhas de autoria, levando-se em consideração o posicionamento enunciativo-discursivo, o discurso citado e os marcadores conversacionais no gênero do discurso autobiografia? Objetivou-se, com este estudo, analisar o estilo e os traços de oralidade presentes no texto literário que são características identitárias do autor, como, por exemplo, os marcadores conversacionais, que são elementos de interação e coerência do texto falado, por vezes presentes no texto escrito. A Sociolinguística Interacionista, a Análise Dialógica do Discurso e a Análise da Conversação forneceram o aporte teórico para o desenvolvimento deste trabalho. Contamos com as contribuições de Arfuch (2010-2013) Bakhtin (1992), Bakhtin/Voloshínov (1986), Fairclough (1992) Lejeune (2008), Marcuschi (2008), Preti (2004) e de Urbano (2001 - 2015). O corpus selecionado para análise foi a autobiografia do cantor de rock Ozzy Osbourne, cujo o título é: Eu sou Ozzy (2009). Com base nas análises, concluímos ter a autobiografia um estilo linear, marcado pelo discurso direto retórico. É formal, escrito, contudo construído para evidenciar intimidade e espontaneidade por meio do discurso citado e dos conectivos conversacionais como o “ai” e o “então” recorrentes no decorrer de todo o texto. Gênero do discurso secundário revestido por características do gênero do discurso primário.
Palavras-chave: Autobiografia; Autoria; Gênero do discurso: Análise da conversação; Marcadores conversacionais.
A ISOTOPIA FIGURATIVA EM “LEMBRETE DO EXISTIR”: ANÁLISE SEMIÓTICA DE UMA POESIA DE ZACK MAGIEZI
Irislane Rodrigues Figueiredo
(UFRJ)
Ultimamente, observa-se uma crescente presença de poetas que fazem sucesso na WEB (ÉPOCA, 2018; NEXO, 2017). Um exemplo é Zack Magiezi, que publica suas poesias na internet desde 2014 e já soma aproximadamente 3 mil publicações e 1 milhão de seguidores (O POVO, 2017; INSTAGRAM, 2018). Diante desse fenômeno, propomos analisar um poema desse autor intitulado “Lembretes do existir” para identificar recursos semânticos e estéticos que podem explicar a adesão dos internautas. Nosso objetivo é analisar percursos figurativos e temáticos empregados, com base na teoria da Semiótica Discursiva, para a qual tematização (investimentos conceituais) e figurativização (revestimento dos temas com figuras do conteúdo) são categorias do nível discursivo do percurso gerativo do sentido. Essa teoria fundamenta o estudo do sentido textual pela observação dos procedimentos organizacionais, incluindo três níveis sintático-semânticos: 1º) fundamental: etapa mais abstrata, em que a significação contempla uma oposição semântica mínima; 2º) narrativo: que explica a estrutura narrativa dos textos, analisando a instauração de sujeitos e sua busca por objetos-valor, organizados em enunciados de estado e de fazer; 3º) discursivo: que mostra o revestimento das estruturas narrativas abstratas em elementos concretos, através de temas e figuras, e as projeções da enunciação nos enunciados. Análises iniciais apontam características que possibilitam maior sucesso dos “poemas virtuais”, como: composições curtas; predominância da temática ‘amor’; construção de “poesias-provérbios”, reiterando temas e figuras reconhecíveis pelo enunciatário, etc. Ademais, são peculiaridades de Magiezi a recorrência textual relacionando a vida e as redes virtuais e a criação de séries poéticas, como “Lembretes do existir”.
Palavras-chave: Semiótica. Semântica discursiva. Poesia na internet.
AS APRESENTAÇÕES DOS CADERNOS DO ALUNO DO ENSINO FUNDAMENTAL II: A LITERATURA NA REDE PÚBLICA PAULISTA
Ivan de Azevedo Antunes Corrêa
(UPM)
O presente trabalho pretende identificar algumas questões linguísticas que embasam o ensino de língua portuguesa e de literatura nos materiais didáticos da Rede Pública paulista. Para isso, são analisadas oito Apresentações dos Cadernos do Aluno de Língua Portuguesa (2014-2017) do Ensino Fundamental II, na busca da identificação das estratégias discursivas do enunciador dos textos e da recorrência de temas de literatura encontrados. Além disso, o estudo procura compreender as preferências e os direcionamentos sobre o ensino de literatura proposto pela Secretaria da Educação do Estado de São Paulo por meio de valores tematizados pelo enunciador e por meio da imagem construída do enunciatário. Desse modo, uma análise comparativa de temas e de estratégias discursivas encontradas nos textos de Apresentação é proposta com embasamento teórico em estudos da semiótica discursiva francesa. Após a análise temática dos textos de Apresentação ficou evidente que eles dialogam com os Parâmetros Curriculares Nacionais. Além disso, foi possível compreender que o enunciador cria uma imagem de enunciatário dependente do conhecimento adequado em língua portuguesa. Outro ponto de destaque é com relação aos temas de literatura encontrados e com relação à não especificação de autores e textos de literatura a serem trabalhados no interior dos materiais.
Palavras-chave: Cadernos do Aluno; Semiótica; Ensino de Literatura.
APOLOGIA PAULINHA NA SEGUNDA EPÍSTOLA AOS CORÍNTIOS
Joelma Batista dos Santos Ribeiro
(PUC-SP)
A Bíblia tem sido usada nos dois últimos milênios como corpus do discurso da religião cristã, pois carrega todo o fundamento da mensagem de Cristo. Devido a sua interpretação ser polissêmica, decorrem dela diversas expressões religiosas. Se, por um lado, essa variação de interpretações em alguns textos doutrinários causou diversidades de crenças, por outro, a totalidade do seu discurso tornou-se base para o pensamento e para o conjunto de leis das sociedades judaico-cristãs. Dessa forma, conhecer a maneira como os precursores do cristianismo pensaram e fundamentaram os seus ensinos. Entender, por exemplo, o pensamento paulino e os mecanismos discursivos persuasivos utilizados em sua argumentação faz parte da busca por novas leituras e interpretações do pensamento social. Além de consistir em uma contribuição aos estudos discursivos. Sob esse viés, temos como principal objetivo analisar a defesa paulina na segunda carta aos Coríntios nos capítulos 11 e 12, com vistas a responder à questão: Como Paulo construiu a sua apologia? A análise que propomos está embasada nos eixos teóricos da Retórica Antiga e da Nova Retórica de Michel Meyer (2007), Chaïm Perelman e Lucie Olbrechts & Tyteca (1996), Tringali (2014) e Ferreira (2010). Para tanto, a nossa comunicação consistirá na análise retórica da apologia paulina na epístola de Segundo aos Coríntios, que articula o ethos, o pathos e o logos para construí-la, atingindo assim a eficácia almejada pelo orador.
Palavras-chave:Paulo. Apologia. Discurso bíblico.
PERSPECTIVAS INTERTEXTUAIS DE “I HAVE A DREAM”,
DE MARTIN LUTHER KING
Jorge Correa dos Santos Filho –
Universidade Presbiteriana Mackenzie
O discurso I Have a Dream, proferido por Martin Luther King, tem sido evocado, nos diversos cantos do mundo, ao longo dos anos, por motivos de natureza vária: políticos, sociais, humanitários e religiosos. Em seu contexto originário, o discurso de Luther King aponta, de maneira enfática, para a luta contra a segregação racial e a supressão de direitos civis dos negros norte-americanos, no quadro complexo vivido nos anos 1960. A forma como foram apresentados o discurso e os intentos da Marcha por Direitos e Trabalho povoou a capital dos EUA com indivíduos insatisfeitos, as próprias vítimas das segregações, e com outros sensíveis a essa atitude marcadamente intolerante. Neste contexto, esta comunicação, ao fixar-se numa proposta de Análise Hermenêutica do Discurso, recupera os contextos histórico, social, político e religioso e apresenta aproximações intertextuais com outras conferências de Luther King e, ainda, com excertos em que se pode reconhecer a presença do texto das Sagradas Escrituras. Por fim, com o olhar voltado para a contemporaneidade, este estudo verifica a atualidade dos aspectos abordados em “I Have a Dream”, discurso que se retextualiza e cuja temática se faz sempre urgente.
Palavras-chave:análise do discurso – intertextualidade – I Have a Dream.
OS GRUPOS POLÍTICOS E O DISCURSO NA MÍDIA DIGITAL
Josane Daniela Freitas Pinto
(USP/UEPA)
O crescente número de grupos envolvidos com política tem sido cada vez maior no Facebook, uma rede social que faz parte do nosso cotidiano e tem refletido a efervescência das discussões políticas na realidade atual do Brasil. Por isso, essa pesquisa apresenta como temática o discurso político no Facebook. Como suporte teórico, utilizamos os estudos de Crystal (2005, 2010); Fairclough, Mulderrig e Wodak (2011), Charaudeau (2011), van Dijk (2010, 2011, 2012). Estabelecemos os seguintes objetivos: identificar as estratégias linguístico-discursivas e recursos semióticos usados nos posts, a fim de observar possível manipulação política e discutir sobre a identidade dos grupos. Como percurso metodológico, optamos pela abordagem qualitativa e o nosso corpus é constituído pelos posts dos grupos políticos no Facebook no período pós impeachment: Contra o golpe fascista, Jovens de direita e Movimento Brasil contra a corrupção. As categorias de análise empregadas são: a da estrutura das ideologias, propostas por van Dijk (2011), a fim de entender como as identidades desses grupos são construídas; as estratégias de manipulação, estabelecidas também por van Dijk (2010), a fim de estudar “autoapresentação positiva” e “outra-apresentação negativa” dos grupos políticos; análise dos recursos semióticos, sugeridos por Kress e van Leeuwen (2006), para entender a composição das imagens e da linguagem verbal nos posts. A relevância deste estudo reside no fato de usar o Facebook, como uma rede social que dissemina de forma dinâmica as informações, notícias e comentários, para analisar e discutir a atual situação política do Brasil de forma reflexiva e crítica.
Palavras-chave:Discurso político; Estudos Críticos do Discurso; Identidade.
LUGARES RETÓRICOS E MEMÓRIA NAS COMPOSIÇÕES DA DUPLA CAIPIRA ZÉ MULATO & CASSIANO
Leonardo Tavares
(PUC-SP)
Esta comunicação está situada na área da Nova Retórica e tematiza o estudo dos lugares retóricos e da memória nas composições da dupla caipira Zé Mulato & Cassiano. A problemática envolvida compreende os aspectos ligados às tensões materializadas nas canções, bem como ao trabalho com a memória, no sentido de encontrar os meios mais adequados ao tratamento de determinado tema, visando à persuasão. A pesquisa realizada fundamenta-se nos teóricos da retórica, especialmente em Perelman-Tyteca (1996) e Reboul (2004) e, no que diz respeito à memória, Yates (2016) e Le Goff (2014), e tem por objetivo geral analisar os lugares comuns e da memória existentes nas composições da dupla, a fim de determinar os efeitos patéticos que produzem no auditório. São objetivos específicos: a) identificar os sub-lugares da essência e do existente, presentes nas letras das canções; b) verificar os artifícios de memorização utilizados para atingir a eficácia do ato retórico. O procedimento metodológico é qualitativo com base teórico-analítica. O corpus selecionado é composto por duas composições produzidas nos anos de 1999 e 2007. Os resultados obtidos, ainda provisórios, fazem parte de uma dissertação de mestrado em andamento. Contudo, a pesquisa permite algumas considerações: a) o uso dos lugares é eficaz, pois eles abrigam valores que asseguram o acordo com o auditório; b) o orador, valendo-se de técnicas mnemônicas, lança mão de variados recursos a fim de discorrer adequadamente sobre temas que escolhe comunicar e para persuadir.
Palavras-chave: Nova Retórica; Memória; Música Caipira.
A CENOGRAFIA DE UM DISCURSO TESTEMUNHAL PUBLICADO NO SITE DA IGREJA MUNDIAL DO PODER DE DEUS
Leonardo Teixeira de Freitas Ribeiro Vilhagra
(PPGEL / UFES)
Levando-se em consideração que, segundo Maingueneau (1997), todo texto é um rastro de um discurso, onde a fala é encenada, esta Comunicação tem como tema o estudo da forma como se configura a cenografia em um testemunho, aqui apreendido como discurso testemunhal de um fiel da Igreja Mundial do Poder de Deus. O objetivo central é examinar o modo como a cenografia se torna uma estratégia de adesão, a fim de renovar os laços dos membros ativos da instituição e de envolvimento de possíveis novos seguidores para a Igreja. Para tal, nossa Comunicação se fundamenta no quadro teórico-metodológico da Análise do Discurso de linha francesa, nas perspectivas enunciativo-discursivas proposta por Maingueneau, priorizando as categorias de interdiscurso e de cenas da enunciação (MAINGUENEAU, 2002, 2008a, 2015). Embora esse tema integre uma pesquisa em andamento, os resultados preliminares apontam que, no discurso testemunhal, a cenografia construída gira em torno da divulgação da instituição por meio do relato do fiel, evidenciando principalmente posicionamentos que reforçam aspectos doutrinários da Igreja Mundial do Poder de Deus.
Palavras-chave: Análise do Discurso; Discurso religiosos; Interdiscurso; Cenas da enunciação; Igreja Mundial do Poder de Deus.
CENOGRAFIA E INTERTEXTUALIDADE NA COMUNICAÇÃO DA EMIRATES
Lirane Rossi Martinez - Mestranda do Programa de Pós-Graduação Mestrado em
Linguística da Universidade Cruzeiro do Sul
Esse estudo se integra à Linha “Texto, Discurso e Ensino: processos de leitura e produção do texto escrito e falado”, do Grupo de Pesquisa “Teorias e Práticas Discursivas e Textuais”, da Universidade Cruzeiro do Sul e pretende demonstrar como as empresas têm se adaptado aos diversos meios de comunicação, recorrendo à diferentes estratégias para criar e fortalecer um vínculo emocional positivo com seus consumidores. O corpus escolhido são ações internacionais de ativação/projeção de marca [branded content] da companhia aérea Emirates em eventos esportivos, tendo como base analítica um evento ocorrido no Estádio da Luz, em Portugal, num jogo do time de futebol Benfica. Nosso objetivo é analisar a cenografia e descrever como a Emirates se utilizou da intertextualidade para esta ação como método inusitado para promover a atração e a captação de clientes. Dessa forma, a empresa consegue por meio de entretenimento, alcançar um público em seu momento de lazer, aliando diversão e conteúdo com a intenção de promover o engajamento entre empresa e consumidor. Propomos, portanto, observar a cenografia apresentada e identificar o referencial intertextual utilizado para conectar o evento ao dia a dia da empresa, baseadas nas concepções de discurso de Charaudeau (2010, 2016), cenografia de Maingueneau (2008, 2013, 2015) e Intertextualidade de Koch (2010, 2012, 2015). Percebemos com as análises como a empresa associa o contexto esportivo aos conteúdos inerentes de sua área de atuação, gerando um relacionamento amigável com seu provável consumidor sem recorrer a meios tradicionais de comunicação mercadológica (propaganda, merchandising etc.).
Palavras-chave: Cenografia. Intertextualidade. Conteúdo de Marca..
A CONSTRUÇÃO DO ETHOS DISCURSIVO
EM DEPOIMENTOS SOBRE A CIDADE DE MANAUS
Lorena Maria Nobre Tomás
(PUC-SP/UEA/FAPEAM)
Este trabalho tem por objetivo investigar como se dá a construção do ethos discursivo em dois discursos publicados na edição comemorativa aos 348 anos da cidade de Manaus. Foram selecionados dois depoimentos: “Sem medo de ser feliz” e “Pela mulher indígena”, publicados no jornal A Crítica do dia 24 de outubro de 2017. Essa edição especial está composta por vinte depoimentos de moradores de Manaus, tanto de pessoas que nasceram na cidade quanto de imigrantes. Esta pesquisa está fundamentada na Análise do Discurso, mais especificamente na perspectiva enunciativo-discursiva, conforme proposta por Maingueneau (1997, 2004, 2008a, 2008b, 2013, 2015). Nossas principais categorias de análise são ethos discursivo e cenografia. Tendo em vista que os depoimentos integram uma enunciação jornalística, também será relevante a noção de aforização proposta por Maingueneau (2014). A análise da amostra possibilitou-nos verificar não apenas o ethos discursivo dos enunciadores, como também algumas imagens de Manaus reforçadas ora pelo enunciador do depoimento ora pelo enunciador institucional, ou seja, o jornal. No primeiro discurso, dá-se ênfase ao ethos de empreendedora arrojada, ao qual está associada à imagem de uma Manaus acolhedora e moderna. No segundo, destaca-se o ethos de líder indígena, neste caso, no entanto, a imagem de Manaus é outra: cidade insegura e com igarapés poluídos.
Palavras-chave: Análise do Discurso; ethos discursivo; cenografia.
AINDA SOBRE A HIPÓTESE DE UMA PRÁTICA INTERSEMIÓTICA: DIÁLOGOS POSSÍVEIS EM DISCIPLINAS DIFERENTES
Losana Hada de Oliveira Prado
(PUC-SP)
Embora Dominique Maingueneau tenha publicado várias obras desde 1984, ano de Genèses du discours, suas reflexões teóricas iniciadas na década de 1970 e presentes nessa obra, revelam menos o analista do discurso e mais o teórico em discussão acerca dos fenômenos enunciativo-discursivos. Pretendemos, neste estudo, na perspectiva da Análise do Discurso e com base na obra em questão, refletir acerca da prática discursiva, considerada por Maingueneau (2008) como uma hipótese para a prática intersemiótica, estendendo o universo discursivo para além das margens dos objetos linguísticos, ou seja, produções de ordem não linguísticas, que integram domínios semióticos variados (enunciados, quadros, obras musicais, etc.). Diante dessa proposição e da aparente complementaridade entre verbal e não-verbal, a suposta independência de objetos de domínios intersemióticos estão em conformidade a um mesmo sistema de restrições semânticas. Partindo desse princípio formulado por Maingueneau, analisamos ilustrações publicadas no jornal Folha de S. Paulo e discutimos como se constitui a análise de produções não linguísticas segundo o mesmo sistema de restrições semânticas próprias de um discurso. Soma-se a essa hipótese, dado o caráter interdisciplinar da AD, o diálogo com a teoria semiótica francesa, que tem em Greimas (2001) a compreensão de texto como objeto de significação.
Palavras-chave:Ilustração, Análise do Discurso, Semiótica
O DISCURSO AMOROSO NA VISÃO MIDIÁTICA
Luana Pereira Da Silva (UEMASUL)
Wemylla de Jesus Almeida (GELMA-UEMASUL/ IP-PUC-SP/CAPES)
Falar de amor é algo difícil, pois é muito subjetivo, um assunto que, por mais que seja usado ao longo de toda existência humana e nas diversas formas de fazer artes, é sempre atual, então, torna-se um grande desafio trazer este tema como pesquisa. Desse modo, tomaremos como corpus textos amorosos tirados da internet (Facebook,Whatsapp), tendo como objetivo analisá-los sob um enfoque discursivo. Sendo assim, a nossa base teórica será a Análise do Discurso, abordando a formação ideológica e a formação discursiva na construção do Discurso Amoroso, especificamente, com Maingueneau (1998), Brandão (2012), além da visão amorosa de Roland Bartnhes (1986). Portanto, percorreremos por algumas vertentes amorosas da antiguidade, seguindo a concepção de amor de alguns filósofos, como Platão, Aristóteles, Sócrates, até chegarmos a era contemporânea para entendermos mais sobre o contexto amoroso da sociedade do século XXI, considerando as ideologias e os discursos que têm formado o sujeito dos tempos atuais. E vale ressaltar que esta pesquisa ainda está em andamento, por isso, não serão apresentados os resultados finais.
Palavras-chave: Análise do Discurso. Discurso Amoroso. Formação Ideológica e Discursiva.
O ETHOS DAS MULHERES RIBEIRINHAS DA AMAZÔNIA: UM ESTUDO DAS FIGURAS DE RETÓRICA NAS MÚSICAS POPULARES AMAPAENSES
Luanny Maria Almeida Vidal
PUC-SP
Este trabalho tem como tema o ethos da mulher ribeirinha da Amazônia em letras musicais. Nesse sentido, sabe-se que os compositores utilizam de diversas técnicas argumentativas com vistas a construir um discurso emocionante, capaz de tocar as emoções dos ouvintes - auditório. Assim, no discurso musical, é comum os ouvintes se depararem com músicas que se valem das figuras de retórica, empregadas como técnicas argumentativas. Este trabalho tem como objetivo a identificação das figuras presentes nas músicas populares amapaenses – MPA’s. Portanto, busca compreender o papel das figuras e de que forma elas reforçam a imagem – ethos – da mulher ribeirinha, como contribuem na intensificação de argumentos – logos – e de que maneira ativam paixões – pathos – no auditório. Como base teórica, elegemos obras da linha teórica da Argumentação e da Retórica, como os trabalhos de Aristóteles (2003), Reboul (2004), Meyer (2007), Perelman e Olbrechts-Tyteca (2014), Fiorin (2014; 2015) e Ferreira (2015). A pesquisa aqui proposta toma como objeto de investigação o texto verbal, mais especificamente a letra da MPA, veiculada em rádios. Selecionamos, como corpus, a música Igarapé das Mulheres de Osmar Júnior, durante a década de 90. A análise, que é de cunho qualitativo, revela que as figuras contribuem significativamente no processo de persuasão, uma vez que tocam o auditório emocionalmente. Esta investigação acadêmica busca contribuir para a compreensão da presença e dos efeitos argumentativos do uso das Figuras Retóricas em músicas.
Palavras-chave: Retórica; Música; Argumentação.
SEMIÓTICA, SEMISSIMBOLISMO, DISCURSO PUBLICITÁRIO
Lucas Silveira Fogaça,
Universidade Presbiteriana Mackenzie
O ROSTO DE DILMA ROUSSEFF NA CAPA DE VEJA: OBSERVAÇÕES PRELIMINARES SOBRE UM INIMIGO
Luís Rodolfo Cabral
PUC SP CAPES/ IFMA Campus Santa Inês
Partindo da hipótese de que o discurso midiático agencia, no discurso político, traços do discurso religioso, este trabalho tem por objetivo investigar a construção do ator político Dilma Rousseff nas capas de Veja, revista semanal com maior circulação nacional (IVC, 2014) Retirado de um acervo composto pelas edições da revista publicadas entre janeiro de 2015 e setembro de 2016, o corpus analisado é composto por 03 (três) revistas cuja matéria principal é ilustrada na capa com imagem do rosto da presidente Dilma Rousseff período correspondente ao segundo mandato de Dilma. Nosso aporte teórico é o da Análise de Discurso de linha francesa, especialmente centrada nos trabalhos de Maingueneau, no que tange à aforização e à prática inter-semiótica. Como resultado, evidenciamos que, a partir da relação interdiscursiva entre política e religião, a revista Veja, ao tratar de Dilma Rousseff, fez circular traços de um inimigo a ser combatido.
Palavras-chave: Discurso político. Rosto. Inimigo.
ANÁLISE DA CONSTRUÇÃO DE SENTIDO E DA FORMA DE ORGANIZAÇÃO LINGUÍSTICA NA REPORTAGEM:
"VAL MARCHIORI, A PERUA DA VEZ PEDE PASSAGEM"
Marcio De Souza e Souza
O trabalho tem como objetivo principal analisar a construção da reportagem publicada pela revista Veja SP, no dia 14 de Maio de 2011, pelo jornalista João Batista Jr. Com base nas obras de Marcuschi (2001), Preti (1999) e Maingueneau (2013), procura-se estudar as marcas da oralidade no discurso jornalístico como forma de representação social, que segundo Marcuschi (2001), não há uma superioridade da escrita em relação à fala, cada modalidade tem um objetivo e um contexto específico. As marcas da fala no texto jornalístico deixa-o mais próximo ao leitor, como uma construção de interação entre o leitor e o texto, quebrando a formalidade da modalidade escrita que muitas vezes distancia o público da obra. A realização da análise baseia-se no estudo das estruturas linguísticas adotadas pelo jornalista em sua reportagem, tornando-a mais próxima da fala.
ENSINO DE LEITURA COMO VIA DE ACESSO AO CONHECIMENTO LINGUÍSTICO E ENCICLOPÉDICO NO MARANHÃO SÉCULO XIX
Maria José Nélo
Universidade Estadual do Maranhão - UEMA
Pressupondo-se que O Livro do Povo, publicado em São Luís – MA, no terceiro quarteto do século XIX, foi um dos primeiros recursos essencialmente brasileiro para ensino de leitura e motivação para aprendizagem de conhecimentos linguístico-enciclopédicos de alunos brasileiros e estrangeiros, torna-se imprescindível investigar as interlocuções discursivas representativas do poder político, religioso e escolar ocorrentes em O Livro do Povo. Este contempla à legitimidade do poder e à finalidade do ensino da leitura. Assim, buscar-se-á identificar a relevância dos discursos de poder para legitimar o ensino escolar de leitura e analisar, nos textos, cujo repertório é variado e significativo na construção de conhecimentos para os leitores. Justifica-se esta pesquisa pela escassez de estudo sobre O Livro do Povo, de Antonio Marques Rodrigues. Identifica-se a inexistência do referido livro no Maranhão. E, porém, há um exemplar, 4a edição, na British Library, Inglaterra. Para esta investigação, o método usado é teórico-analítico em fonte secundária, cópia em PDF da 4a edição. Fundamenta-se na Análise Crítica do Discurso com enfoque na noção de Contexto, objetivando-se modalizar, nas análises, os recursos das relações categorizadas por cognição, discurso e sociedade constituintes de representações do poder, controle e acesso sobre o que podia e devia ser ensinado como prática de leitura educacional, especialmente, para o povo. Os resultados são parciais e indicam que as instituições intercediam sobre o que devia e podia ser ensinado aos alunos; a organização de OLP privilegiava ensino religioso, costumes, trabalho, civilidade, comportamento. Em síntese, o ensino de língua portuguesa e recursos didáticos requerem mais estudos, especialmente, no Maranhão.
Palavras-chave: Leitura. Livro didático. Cultura
A VERBO-VISUALIDADE E O DISCURSO PUBLICITÁRIO DA BONECA BARBIE
Mariana de Alcantara Calil Daher
Universidade Presbiteriana Mackenzie
Na constituição discursiva, a estrutura linguística une-se aos mecanismos de interação, produzindo significados que vão muito além da simples transmissão de informações. O discurso carrega ideologias, relações dialógicas e conhecimento axiológico de seu destinador, construindo a mensagem desejada, que apenas será perceptível a um destinatário que compartilhe das mesmas experiências do destinador. Alguns gêneros do discurso permitem que essa mensagem seja transmitida por diferentes tipos de linguagem juntas, como é o caso do anúncio publicitário. Nele há, muitas vezes, a união da linguagem verbal e a não-verbal, vinculando a produção de sentido da mensagem ao estudo simultâneo dos textos. Para tanto, a verbo-visualidade, conforme aponta Brait (2013), parte da importância de estudar o enunciado como um todo, considerando todos os discursos nele presentes. A fim de entender como se dá essa relação, esta comunicação analisa um anúncio publicitário da boneca Barbie de 1965. Nele, a verbo-visualidade é fundamental para alcançar tanto o efeito de sentido desejado como o persuasivo, característica do gênero. A análise evidencia a importância do estudo concomitante dos discursos, já que os sentidos são complementares. No texto verbal a marca da boneca dá voz à ideologia do produto Barbie, auxiliando na sua construção identitária e incentivando a compra, ilustrando, por meio de uma narrativa, o prazer que mãe e filha têm em brincar juntas com a Barbie. O texto imagético, por sua vez, reafirma o verbal e mostra ao destinatário o quão próximas são mãe e filha e o quão semelhante e presente é a boneca Barbie.
Palavras-chave: Verbo-visualidade; Discurso Publicitário; Barbie.
AS SINGULARIDADES DO PROFESSOR-PESQUISADOR: UMA ANÁLISE DOS MEMORIAIS ACADÊMICOS
Mariana Luz Pessoa de Barros
(UFSCar)
Apresentado em concursos que fazem parte da carreira universitária, o memorial acadêmico é um gênero em que um professor-pesquisador reconstrói seu percurso intelectual e profissional. Sua finalidade é convencer a banca examinadora e a comunidade científica em geral de que o candidato inscrito em determinado concurso é competente e corresponde, portanto, àquilo que se espera de um professor-pesquisador no meio acadêmico brasileiro. Nesse sentido, a análise das estratégias linguísticas e discursivas empregadas nos memoriais permite depreender o éthos do candidato, enunciador do texto. A partir das propostas de Discini (2003, 2015) e Fiorin (2008), desenvolvidas para o tratamento da imagem e do corpo do enunciador no âmbito da semiótica de base greimasiana, verificamos diferenças e semelhanças entre os exemplares produzidos no Curso de Letras, na Faculdade de Educação, no Instituto de Biociências e na Faculdade de Medicina da USP. Ao procurar atender às expectativas atribuídas à banca a respeito do que é ser um professor-pesquisador, todos os memoriais examinados parecem buscar equilibrar aspectos sensíveis e inteligíveis na construção dessa imagem, mostrando que estamos diante de um sujeito singular e que se envolve também de forma afetiva com seu trabalho. Quanto às diferenças, constatamos que os memoriais da área de Humanas projetam a imagem de um acadêmico, sobretudo, crítico, criativo e desviante, enquanto nos textos da área de Biológicas prevalece o professor-pesquisador inovador, competitivo e colaborativo.
Palavras-chave: memorial acadêmico; éthos; semiótica discursiva.
O DISCURSO E AS RELAÇÕES DE PODER EM PEPETELA
Micheline Tacia de Brito Padovani
Doutoranda do Programa de Estudos Pós-Graduados em Língua Portuguesa
(PUC-SP)
Este trabalho é o recorte de uma pesquisa de mestrado (2017), apresentado no Programa de Pós – Graduação em Língua Portuguesa – PUC/SP. A pesquisa analisa a representação de poder presentes na obra literária de Pepetela, “O planalto e a estepe”. Compreendemos com a pesquisa que as relações de poder em Angola se dão do ponto de vista histórico social, cultural, político, econômico e educacional. A discussão é instaurada com base nos fundamentos teóricos de Maingueneau (1997, 1998, 2002 e 2004), Charaudeau (2004) e (2006), Chaves (1999, 2000, 2005, 2009), Hernandez (2005), Ki-Zerbo (2009, 2010), Memmi (1966:1977), Ribeiro (2009), Bastos e Brito (2012), Brito (2015), Cunha (2012), Hall (1996, 1997, 2003). O estudo revelou que a literatura de Pepetela transita entre a Ficção e a História de Angola. Assim, a literatura fala de elementos do mundo através da linguagem ficcional, sendo o real descrito por meio da imaginação e do discurso dos personagens.
Palavras-chave: Pepetela, linguagem, relações de poder.
DÊITICOS DISCURSIVOS: MARCADORES CULTURAIS EM PEPETELA
Micheline Tacia de Brito Padovani
Doutoranda do Programa de Estudos Pós-Graduados em Língua Portuguesa
(PUC-SP)
Este trabalho é o recorte de uma pesquisa de mestrado (2017), apresentado no Programa de Pós – Graduação em Língua Portuguesa – PUC/SP. A pesquisa analisa a representação de diversos elementos culturais em obra literária de Pepetela, “O planalto e a estepe”. Compreendemos que a diversidade cultural em Angola deve ser contemplada, pois apontam as diversas identidades culturais da nação angolana. A obra pepetelana apresenta três períodos importantes do contexto angolano que contribuíram para a construção da identidade, entre eles: o período de colonização, marcado pela exploração colonial. Fundamentamo-nos em: Althusser (1998), Maingueneau (1997, 1998, 2002 e 2004), Charaudeau (2004) e (2006), Chaves (1999, 2000, 2005, 2009), Hernandez (2005), Ki-Zerbo (2009, 2010), Memmi (1966:1977), Ribeiro (2009) e Visentini (2014), Bastos e Brito (2012), Brito (2015), Cunha (2012), Hall (1996, 1997, 2003), Lopes (2004). O estudo revelou que a literatura de Pepetela constrói um discurso que mostra que é impossível separar a crise identitária e cultural do sujeito angolano daquela que se passa na nação, pois ambas se realizam ao mesmo tempo.
Palavras-chave: multiculturalismo, identidade, Pepetela.
AVALIAÇÃO E RETÓRICA: UMA ANÁLISE DA PROPOSTA DE REDAÇÃO DO ENEM
Nathalia Martins Melati
(PUC/SP)
A pesquisa realizou uma análise da proposta de redação do Enem para compreender de que maneira o ensino dos componentes básicos da Retórica pode colaborar com o trabalho do professor de Língua Portuguesa no desenvolvimento das competências avaliadas por essa prova. A análise foi realizada a partir da leitura retórica das provas de redação do Enem de 2009 até 2016 com o objetivo de traçar o perfil do orador, do auditório e do gênero retórico exigidos pela avaliação. A partir dessa conceituação, foi proposto um exercício retórico de produção de texto, com ênfase na invenção e disposição retóricas, a partir da prova Enem 2016. Esta pesquisa conclui que o ensino de componentes básicos da Retórica pode colaborar de forma produtiva para o desenvolvimento das competências exigidas pela prova. Dessa forma, a competência I é contemplada durante a elocução, uma vez que um discurso que respeite às regras gramaticais possui mais força argumentativa. A competência II é desenvolvida uma vez que a Retórica incentiva a busca de argumentos disponíveis ao orador. A competência III está relacionada à invenção e, portanto, o exercício retórico possibilita o seu desenvolvimento. A competência IV é desenvolvida a partir do exercício de disposição, já que a criação do esboço do texto é fundamental para a compreensão da importância da relação entre os argumentos. Por último, a competência V não é plenamente desenvolvida, porém beneficiada, já que o exercício de produção do discurso deliberativo pressupõe uma reflexão acerca da sociedade.
Palavras-chave: Retórica, Enem, Ensino.
MANIFESTAÇÕES SOCIAIS: O DISCURSO DA VIOLÊNCIA NO DISCURSO JORNALÍSTICO
Nilson de Oliveira RODRIGUES – PUC/SP
Com base no princípio da semântica global formulado por Dominique Maingueneau, no campo da Análise do Discurso (AD), esta Comunicação objetiva tratar da semântica global em práticas discursivas jornalísticas. Tomamos como objeto de análise o discurso veiculado no editorial do jornal Folha de S.Paulo “Fascista à solta”, de 02.09.2016, com o objetivo de examinar de que forma as dimensões da semântica global operam no funcionamento do discurso da violência nessa mídia impressa e desvelam efeitos de sentido. Ancorados no pressuposto de que em cada funcionamento discursivo há um sistema de restrições globais que rege todo discurso, nos detemos no discurso da violência inserto no discurso jornalístico, com vistas a analisar nesses discursos o funcionamento das redes de restrições, a partir do princípio da interdiscursividade e das dimensões da semântica global. Os planos discursivos propostos por Maingueneau (2004, 2006, 2008) nos permitem, ainda, apreender no discurso jornalístico os posicionamentos da empresa acerca das grandes manifestações na cidade de São Paulo. Com base nos resultados alcançados, consideramos que a semântica global permite a apreensão dos atos de violência (Michaud, 1989) em suas múltiplas dimensões, além de edificar a noção de que muito pode contribuir para estudos que disseminem a compreensão das práticas de leitura com base no paradigma discursivo da AD.
Palavras-chave: Análise do Discurso; Discurso Jornalístico; Semântica Global; Violência.
PROPAGANDA POLÍTICA NO BRASIL: ELEIÇÕES E O ETHOS FEMININO
Patrícia Mafra
(PUC-SP)
O objetivo deste trabalho é fazer uma reflexão acerca da propaganda Justiça Eleitoral – ramo especializado do Poder Judiciário, que aborda a participação da mulher na política com a pretensão de veicular a ideologia da participação da mulher na política. Essa propaganda foi veiculada, nacionalmente, nos meios de comunicação de massa, televisão e internet, a partir do segundo trimestre do ano de 2016 – ano de eleições municipais no Brasil. Temos como objetivo geral analisar o ethos discursivo feminino, considerando as particularidades da propaganda política da Justiça Eleitoral. Como objetivos específicos, temos a análise da constituição do ethos feminino no campo discursivo político em um processo eleitoral e como o uso da ideologia do feminino busca garantir a construção de efeitos de sentido para a adesão do coenunciador. Para tanto, usaremos como base teórica a Análise do Discurso de linha francesa nos pressupostos teóricos de Pêcheux (1990) e Maingueneau (2004). Pudemos, assim, caracterizar na perspectiva de Pêcheux (1990), a ideologia como expressão, a organização e a regulação das relações histórico-materiais dos homens. Além disso, o enunciador busca a adesão por meio do ethos de identificação, a fim de persuadir um maior número de indivíduos, naturalmente heterogêneo, e vagos do ponto de vista dos imaginários.
GÊNERO, MEMÓRIA E DISCURSO NA CONSTITUIÇÃO DOS SUJEITOS EM EURICO, O PRESBÍTERO
Priscilla Cláudia Pavan de Freitas -doutoranda –
Universidade Presbiteriana Mackenzie
A língua portuguesa que hoje conhecemos é marcada por uma miscigenação de povos e culturas, observada tanto na fala quanto no modo de comportar-se dos usuários. Dentre esses povos destacam-se os árabes, que por questões geográficas, sociais e políticas, intercambiaram informações linguísticas e culturais por um longo período com os visigodos cristãos, antecessores dos portugueses. Partindo dessa premissa, o trabalho buscou evidenciar a presença significativa de vocábulos de origem árabe, “aclimatados” ao português na obra de Alexandre Herculano. O objetivo foi identificar o modo como é construída a imagem dos sujeitos que se manifestam em Eurico, o presbítero, analisando a questão do hibridismo dos gêneros e os recursos linguístico-discursivos utilizados, dentre eles, palavras e expressões de origem árabe, tendo por base teórica principal os estudos dos elementos da linguística voltados para o texto literário, principalmente os de Maingueneau (2008) que trouxe à luz os espaços interdiscursivos, as cenas da enunciação, o discurso literário e a noção de ethos na forma de construção do sujeito inscrito no discurso. Foram expostas, primeiramente, as relações dialógicas entre a obra e seu contexto social, enfatizando-se os aspectos da memória discursiva, do discurso literário e do ethos discursivo. Em seguida, foram analisados os gêneros textuais que se intercalam na obra. Posteriormente, evidenciou-se a relação de algumas palavras de origem árabe com aspectos históricos e discursivos revelados, dessa forma legitimando o discurso histórico por meio das escolhas lexicais, para, por fim, evidenciar a constituição dos sujeitos por seus discursos que são marcados literária e historicamente.
Palavras-chave: Discurso literário, memória, ethos discursivo.
ESTEREÓTIPOS BÁSICOS E OPOSTOS: REFLEXÕES E APONTAMENTOS
Rafael Prearo Lima
Doutorando pela Universidade Estadual Paulista (Unesp),
Instituto de Biociências Letras e Ciências Exatas (Ibilce),
Câmpus São José do Rio Preto
Docente do IFSP/Bragança Paulista
Apesar de não fazer parte do quadro teórico-metodológico da Análise do Discurso francesa, a noção de estereótipos tem sido bastante explorada. Evidência disso são trabalhos que teorizam a respeito do conceito buscando possíveis articulações com teorias da área. Seguindo nessa esteira, na tentativa de encontrarmos pontos de contato entre estereótipos e conceitos da AD, levantamos a hipótese de uma possível articulação entre a noção de interincompreensão (MAINGUENEAU, 2008) e a questão dos estereótipos básicos e opostos (POSSENTI, 2013). Para isso, desenvolvemos neste trabalho análises cujo corpus é constituído por algumas piadas sobre evangélicos a fim de responder às hipóteses de que: (1) estereótipos básicos podem ser identificados a partir dos semas positivos de uma formação discursiva; (2) estereótipos opostos podem ser identificados a partir dos semas negativos dessa mesma formação discursiva. Desse modo, os semas positivos, reivindicados pelos evangélicos, e os semas negativos, por eles rejeitados, indicariam quais os estereótipos básicos e opostos desse grupo religioso. Primeiramente, apresentaremos uma breve análise para demonstrar o funcionamento de estereótipos básicos e opostos e, em seguida, articularemos essa noção com a de interincompreensão. Os resultados indicam que é possível atribuirmos outra funcionalidade quanto ao uso de semas, a saber, de que eles servem não apenas como dispositivo para determinar a posição discursiva sobre a qual cada discurso repousa e possibilitar a interpretação dos enunciados do Outro segundo seu próprio sistema, mas também para que, a partir deles, seja possível a identificação de estereótipos.
Palavras-chave: estereótipos; interincompreensão; discurso humorístico
INTERAÇÃO NO JORNALISMO DIGITAL: O GÊNERO COMENTÁRIO ON-LINE NO JORNAL FOLHA DE S.PAULO
Renata Nobre Tomás
(PUC-SP/UEA/FAPEAM)
Com o advento da internet, o jornalismo passou por grandes mudanças. Além da criação das versões digitais para jornais que nasceram no impresso, houve a inserção de recursos que só são possíveis no ambiente digital, como a plataforma para comentários on-line. No Brasil, os jornais de maior circulação, Folha de S.Paulo, O Globo e O Estado de S.Paulo, por exemplo, aderiram a essa ferramenta. Neste trabalho, interessa-nos saber como o gênero comentário on-line se constitui e como se dá a interação nesse gênero. Com o propósito de delimitar nosso corpus, selecionamos o jornal Folha de S.Paulo, por ser o de maior circulação no país. Acompanhamos diariamente, por um período de seis meses, de 1° de janeiro a 30 de junho de 2017, as matérias publicadas no jornal digital e seus respectivos comentários. Para fundamentar a análise, pautamo-nos na concepção de gênero discursivo de Bakhtin (2003), Rojo e Barbosa (2015), na legislação vigente no país (Marco Civil da Internet), nos “Termos e condições de uso”, estabelecidos pela própria Folha para utilização da plataforma dos comentários, e no Manual da Redação da Folha (2018). A análise evidenciou que os comentários são recorrentes nas matérias, que possibilitam a interatividade tanto entre os leitores quanto entre estes e o jornal, que passa a ser alvo de elogios, questionamentos e, principalmente, críticas, e que nem sempre as convenções previstas, seja na legislação seja nas normas da própria Folha, são acatadas pelos leitores.
Palavras-chave: gênero discursivo; comentário on-line; Folha de S.Paulo
ROSTO E MÁSCARAS NO DISCURSO: O SUJEITO POLÍTICO EM CENA
Rudney Soares de Souza – PUC-SP
Este trabalho fundamenta-se em estudos da Análise do Discurso e objetiva examinar discursos proferidos no HGPE (Horário Gratuito de Propaganda Eleitoral), na ocasião das eleições brasileiras de 2014, e identificar estratégias discursivas que visam a dissociar o sujeito portador do rosto, da voz e do corpo, daquele sujeito que se diz no discurso e que busca a adesão do co-enunciador num processo enunciativo que ocorre na imbricação do que é dito com o que se projeta ao dizer. Para atingir nossos objetivos, selecionamos dispositivos de análise, ethos discursivo e carisma, que nos permitiram observar a negociação de efeitos de sentido realizada entre coenunciadores. O referencial teórico concentra-se em Maingueneau (2008) e Charaudeau (2008; 2012). Os resultados mostraram que, no HGPE, discursos políticos midiatizados envolvem os coenunciadores em circunstâncias que visam à validação não só da cena, por meio de cenografias variadas, cujos scripts são reconhecíveis, mas também do rosto e de ethé discursivos que sacralizam o sujeito político como carismático, portanto, mais honesto, mais crível, mais comprometido, mais realizador, mais humano.
Palavras-chave: Análise do Discurso; ethos discursivo; carisma.
O CÓDIGO DE VESTIR (DRESS CODE) COMO FORMA DE IDENTIFICAÇÃO
Sandra Regina Ferreira Tarzia
(UNICSUL-SP)
A roupa tem uma finalidade importante de proteger e cobrir o nosso corpo. No decorrer dos séculos fez história, teve influência nos âmbitos econômico, social e político, colaborou para as conquistas sociais e deixou marcas, ao registrar comportamentos e emoções. O vestuário colaborou para a capacidade de criar uma linguagem visual, envolvendo cores, formatos e textura. A vestimenta oferece conforto ao homem, mas também possibilita que ele se diferencie ao consolidar uma identidade, dentro de um determinado grupo de pessoas. Nosso estudo tem como objetivo analisar o Manual do Profissional de Secretariado, de Bond e Oliveira (2013), especificamente, o capítulo sobre dress code para que possamos perceber as questões ideológicas que perpassam o discurso sobre a identidade da secretária. Assim adotaremos uma perspectiva da Análise do Discurso, principalmente, com base em Coracini (2003), Hall (1998, 2000).
Palavras-chave: dress code, discurso, identidade, ideologia.
UMA LEITURA INTERTEXTUAL EM CRÔNICAS DO COTIDIANO BRASILEIRO
Siomara Ferrite Pereira Pacheco-FMU/SP
Esta comunicação situa-se na área de Análise Crítica do Discurso com vertente sociocognitiva e tem por tema a representação do papel de mãe em crônicas do cotidiano, produzidas por Chico Buarque de Hollanda. Tem-se por pressuposto que, segundo PACHECO (2014), as canções produzidas por Chico Buarque são crônicas na medida em que tratam de fatos do cotidiano com uma avaliação do cronista sobre o que van Dijk (1997) considera Marco de Cognição Social, constituindo-se, então, uma avaliação sobre esse cotidiano. Nesse sentido, o objetivo geral é contribuir com estudos linguísticos que têm por tema a mulher representada em suas várias perspectivas. Como objetivo específico, tem-se por intuito analisar na materialidade do texto o que Pacheco (2014) considera linguagem poética, ressaltando-se que se trata de uma estratégia de ocultamento do sujeito enunciador a fim de denunciar a(s) condição(ões) dessa mulher na sociedade brasileira. Justifica-se esta investigação em pressupostos teóricos de Silveira (2009) que postulam serem as crônicas textos narrativos do cotidiano que expressam, em língua, valores culturais e/ou ideológicos, presentes na formação discursiva do locutor, orientando a leitura do texto. Desse modo, torna-se relevante tratar do contexto de linguagem postulado por v. Dijk (2011,2012), uma vez que é por meio dele que o leitor ativa outros conhecimentos para a produção de sentido(s) do que se infere na leitura. Para tanto, foram selecionadas duas crônicas produzidas por Chico Buarque. Os resultados obtidos são parciais e constituem uma pesquisa mais ampla, realizada para doutoramento na área de Língua Portuguesa.
Palavras chaves: Crônica – Mulher – Análise do Discurso
LÍNGUA E CULTURA – UM EXAME NAS FORMAS DE REPRESENTAÇÃO DO CABOCLO AMAZONENSE EM TEXTOS MÚSICAIS REGIONAIS
Sônia Maria Oliveira e Silva –
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
CAPES
Fundamenta-se este trabalho nas vertentes Sociocognitiva e Semiótica Social da ACD e tem por tema um exame de representações discursivas de aspectos culturais do caboclo amazonense por compositores regionais. O problema consiste em examinar as formas de representação do amazonense a partir dos valores culturais e ideológicos. O procedimento metodológico é teórico-analítico e o material de análise foi selecionado em letras de músicas regionais. As análises partem de um texto base e seus intertextos e os resultados são parciais, pertencem a uma pesquisa mais ampla relativa à forma de representação do caboclo amazonense. A fundamentação teórica é composta por resultados apresentados pela ACD (Van Dijk). Os resultados obtidos indicam que: 1. O amazonense é o caboclo de origem indígena, com valores positivos de valentia, consciência, justiça e decisão própria; 2. O caboclo é representado como a voz de um povo que constitui um grupo social, instigado a ir à luta e a ter confiança em si para vencer o domínio do branco. Em síntese, serão discutidos os valores atribuídos pelo branco ao caboclo em contraposição com o valor atribuído a ele pelas raízes indígenas. Valores implícitos na seleção lexical e na seleção gramatical do texto.
Palavras-chave: Análise Crítica; Representação; Caboclo.
CIÊNCIA COM FRONTEIRAS: OS COURS MAGISTRAUX
Vilton Soares de Souza
Instituto Federal do Maranhão – IFMA
LAEL/PUC-SP
A internacionalização da educação, como estratégia importante de inserção dos países no mundo globalizado, e as novas demandas provenientes da mobilidade estudantil, a exemplo daquelas trazidas pelo Programa Ciência sem Fronteiras ao ensino de línguas desafiam os professores a suplantar a distância entre o ensino de línguas para objetivo universitário e o agir no mundo real; isto é, construir conhecimento. No contexto universitário francófono, os cours magistraux foram apontados como principal óbice dos alunos brasileiros em mobilidade. O objetivo é conhecer a organização de um cours magistral com vistas a colaborar com o objetivo dos programas de mobilidade, que é a construção de conhecimento. O corpus é composto por entrevistas de quarenta e nove alunos e dois Cours Magistraux disponibilizados no site do Collège de France. Presente no discurso de quase todos os entrevistados, esse gênero identificado por vezes de “método de ensino”, de “tipo de aula”, ou até mesmo como sinônimo das universidades, é objeto da nossa análise na tentativa de minimizar os óbices de futuros intercambistas. Em termos teórico-metodológicos, o estudo tem respaldo em Bakhtin e o Círculo, de quem compreendemos que todo conteúdo vem numa forma, logo ambos são indissociáveis, e que nos comunicamos através destes enunciados relativamente estáveis, os gêneros do discurso. Os resultados desvendaram as dificuldades dos estudantes brasileiros com o Cours Magistral, este gênero multimodal, oralográfico, composto de lembretes, anúncios, temas disciplinares, discursos pedagógicos, repetições, reformulações, metáforas, dentre outros.
Palavras-chave: Mobilidade Acadêmica Internacional. Gêneros do Discurso. Cours Magistral.
CONSTRUÇÃO DISCURSIVA DO BRASIL E DOS BRASILEIROS NO DISCURSO DE IMIGRANTES JOVENS CHINESAS EM SÃO PAULO
ZHANG Xiang
Nos dias de hoje, em medida que o processo de globalização e superdiversidade se desenvolve, o movimento e as características da imigração no mundo mudam drasticamente. Ao mesmo tempo, o crescimento das relações entre a China e o Brasil no campo econômico tem promovido um aumento significativo nas interações sino-brasileiras, pois, cada vez mais chineses jovens imigram para o Brasil vivendo num ambiente multicultural. O presente trabalho constitui uma investigação sobre relações entre linguagem, sociedade e identidade no contexto de imigração, a partir de análises da construção das imagens do Brasil e dos brasileiros no discurso de imigrantes jovens chinesas em São Paulo. Desenvolvemos a pesquisa na perspectiva da Sociolinguística Interacional (Gumperz, 2009, 1982a, 1982b; Goffman, 1959, 1967, 1974, 1980; Pereira, 2002; Schiffrin, 1994, 1996; Tannen, 1982; Ribeiro e Garcez, 2002; Teixeira e Silva, 2012, 2010, 2009, 2008) e adotamos a Microanálise Etnográfica (Erickson, 1996) como metodologia, que propõe uma abordagem qualitativa para analisar o discurso de três jovens chinesas, obtido de uma entrevista de grupo focal, em três categorias: motivação para ir ao Brasil, construção de imagens sobre o Brasil e os brasileiros e auto-categorização identitárias. Os resultados mostram que, as imigrantes jovens chinesas sempre procuram uma construção conjunta negativa do Brasil e brasileiros, e elas se auto-categorizam como imigrantes chinesas no Brasil. A sua construção de identidade é fluída e está sempre mudando nas interações interculturais.
2. GRUPO DE DISCUSSÃO: ENSINO DE LÍNGUA MATERNA E TICs
LIVRO INFANTIL ILUSTRADO: A PRODUÇÃO NONSENSE DE EDWARD LEAR (1812-1888) E EDWARD GOREY 1925-2000) EM DIÁLOGO.
Fernanda Marques Granato
(PUC-SP)
A pesquisa objetivou explorar as relações entre palavras e imagens na configuração do livro infantil ilustrado de Edward Lear e de Edward Gorey, tendo por base duas obras previamente selecionadas: A book of nonsense (1846)/ Viagem numa peneira (2011), de Edward Lear, e A bicicleta epiplética (1969), de Edward Gorey. As obras são analisadas à luz dos conceitos de imagem de Wolff (2005), de texto e imagem de Necyk (2007), de ilustração no livro de Porto (2012), de livro ilustrado de Linden (2011), de relação palavra imagem de Nikolajeva e Scott (2011), de literatura infantil de Hunt (2010) e de Palo e Oliveira (1992), de origem da escrita de Gomes (2007), de literatura nonsense de Sewell (1952), de ilustração como tradução intersemiótica de Pereira (2008). Como objetivos específicos, caracterizamos a escrita, a imagem, a literatura infanto-juvenil, o livro infantil ilustrado e suas formas de manifestação relacionadas aos autores, às obras e às suas temporalidades; analisamos a construção de cada uma das obras em relação ao livro infantil ilustrado em termos da relação texto e imagem; analisamos as obras, em perspectiva comparativista, ressaltando possíveis aproximações e diferenças, tanto temáticas quanto estruturais; explicitamos a importância de Edward Lear e de Edward Gorey, nos contextos aos quais pertencem; posicionamos Gorey como herdeiro da produção de Lear e como autor contemporâneo que produz livros infantis ilustrados nonsense.As obras são analisadas a partir da relação palavra-imagem que se desenvolve no livro ilustrado para pensar a obra de Lear e de Gorey.
Palavras-chave: livro infantil ilustrado; Edward Lear; Edward Gorey.
OBJETOS DIGITAIS DE APRENDIZAGEM E ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA: GAMES, PROFESSORES E ALUNOS
Gilvan Mateus Soares (UFMG)
A discussão sobre os letramentos digitais é uma das questões que precisam estar presentes no currículo da escola contemporânea. Se as tecnologias têm permeado as relações sociais, é importante que, na sala de aula, sejam desenvolvidas práticas que envolvam a leitura e a produção de textos em sua relação com as ferramentastecnológicas. Assim, poderão ser promovidos os letramentos digitais, que, conforme Dudeney, Kockly e Pegrum (2016), englobam os mais diferentes, como o crítico em informação e o multimídia. Com base nisso, objetivamos, neste trabalho, refletir sobre a importância do letramento em jogos digitais no processo de ensino e de aprendizagem da língua portuguesa, focalizando jogos disponibilizados por coleções didáticas do PNLD 2014. Esses recursos foram avaliados por alunos de uma escola da rede pública de Minas Gerais e por professores de diferentes instituições. A análise inicial dos dados nos permite inferir que: 1) alguns dos jogos, embora possam se valer de elementos digitais (como a simulação de um cenário do mundo físico ou a inserção de um avatar), foram considerados recursos que estão apenas em um suporte digital, assemelhando-sea avaliações ou a exercícios impressos; 2) há, por outro lado, jogos que podem contribuir tanto para a abordagem de conteúdos quanto para a formação cultural dos alunos. Diante desses resultados parciais, observamos que os jogos digitais, se bem produzidos, utilizados e orientados, podem se constituir em estratégia diferenciada para a promoção de letramentos digitais, contribuindo, desse modo, para a ampliação das competências comunicativas dos educandos.
Palavras-chave: Letramentos digitais. Coleções didáticas. Jogos digitais.
DA FAMÍLIA PARA A ESCOLA: CRENÇAS E PRECONCEITOS SOBRE A LÍNGUA PORTUGUESA EM SALA DE AULA
Gilvan Mateus Soares (UFMG)
A ecologia do português brasileiro nos aponta para a compreensão de que a variação linguística se processa em três contínuos: monitoração estilística, rural-urbano e oralidade-letramento (BORTONI-RICARDO, 2005). Por trás dessa variação, há avaliaçõessobre a produção linguísticae, consequentemente, sobre o falante. Em decorrência da importância de se compreender os fatores intervenientes nesse conjunto de percepções, um dos campos que contribuíram para o surgimento e fortalecimento das pesquisas sociolinguísticas foi o estudo das crenças e atitudes. Diante disso, pretendemos analisar resultados de pesquisa realizada com alunos e seus responsáveis, no contexto de uma escola em Minas Gerais, quando apreendemos imagens sobre a língua portuguesa e desenvolvemos uma proposta didática de intervenção, pautando-nos pelas orientações da Sociolinguística Educacional. A motivação dessa pesquisa partiu de nossa observação, em sala de aula, de que aluno de origem rural pouco se expressava, mesmo que fosse constantemente incentivado. Assim, aplicamos questionários aos participantes da pesquisa, contemplando tópicosacercade imagens sobre a língua. Os dados levantados nos permitiram concluir: a) havia preconceitos e imagens negativas sobre a variedade falada por alunos e responsáveis; b) operavauma correlação direta entre a percepção dos pais e a dos filhos, prevalecendo uma imagem negativa no grupo de origem rural; c) em consequência, talvez estivesse aí um dos fatores que influenciavam no silenciamento do aluno rural em sala de aula. A partir da constatação dessaspercepções negativas, delineamos uma sequência de atividades. Observamos o aparecimento de imagens positivas sobre a língua portuguesa e sobre a própria identidade dos falantes.
Palavras-chave: Variação linguística. Crenças e preconceitos. Escola.
FORMAÇÃO DE FORMADORES DE LÍNGUA PORTUGUESA SENTIDOS E SIGNIFICADOS SOBRE ATUAÇÃO DOCENTE
Grassinete Carioca de Albuquerque Oliveira Universidade Federal do Acre (UFAC)
Ao considerar que toda palavra é ideológica, uma arena de lutas (VOLOCHÍNOV, 2017), esse trabalho objetiva, com base na atuação do formador, apreender quais os sentidos e significados atribuídos por este profissional ao propor momentos de ensino-aprendizagem para os professores que atuam na sala de aula. Como referencial teórico-metodológico, situamo-nos em Vygotsky (1991; 2005; 2009) que aponta que entre o sentido e a palavra há mais relações de independência do que entre o significado e a palavra, isto porque o sentido como palavra móvel é mais abrangente, mais rico, mais amplo do que o significado. Em Nóvoa (2009), Sacristán (1999) e Moraes (2008), que consideram o ensino como prática social onde os atores (formadores, professores, alunos) devem refletir sobre os contextos sociais que estão inseridos. Metodologicamente, na Pesquisa Crítica de Colaboração (MAGALHÃES, 2004/2009; 2011), cujos envolvidos devem participar, de modo crítico, colaborativo e reflexivo, das atividades produzidas e desenvolvidas, a fim de intervir e transformar a realidade existente. Tendo em vista que o estudo encontra-se em andamento, os resultados prévios apontam que os sentidos e significados sobre a atuação docente percebida pelos formadores durante as formações são repletas de tensões e conflitos que incidem desde a formação do educador, de muitos professores serem provisórios, do sistema educativo deficitário até a “vontade” simbólica de ser professor.
Palavras-chave: Sentidos e Significados. Formação de Formadores. Atuação Docente.
ESTUDO E SISTEMATIZAÇÃO DOS TEMAS TRANSVERSAIS DOS PCNS E DOS TEMAS INTEGRADORES DA BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR: UM ENFOQUE DIALÓGICO
Kelli da Rosa Ribeiro(Universidade Federal do Rio Grande – FURG)
Silvana Schwab do Nascimento
(Universidade Federal do Rio Grande – FURG)
O presente trabalho intitulado “Estudo e sistematização dos temas transversais dos PCN’S e dos temas integradores da Base Nacional Comum Curricular: um enfoque dialógico” tem como objetivo maior sistematizar os conceitos que envolvem os temas transversais propostos pelos PCN’s e os temas integradores da Base Nacional Comum Curricular, criando, num viés dialógico da linguagem, condições teóricas e metodológicas para a reflexão e aprofundamento de questões sociais em aulas de língua materna. Para isso, são utilizadas, prioritariamente, como referencial teórico, as obras do Círculo de Bakhtin, enfatizando os conceitos que contribuem para a construção de uma reflexão dialógica acerca dos temas transversais e dos temas integradores. Uma das etapas deste projeto consiste em problematizar as definições ensejadas pelos temas transversais, verticalizando o debate a partir dos conceitos desenvolvidos pelo Círculo de Bakhtin, para assim, tentar buscar contribuições práticas para o ensino de língua portuguesa. Além disso, por meio de uma intersecção teórica e metodológica entre os temas transversais e os temas integradores, mostra-se o quanto as propostas empreendidas nos PCNs e na Base Nacional Comum Curricular podem contribuir efetivamente para o ensino de língua materna a partir de uma perspectiva de ensino interdisciplinar e transdisciplinar.
Palavras-chave: temas transversais e integradores, Parâmetros Curriculares Nacionais, Base Nacional Comum Curricular.
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL E EDUCAÇÃO: UM DIÁLOGO EM CURSO
Lawrence Chung KOO
(PUC-SP)
A grande mudança da sociedade foi desencadeada silenciosamente nos últimos 10 anos ao arrepio das leis jurídicas, das culturas regionais, dos sistemas educacionais, das relações tradicionais entre capital e trabalho, incluindo aqui sistemas computacionais. Essa mudança é capitaneada pela tecnologia gestada e nutrida nos últimos trinta e poucos anos conhecida como Inteligência Artificial (IA). O conceito de IA é bastante amplo e abrange desde robótica, tradutores de textos, sistemas de diagnósticos médicos até clones de seres humanos. Este trabalho tem como objetivo fazer uma breve classificação, não exaustiva, das áreas de estudo da AI, enfocar o seu relacionamento com a área da Educação e a aprendizagem, a “reeducação”, a renovação dos conhecimentos e, finalmente descrever a mudança das instituições e os cenários do ensino médio e superior e da sociedade como um todo devido ao advento da Inteligência Artificial
Palavras-chave:Inteligência Artificial; Robótica, Softbots, Sistemas Cognitivos, Educação, Aprendizagem
A EDUCAÇÃO LINGUÍSTICA NO ENSINO SUPERIOR PARA OS CURSOS DE GRADUAÇÃO NA ÁREA DE NEGÓCIOS: EM BUSCA DO SENTIDO
Luciana Paula Bento LucianiFundação Escola de Comércio Álvares Penteado – FECAP
O campo de trabalho do professor da área de Letras não se restringe, no ensino superior, aos cursos de Licenciatura. O domínio e o uso correto da norma-padrão da língua materna são requeridos em outros cursos que, portanto, são também campo de trabalho para esse profissional. Diante dessa outra oferta que, por consequência, descortina mais possibilidades para a atuação do professor de Letras, a comunicação versará em torno da educação linguística para os cursos de graduação na área de negócios e buscará discutir em que medida a criatividade do professor na organização do conteúdo programático e seleção de estratégias didáticas incide no processo de ensino-aprendizagem.
Palavras-chave: Professor de Letras, ensino superior, educação linguística.
AS DIFERENTES LINGUAGENS EM DISCIPLINA SEMIPRESENCIAL
DO CURSO DE LETRASMaria Aparecida Caltabiano
(PUC-SP)
A área educacional tem procurado acompanhar as grandes transformações no mundo decorrentes especialmente pelo desenvolvimento das tecnologias. Cursos a distância de vários tipos são frequentes nos dias de hoje em todas as áreas. No caso da graduação do curso de Letras na nossa instituição, disciplinas semipresenciais foram introduzidas há mais de uma década e têm sido revisitadas e revisadas regularmente com o objetivo de atender ao perfil de novos alunos que chegam a cada ano. Conhecidos como “nativos digitais” (Prensky, 2007), pertencendo à “geração Y e/ou Z”, os millennials e agora centennials cresceram com a tecnologia e convivem com ela integrada a suas vidas. Se o ingressante no curso de graduação pertence a essa geração, o que e como ensinar para eles? O presente trabalho tem como objetivo refletir e discutir com os participantes a presença dos vários recursos tecnológicos que foram incorporados ao ambiente de aprendizagem da disciplina do curso de graduação Letras, cujo tema é voltado para a leitura, mediação e políticas públicas. Qual é o papel desses recursos utilizados, dessas novas linguagens? Promovem o letramento (Soares, 2004; Rojo, 2013) dos alunos, futuros professores, capacitando-os a um bom desempenho futuro? Os resultados de nossa pesquisa, de base qualitativa, podem indicar a relação das experiências vivenciadas pelos alunos com os recursos, discutindo temas que são próprios do seu universo acadêmico e prática profissional e a relevância da proposta da disciplina para a sua formação.
Palavras-chave: – uso de tecnologias no ensino – língua portuguesa - leitura
ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA E FORMAÇÃO DE PROFESSORES
Mary Stela Surdi – Universidade Federal da Fronteira SulEste trabalho analisa alguns recortes enunciativos produzidos por estudantes dos cursos de Licenciatura em Letras e Licenciatura em Pedagogia da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) e por professores de língua portuguesa como língua materna que atuam na rede pública de educação básica em Chapecó, SC, coletadas no decorrer das atividades do projeto de extensão “Formação continuada – ensino de língua portuguesa em discussão”, realizado pelo Grupo PET (Programa de Educação Tutorial) Assessoria Linguística e Literária da UFFS. O objetivo desta análise foi o de identificar quais perspectivas teórico-metodológicas emergiam desses diferentes lugares discursivos: o dos professores em formação inicial e o dos professores em atuação sobre a aula de língua portuguesa e sobre conceitos relacionados à linguagem e ao seu ensino. Ao analisar as falas, com base nos pressupostos teóricos anunciados nos Parâmetros Curriculares Nacionais (1997) e na Proposta Curricular de Santa Catarina (1998) e em autores com Tardif (2010) e Geraldi (1991), observam-se duas concepções predominantes e distintas entre si e que remetem a diferentes perspectivas presentes nos debates sobre o ensino de língua materna: a conservadora, ligada a uma visão tradicional de língua e de ensino, e a inovadora, associada às teorias contemporâneas de língua e de ensino. A primeira usa de respostas que afirmam que se “deve ensinar” a gramática para ler e escrever corretamente, já a visão inovadora revela que o ensino da língua portuguesa não pode se pautar somente no ensino gramatical e, sim, em um ensino crítico.
Palavras-chave: ensino, formação, concepções.
OS PROFESSORES DE LÍNGUA PORTUGUESA E OS NOVOS LETRAMENTOS NO DESENVOLVIMENTO DA PEDAGOGIA DO DIGITAL PROPOSTA PELA EDUCAÇÃO LINGUÍSTICA
Nívea Eliane Farah (PUC-SP)O tema desta apresentação é o processo de ensino e aprendizagem da leitura e da produção textual para o desenvolvimento das competências leitora e escritora dos estudantes em aulas presenciais de Língua Portuguesa. Como os contextos virtuais geram novas situações comunicativas, é necessário pensar nos novos letramentos. O objetivo geral é desenvolver um estudo sobre a influência das novas tecnologias e a contribuição do uso delas. Este trabalho de pesquisa se justifica, uma vez que, no século XXI, diante das novas tecnologias, ler e escrever devem continuar sendo considerados saberes necessários. Será utilizada a concepção de Pedagogia do Digital, proposta pelo Grupo de Educação Linguística (GPEDULING) da PUC-SP. Optou-se pelo estudo de caso, como estratégia de pesquisa e intenciona-se verificar se o uso das tecnologias digitais pode facilitar a compreensão de leitura do texto e se o uso de materiais multimídia pode favorecer o ensino e a aprendizagem.
Palavras-chave: Novos Letramentos; Pedagogia do Digital; Educação Linguística.
AS LEITURAS DE DONA BENTA NAS OBRAS INFANTIS DE MONTEIRO LOBATO
Patrícia A. Beraldo Romano /UNIFESSPAEsta comunicação apresenta os resultados de projeto de pesquisa intitulado “ As leituras de Dona Benta nas obras infantis de Monteiro Lobato”, desenvolvida na Faculdade de Estudos da Linguagem, na UNIFESSPA, campus de Marabá. A pesquisa recebeu apoio PIBIC/UNIFESSPA e a bolsista ainda está fazendo as leituras e análises, já que a pesquisa continua em andamento. Iniciamos os trabalhos em julho de 2017 com a leitura das obras infantis lobatianas consideradas didáticas, a saber: História do Mundo para Crianças (1933), História das Invenções (1935), Geografia de Dona Benta (1935), Serões de Dona Benta (1937), O Poço do Visconde (1937). A partir de janeiro, a bolsista passou a investigar as leituras de Dona Benta em algumas obras infantis não didáticas: Aventuras de Hans Staden(1927), Os 12 Trabalhos de Hércules(1944), Aritmética da Emília(1935), Emília no país da Gramática(1934), Histórias de Tia Nastácia (1937) e as demais obras ficam reservadas para leitura e análise da professora-orientadora: Reinações de Narizinho (1931), O saci (1921), Fábulas (1928), Peter Pan (1930), Viagem ao Céu (1932), Caçadas de Pedrinho (1933), Memórias de Emília (1936), Dom Quixote das Crianças (1936), O Picapau Amarelo (1939), O Minotauro (1939), A Reforma da Natureza (1941), A Chave do Tamanho (1942), Histórias Diversas (1947).Nesta pesquisa, consideramos de fundamental importância a investigação sobre as leiturasde Dona Benta: quais foram os autores e as obras que contribuíram para a formação leitora da personagem mediadora. A partir de tal investigação, poderemos compreender como essa personagem se formou uma competente e eficaz leitora e mediadora de leitura para seus netos (e, consequentemente para os leitores das obras infantis de Lobato). Nesta comunicação, apresentaremos os resultados das leituras realizadas até o momento e como faremos a divulgação desses resultados e das análises realizadas a partir deles. Como suporte teórico, podemos citar Lajolo e Ceccantinni (2008), Lajolo e Zilbermann (2017), Colomer (2017), dentre outros.
Palavras-chave: Dona Benta, mediação de leitura, obras infantis lobatianas
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL E SISTEMAS
Lawrence Chung KOO (PUC-SP)A grande mudança da sociedade foi desencadeada silenciosamente nos últimos 10 anos ao arrepio das leis jurídicas, das culturas regionais, dos sistemas educacionais, das relações tradicionais entre capital e trabalho, incluindo aqui sistemas computacionais. Essa mudança é capitaneada pela tecnologia gestada e nutrida nos últimos trinta e poucos anos conhecida como Inteligência Artificial (IA). O conceito de IA é bastante amplo e abrange desde robótica, tradutores de textos, sistemas de diagnósticos médicos até clones de seres humanos. Este trabalho tem como objetivo fazer uma breve classificação, não exaustiva, das áreas de estudo da AI, enfocar o seu relacionamento com a área da Educação e a aprendizagem, a “reeducação”, a renovação dos conhecimentos e, finalmente descrever a mudança das instituições e os cenários do ensino médio e superior e da sociedade como um todo devido ao advento da Inteligência Artificial
PALAVRAS-CHAVE:Inteligência Artificial; Robótica, Softbots, Sistemas Cognitivos, Educação, Aprendizagem
3. GRUPO DE DISCUSSÃO: PORTUGUÊS COMO LINGUA ESTRANGEIRA
ANÁLISE METALEXICOGRÁFICA DE DOIS DICIONÁRIOS DE PORTUGUÊS
PARA FALANTES DE OUTRAS LÍNGUAS
Cassiano Butti – PUC-SP
O objetivo deste trabalho é apresentar uma análise comparativa de dois dicionários europeus de Português para Falantes de Outras Línguas (PFOL), publicados pela Editora Porto (2011) e Texto (2012). Justifica-se o estudo pelo ineditismo desse tipo de produção no cenário mundial. Problematiza-se a necessidade de elaboração de dicionários específicos que atendam às reais necessidades de aprendizagem do português por estrangeiros. Fundamenta-se a análise em teorias metalexicográficas (DAPENA, 2002; WELKER, 2004; BARBOSA, 2006) e nos princípios metodológicos propostos em Faulstich (2011). Também serão focalizados três macroparâmetros interdependentes, defendidos por Bugueño Miranda e Farias (2013) como fundamentais para a avaliação de dicionários pedagógicos: a) o enquadramento taxonômico; b) a definição do perfil de usuário; c) a função específica desse tipo de obra. Tem-se observado, na investigação, que a seleção macroestrutural e os componentes da microestrutura em pouco se diferenciam dos dicionários projetados para aprendizes nativos do português como língua materna. Nesse sentido, os resultados obtidos até o momento apontam para a necessidade de maior adequação do conteúdo ao público-alvo para o qual esses dicionários se direcionam.
Palavras-chave: Português Língua Estrangeira. Metalexicografia. Lexicografia Pedagógica.
LÍNGUA PORTUGUESA: O OLHAR DO IMIGRANTE VENEZUELANO EM RORAIMA
Cora Elena Gonzalo Zambrano UERRA atual realidade linguística dos habitantes do estado de Roraima está marcada pela intercompreensão ou translinguagem (Cavalcanti, 2013), graças à desenfreada imigração venezuelana. Apesar de haver certa comunicação, pelo fato do espanhol e do português serem línguas próximas, os venezuelanos procuram os cursos de português oferecidos pelas instituições públicas, com o objetivo de aprenderem a língua e assim ampliarem as possibilidades de inserção no mercado de trabalho. Nesse cenário, o objetivo deste artigo é analisar a importância da língua portuguesa para os imigrantes venezuelanos participantes do curso de extensão oferecido pela Universidade Estadual de Roraima (UERR), em Boa Vista. Descobrir por meio de entrevistas e análises de textos escritos por eles, qual é o olhar do imigrante venezuelano em relação à língua de acolhimento, neste caso, o português. A base teórica utilizada foi Amado (2011 e 2013), Cabete (2010), Villalba-Martinez e Hernandez (2005), dentre outros. A metodologia foi qualitativa e interpretativista. Os resultados mostraram que, no início, a língua portuguesa é uma barreira para esses imigrantes, uma tarefa difícil de conseguir, porém, com tempo e dedicação, a língua chamada de Acolhimento, torna-se uma meta alcançada, que contribui principalmente, no âmbito laboral. A análise dos textos aponta também a importância de conhecer a cultura brasileira e fazer parte da sociedade roraimense, para assim, deixar de ser estereotipado como mais um “refugiado venezuelano” em Boa Vista.
Palavras chave: português, aprendizagem, imigrantes.
COMPETÊNCIA COMUNICATIVA E INTERCULTURAL NAS AULAS DE PORTUGUÊS PARA IMIGRANTES: EXPERIÊNCIA DE ACADÊMICOS MONITORES DO CURSO DE LETRAS PARFOR/UERR
Cora Elena Gonzalo Zambrano (UERR)Com a chegada de uma grande quantidade de refugiados e imigrantes venezuelanos ao Estado de Roraima, várias instituições passaram a oferecer cursos de português como língua não materna. Dessa forma, a Universidade Estadual de Roraima (UERR) abriu, em 2017, o curso Português para Imigrantes. No entanto, já nas primeiras aulas, percebemos a necessidade de uma maior inserção sociocultural dos alunos, por isso, o ensino foi focado na competência comunicativa e na perspectiva intercultural. Sendo assim, o objetivo deste artigo é relatar a experiência de acadêmicos de licenciatura em Letras português espanhol (PARFOR/UERR), que atuaram como monitores do curso de extensão. Após as discussões teóricas na disciplina Metodologia do Ensino de Línguas, os acadêmicos cumpriram as horas práticas com a proposta de ministrarem aulas comunicativas e interculturais, ressaltando a alteridade e o respeito pelos venezuelanos que estão no Brasil em situação de vulnerabilidade social. A pesquisa foi qualitativa, de cunho etnográfico, com observação participativa em sala de aula e entrevistas com os acadêmicos monitores. Na fundamentação teórica foram usados autores como Almeida Filho (2002) e Barbosa (2016) com relação à perspectiva intercultural, Júdice (2016) ao ressaltar a urgência por professores qualificados na área de PLE e Cabete (2010) com o termo português como língua de acolhimento (PLAc). Os resultados obtidos foram positivos para os professores em formação que perceberam a importância da interculturaldade e da comunicação nas aulas de português como língua não materna, indo além do debate de textos sobre o tema. Palavras chave: Competência comunicativa, Interculturalidade, Português para imigrantes.
PLURICENTRISMO E ENSINO DO PORTUGUÊS LÍNGUA ESTRANGEIRA
Isabel Margarida DuarteUniversidade do Porto
O professor de Português Língua Estrangeira (PLE) deve refletir sobre a questão da lusofonia, pois confronta-se com o problema de incluir diferentes variedades linguísticas do português e tem de decidir como fazê-lo.
Objetivos:
1. Refletir sobre como ensinar uma língua pluricêntrica;
2. Sugerir algumas estratégias para abordar a variação em aulas de PLE.
Justificativa: O português é uma língua pluricêntrica e os estudantes deverem problematizar esse conceito. Há, em várias Universidades, docentes da variedade europeia e da brasileira e os aprendentes confrontam-se com diferenças entre elas e nem sempre sabem como geri-las.
Metodologia: o trabalho apresentado partirá da análise de um breve inquérito feito a todos os estudantes estrangeiros da Faculdade de Letras da Universidade do Porto no ano letivo 2017-2018, segundo semestre, excetuando os de países da Comunidade de Países de Língua Portuguesa, por falarem português. Procurou-se saber que grau de conhecimento tinham da realidade pluricêntrica da Língua Portuguesa, uma vez que estão em imersão.
Esboço de fundamentação teórica: uma das razões pelas quais um estudante estrangeiro pode querer aprender português é por a língua lhe permitir aceder a um vasto mercado de trabalho, dada a extensão da CPLP. O professor deve ajudá-lo a adquirir as competências necessárias para interagir nos diferentes países onde se fala português. Para tal, é necessário dotar o estudante de capacidade de compreender diferentes variedades nacionais do português, fazendo-se também compreender, aquando da produção.
Palavras-chave: português, pluricentrismo, ensino.
PORTUGUÊS BRASILEIRO PARA ESTRANGEIROS:
NOVAS PERSPECTIVAS EM SALA DE AULA
Esta comunicação visa a apresentação de resultados de pesquisas, projetos e experiências de ensino na área de português como língua estrangeira. Verifica-se que o momento experienciado pelo professor de PLE – e pelos docentes em geral - apresenta uma série de desafios devido a questões ligadas à introdução das novas tecnologias, entre outros fatores, dentro e fora da sala de aula, o que justifica a necessidade de reflexões a respeito do ensino/aprendizagem de uma nova língua. Por outro lado, ensinar uma língua é sobretudo trabalhar com a cultura em que esta se insere e seu uso efetivo. Serão tratadas aqui questões que abrangem língua, cultura e ensino de PLE. No que se refere à língua, verifica-se que gramática e léxico devem ser considerados na discussão das funções sistêmicas adquiridas no seu uso efetivo. Em relação à cultura, as características culturais do brasileiro e seus implícitos culturais assumem papel de relevância para a compreensão e utilização do léxico. No tocante ao ensino, são propostas discussões metodológicas, análise de material didático existente, assim como a produção de material adequado à contemporaneidade vivida pelo aprendente. Os resultados obtidos pretendem contribuir com o ensino de PLE e para a formação de professores especialistas na área.
Palavras-chave: Português língua estrangeira, ensino de português, material didático.
GRAMÁTICA VIVA NO VIVA PE
Maria Cristina Damianovic e Simone Uehara
Esta pesquisa almeja contribuir para a difusão do ensino de português como língua estrangeira, variedade brasileira (BAGNO, 2001), tendo em vista o aumento da procura pelo idioma tanto por questões relativas ao mercado financeiro quanto ligadas à promoção da mobilidade estudantil internacional. Somam-se a isso as críticas negativas que os principais materiais didáticos para seu processo de ensino-aprendizagem recebem quando analisados à luz da comunidade acadêmica, ao apresentarem a cultura brasileira de forma estereotipada e sem associação aos usos da língua (BARBOSA, 2016; SILVA, 2017, PACHECO, 2006, ALMEIDA FILHO, 2002; FONTES, 2002). Para tanto, traçamos como objetivo deste trabalho a elaboração de um caderno de atividades, denominado Gramática Viva no Viva PE(UEHARA, 2017), que visa expandir as lacunas linguísticas identificadas no material didático Viva PE: Português para estrangeiros em Pernambuco (SILVA, 2016), fundamentando sua construção em três conceitos. O primeiro diz respeito à relação da indissociabilidade entre língua-cultura (KRAMSCH, 2017; ÁLVAREZ; SANTOS, 2010; ALMEIDA FILHO, 2002), já que os sentidos daquilo que falamos são constituídos dos valores, hábitos e crenças de uma sociedade (CARVALHO, 1996). O segundo relaciona-se à Pedagogia dos Multiletramentos (COPE; KALANTZIS, 2000; DIONÍSIO; VASCONCELOS, 2013; ROJO, 2012; ROJO; BARBOSA, 2015; NEW LONDON GROUP, 2010), que prescreve um trabalho pedagógico baseado na multimodalidade, isto é, a multiplicidade semiótica que constitui os gêneros textuais da contemporaneidade, e na multiculturalidade, cuja definição refere-se ao reconhecimento e à valorização de diferentes culturas que convivem no mesmo espaço. E o último relaciona-se aos aspectos linguísticos, discursivos e enunciativos da teoria das categorias argumentativas (LIBERALI, 2013). Nosso embasamento teórico-metodológico apoia-se na pesquisa crítica de colaboração, de Magalhães (2012), já que há a necessidade de se criarem zonas de conflitos, pela mediação da linguagem, entre as participantes da pesquisa, a autora do caderno Gramática Viva no Viva PE (UEHARA, 2017) e a autora do material didático Viva PE: Português para estrangeiros em Pernambuco (SILVA, 2016), para que novos conhecimentos sejam produzidos e partilhados. Os resultados obtidos na análise das discussões de dados, a partir do arcabouço teórico que fundamentou a pesquisa, aponta que as atividades elaboradas no caderno Gramática Viva no Viva PE (UEHARA, 2017), favorecem o aprendizado de língua portuguesa e o reconhecimento da pluralidade cultural e linguística do Brasil, para que possa possibilitar ao aluno ser um pouco brasileiro (MENDES, 2002) ao compreender e fazer uso da língua em situações comunicativas reais.
DO INGLÊS AO PORTUGUÊS: LÍNGUAS HIBRIDIZADAS
Vania Maria Colaço Silva – MestrandaUniversidade Presbiteriana Mackenzie
Dentro do que se discute nos Estudos Culturais sobre a Hibridização, trazemos as incertezas, revezes e complexidades inerentes ao conceito de “língua original”. Ortiz (2008), refere-se à origem da língua inglesa e ascensão como língua hipercentral, assim como a preocupação que há em tentar proteger a língua – dita o inglês original. Nossa intenção é transferir tais inquietações para a realidade da língua portuguesa, explicitando a importância do idioma enquanto representação de uma nação e as pertinentes interferências e mestiçagens externas (e internas) trazendo, à superfície, o mito da “língua original”: língua encapsulada, considerada a mais correta entre suas variações. Questões históricas, políticas e econômicas contextualizam as transformações e provocam maior compreensão de forma a criar um diálogo realista e essencial para a sociedade.
Palavras-chave: Hibridização; língua original; línguas inglesa e portuguesa.
A IMPLANTAÇÃO DO MESTRADO EM PLE NO CHILE
Yeris Gerardo Láscar Alarcón UnBO objetivo principal deste trabalho é promover a reflexão do processo de Implantação do Mestrado em PLE no Chile, país que recentemente (2016) em Santiago inaugurou a licenciatura em PLE. Buscando oferecer diversas informações de políticas linguísticas e linguística aplicada que promovem o ensino e aprendizagem de PLE no nível superior chileno, procuro indagar de forma qualitativa sobre: a) Quais Políticas Linguísticas são mais adequadas para a implantação do Mestrado em PLE? b) Como formar professores de PLE?, e, c) Quais serão os critérios de seleção de material para o ensino e aprendizagem de PLE? Diante deste propósito, a pesquisa teve dois principais aspectos a se considerar. O primeiro é, a curto prazo, melhorar a qualificação dos professores que já ministram aulas de PLE como disciplina, cursos de idiomas entre outros. O outro, a longo prazo, consiste na possível escolarização do PLE no sistema escolar chileno, que por vez, faz-se necessária. Assim como em países de todos os continentes vigoram leis que regem o ensino de PLE e ELE em todos os níveis de ensino, constata-se que no Chile há a necessidade de estabelecer mais leis de continuidade para o PLE com o intuito de fortalecer o diálogo e laços entre todos os países que constituem a América Latina.
Palavras chave: PLE; Políticas Linguísticas; Formação de professores
4. GRUPO DE DISCUSSÃO: HISTORIOGRAFIA LINGUÍSTICA
ANÁLISE COMPARATIVA DO CONCEITO DE VERBO EM GRAMÁTICAS DO SÉCULO XIX E XX: BARBOSA (1822), RIBEIRO (1881) E BECHARA (2009)
(UEPA/USP)
O foco de nosso trabalho é conceito de verbo em três gramáticas portuguesas de diferentes épocas, Grammatica Philosophica da Lingua Portugueza, de Jerônimo Soares Barbosa (1822), Grammatica Portugueza, de Júlio Ribeiro (1881), e Moderna Gramática Portuguesa, de Ivanildo Bechara (2009), à luz da História das Ideias Linguísticas. Nosso objetivo nesse trabalho é fazer um estudo comparativo entre as três obras, observando o processo de construção do conceito verbal e seus acidentes ao longo dos séculos XIX e XX. Esse trabalho se justifica pelo fato de que a gramática é um instrumento linguístico que registra o saber metalinguístico de certa época, por meio da descrição de um corpo de regras que não se restringe a um único falante, ou seja, podemos observar como cada uma dessas gramáticas supracitadas descreve e estabelece as regras de uso do verbo de acordo com o seu período de publicação. Para isso, baseamos nossas pesquisas em Auroux (2009), Colombat (1988;1999); Coseriu (1987); Faraco (2011; 2016); Leite (2007; 2011; 2014; 2015) e Neves (2002; 2005; 2014). Inicialmente, apresentaremos a biografia de cada um dos três autores; posteriormente, faremos uma exposição do objetivo e motivação de cada obra, conceitos iniciais (língua, linguagem, gramática etc.), o plano de cada obra, a fundamentação teórica; em seguida, faremos a comparação da terminologia e dos conceitos de verbo e de seus acidentes entre as três gramáticas. Finalizaremos nosso trabalho apresentando as mudanças no conceito do verbo e que o aprofundamento desse estudo alargou o conhecimento sobre seus acidentes.
Palavras-chave: Gramática; Verbo; Acidentes do verbo.
ASPECTOS CONTEXTUAIS DA PRODUÇÃO LINGUÍSTICA BRASILEIRA
(1900-1940)José Bento Cardoso Vidal Neto
(CEDOCH – USP)
Esta comunicação apresentará aspectos relevantes da pesquisa de doutorado que por nós vem sendo desenvolvida desde o início de 2016. Tal estudo tem como objetivo analisar, dentro da história da linguística brasileira, o período compreendido entre 1900 e 1940, o qual foi denominado por Blikstein (1976) de “2ª parte do período de autodidatismo”. Este período antecede a institucionalização dos estudos da linguagem, que se dá com a fundação das primeiras universidades brasileiras e mais especificamente com a criação dos cursos superiores de Letras. Para realizar tal estudo, optamos por utilizar o modelo teórico proposto por Swiggers (2004), que afirma ser possível distinguir a dinâmica da história da linguística em quatro capas, a saber: teórica, técnica, documental e contextual. A respeito desta última capa, a contextual, é que o presente trabalho se debruçará. As análises preliminares das fontes apontam para uma característica marcante da produção linguística brasileira do início do século XX: o crescimento das obras de caráter monográfico e também das gramáticas escolares. De acordo com nossa hipótese, tal crescimento alterará o papel central que a gramática tinha até fins do século XIX, fazendo com que ela se torne uma obra de viés mais escolar, deixando, assim, para as obras monográficas, a discussão linguístico-gramatical mais aprofundada, dirigida aos especialistas da área, aos pares. Analisar, portanto, do ponto de vista contextual, as condições e implicações para tal divisão de papéis é o que procuraremos desenvolver em nossa comunicação.
Palavras-chave: gramaticografia brasileira; pensamento linguístico brasileiro; século XX.
A CONCEPÇÃO TEÓRICO-CONCEITUAL TERMINOLÓGICA NO COMPÊNDIO (1877) DE COSTA DUARTE
Raquel do Nascimento Marques(USP/Capes)
Publicada em 1877, a obra intitulada Compendio da grammatica philosophica da lingua portugueza insere-se no rol das gramáticas filosóficas que, pautadas na razão, realizavam a aplicação prática dos preceitos da gramática geral nas línguas particulares, neste caso, no português. Considerando a existência de um conjunto de termos que caracterizam este tipo de gramática, buscamos neste trabalho mostrar como Antônio da Costa Duarte concebe e analisa, do ponto de vista teórico-conceitual, os termos pensamento, ideia, relação, vocábulo no texto introdutório de sua obra. O uso dos paratextos – folha de rosto e introdução – justifica-se por serem esses os textos nos quais o autor estabelece o enquadramento teórico da obra, apresenta conceitos e revela as influências recebidas. Nosso trabalho está ancorado em princípios teórico-metodológicos da História das ideias linguísticas (Auroux, 1979, 1995; Colombat, Fournier e Puech, 2010).
Palavras-chave: Gramática filosófica; Português; Século XIX; Terminologia
CONSIDERAÇÕES INICIAIS SOBRE O APAGAMENTO DO GALEGO NA HISTÓRIA DA LÍNGUA PORTUGUESA EM TEXTOS DO SÉCULO XVI
Thiago Zilio Passerini(PUC-SP)
O lugar do galego na história da língua portuguesa vem sendo amplamente debatido por diversos pesquisadores, dentre eles Monteagudo (1999), Lagares (2008), Bagno (2012) e Faraco (2016). As candentes discussões acerca do tema motivaram nossa pesquisa de mestrado, cujas considerações iniciais serão apresentadas neste trabalho. Com base nos princípios teórico-metodológicos propostos por Altman (2009; 2012), Batista (2013), Koerner (2014) e Bastos e Batista (2016), propomo-nos a apresentar uma prévia da análise historiográfica da Grammatica da lingoagem portuguesa, de Fernão de Oliveira (1536), da Grammatica da língua portuguesa, de João de Barros (1540), do Diálogo em louvor da nossa linguagem, de João de Barros (1540) e do Diálogo em defesa da Língua Portuguesa, de Pero de Magalhães de Gândavo (1574), a fim de levantar hipóteses sobre os fatores que teriam norteado o referido apagamento do galego na história do português em textos do século XVI.
Palavras-chave: Historiografia da Linguística; Galego; Origem da Língua Portuguesa.
5. GRUPO DE DISCUSSÃO GRAMÁTICA E ENSINO A EXPRESSÃO DO ASPECTO NOMINAL
Alexandre Wesley Trindade(UNESP Araraquara)
Este trabalho examina nomes deverbais, procurando mostrar que o aspecto que neles se expressa é operado tanto por meios gramaticais quanto por meios lexicais. Por exemplo, a distinção entre perfectivo e imperfectivo manifesta-se nos sufixos, enquanto a oposição entre as propriedades télico e atélico, encontradas nas classes aspectuais ação, processo e estado, realiza-se no radical. Orientada por uma visão funcionalista da linguagem, a análise parte do princípio de que a predicação é o correlato gramatical do estado de coisas, sendo o aspecto a propriedade da predicação que consiste em focalizar uma parte específica ou o todo da estrutura temporal interna do evento. O aspecto, como propriedade do léxico, expressa o modo como o evento se desenvolve, ou seja, designa tipos de situação (dinâmica, durativa e télica) que caracterizam as classes aspectuais (ação, ação-processo, processo e estado). A hipótese geral é que a indicação do aspecto expresso pelo deverbal predicador é apenas potencial. O significado aspectual é obtido composicionalmente, ou seja, pela combinação das classes aspectuais do radical e do aspecto do sufixo nominalizador com os tipos semânticos dos argumentos (valência). Para exemplificar, em um enunciado como a agitação dos lenços pelas crianças, o nome abstrato agitação significa aceno e indica ação por estar vinculado a um complemento de papel agente; caso o complemento seja um causativo, como pelo vento, o nome abstrato passa a indicar processo, significando movimentação. Como o sufixo -ção se combina a um radical que indica ação durativa, a leitura aspectual é imperfectiva.
Palavras-chave: teoria funcionalista; aspecto nominal; deverbais.
GRAMÁTICA E ENSINO: UMA DISCIPLINA PARA DISCUTIR AS AULAS DE GRAMÁTICA NUM CURSO DE LATO SENSU
Ana Márcia Martins da Silva – PUCRSEsta comunicação pretende relatar a dinâmica adotada na disciplina de Gramática e Ensino na Especialização em Ensino de Língua Portuguesa – EF2 e EM, que acontece aos sábados, manhã e tarde. Este curso foi pensado para fornecer ao professor de língua portuguesa o conhecimento linguístico necessário para que ele possa, na prática de sala de aula, habilitar os alunos a raciocinar sobre a língua, entendendo de que forma se estabelecem as relações entre os elementos que a compõem. Com o propósito de demonstrar que as aulas de língua portuguesa devem ser tratadas como laboratórios de discussão e aprendizagem, adotou-se a estratégia de mesclar seminário com aula expositivo-dialogada. Durante a manhã, propõe-se uma discussão sobre o tema do dia, primeiro apenas entre os professores-alunos e, depois, entre eles e a professora, numa aula expositivo-dialogada. À tarde, os professores-alunos leem os textos teóricos previamente indicados no cronograma, debatem entre eles a partir de um roteiro dado pela professora e produzem resenhas, as quais comporão um portfólio, que será o instrumento de avaliação da disciplina. O referencial teórico envolve capítulos de NEVES (2006), TRAVAGLIA (2007, 2008), VIEIRA & BRANDÃO (2007), AZEREDO (2000, 2008), PERINI (2002), LUFT (1985) e ILARI & BASSO (2007), todos trazendo discussões a respeito ensino da gramática em suas diversas áreas. Os resultados até agora obtidos têm sido satisfatórios, já que a leitura dos textos em aula e as posteriores discussões sobre eles fundamentam verdadeiramente as resenhas produzidas.
Palavras-chave: Professores-alunos. Gramática. Ensino.
INDETERMINAÇÃO DO SUJEITO: UMA PROPOSTA EXPERIMENTAL PARA O ENSINO DE GRAMÁTICA
Daniela da Silva de Souza (SME-RJ)
O presente trabalho, tendo em vista as dificuldades enfrentadas pelos professores de Língua Portuguesa para o trabalho com o componente gramatical, descreve uma proposta experimental elaborada no âmbito do Mestrado Profissional em Letras (PROFLETRAS) sobre o tema da indeterminação do sujeito. A proposta experimental busca trabalhar com a questão da indeterminação do sujeito/referente, refletindo sobre a dicotomia “ensino de gramática” e “prática de análise linguística”. Além disso, objetiva realizar um trabalho com esse componente linguístico em três eixos de aplicação: (i) gramática e abordagem reflexiva (atividades linguística, epilinguística e metalinguística); (ii) gramática e produção de sentidos (recursos expressivos para significar nos textos); e (iii) gramática e variação linguística (domínio de normas). O público-alvo desse experimento são os alunos concluintes do Ensino Fundamental. Como primeira etapa para a concepção da pesquisa, foi empreendido um levantamento das estratégias de indeterminação do sujeito empregadas por alunos do 9º ano do Ensino Fundamental. A partir dos resultados obtidos, das reflexões realizadas e levando-se em conta os postulados teóricos de BORTONI-RICARDO (2014), BRAVIN (2012), FRANCHI (2006), GORSKI; COELHO (2009), MOLLICA; BRAGA (2013), NEVES (2005), PAULIUKONIS (2007) e VIEIRA (2014), foram elaboradas as atividades que constituem esse estudo. Pretende-se, pois, a partir da proposta com o tema da indeterminação do sujeito, encontrar convergências entre o ensino de gramática e a prática de análise linguística, considerando-se como fundamental conceber como legítimo propósito para o ensino, dentre outros, a reflexão linguística.
Palavras-chave: Ensino de Gramática. Indeterminação do sujeito. Proposta experimental.
A PERSUASÃO EM ARTIGOS DE OPINIÃO: UM ENFOQUE DA GRAMÁTICA SISTÊMICO-FUNCIONAL
Daniela Costa da Silva(PUC-SP)
O ato de argumentar, de orientar o discurso no sentido de persuadir o interlocutor constitui o ato linguístico fundamental. O objetivo deste estudo é a comparação de dois artigos de opinião e o exame da persuasão que percorre dois estilos distintos daquele gênero, em textos escritos por Roberto Pompeu de Toledo, da Revista Veja, e por Bárbara Gancia, do jornal Folha de São Paulo. Para tanto, a persuasão - seja via convicção, seja via sedução - apoia-se em três modos textuais – narração, descrição e argumentação. O argumento vale-se da narração e da descrição, que tratam de afirmações verificáveis, para tentar garantir a veracidade das declarações de que lança mão. Por outro lado, a persuasão apoia-se na avaliação de fatos e de pessoas. Por esta razão, recorre-se à noção de Avaliatividade (Martin, 2000), por meio da qual os escritores expressam ideologias subjacentes e convidam os leitores a se alinharem com suas opiniões. A análise, de cunho crítico, tem o apoio da Gramática Sistêmico-Funcional (Halliday, 2004), que abriga a Linguística Crítica além da Avaliatividade. A pesquisa deverá responder às seguintes perguntas: (a) Como se constitui a estrutura de gênero em termos dos modos textuais, nos textos de Toledo e de Gancia? (b) Que tipo de persuasão - por convicção ou por sedução - prevalece nos textos de Toledo e de Gancia? (c) Qual é a contribuição da Avaliatividade para a realização da persuasão nesses textos? A pesquisa mostra que embora Bárbara Gancia e Pompeu de Toledo tenham escrito sobre o mesmo tema - a renúncia de Bento XVI - as críticas à situação são apresentadas de forma distinta. Gancia deprecia a Instituição Igreja por meio de seus representantes. Já Toledo, critica a figura do Papa, e por contiguidade, a Igreja.
Palavras-chave: Persuasão. Artigo de Opinião. Modos textuais. Avaliatividade Explícita e Implícita. Gramática Sistêmico-Funcional.
O USO DA CATEGORIA GRAMATICAL ADVÉRBIO: UMA CONTRIBUIÇÃO PARA OS ESTUDOS GRAMATICAL E DISCURSIVO ENUNCIATIVO ARGUMENTATIVO
Fernanda Toledo de Souza Furlani(Universidade Cruzeiro do Sul)
A presente comunicação se enquadra na linha de pesquisa Texto discurso e ensino: processos de leitura e produção de texto escrito e falado, e é resultado de pesquisa de mestrado intitulada “O advérbio nos livros didáticos: entre gramáticas e uso”. O objetivo desta comunicação é apresentar resultados de estudo realizado sobre a categoria gramatical advérbio, particularmente a análise de como o emprego do advérbio é tratado no ensino de Língua Portuguesa, tendo como corpus exercícios pertinentes a essa categoria gramatical do Livro Didático “Projeto Teláris”, assim como a leitura do texto “Dia a dia em Bissau”, de Mirella Domenich. Justificamos a escolha do tema por se tratar de uma contribuição para os estudos tanto gramatical quanto discursivo enunciativo argumentativo. Fundamentam o estudo tanto a abordagem de gramáticas de uso quanto os estudos que tratam dos efeitos pragmáticos do emprego do advérbio. Por conseguinte, o quadro teórico que dá suporte às análises baseia-se em estudos da gramática como Bechara (2015), Cunha e Cintra (2001), Neves (2011), Perini (1996), Castilho (2010) em diálogo com Kock (2011) e Cabral (2011). O resultado das análises indicam que os exercícios em questão limitam-se a três categorias do advérbio (tempo, modo e lugar) e que o livro não trabalha com exercícios ou exemplos de falas retiradas da leitura: os exercícios trabalhados são enunciados isolados, fora de um contexto.
Palavras-chave: Livro Didático. Ensino Gramatical. Advérbio.
A PREPOSIÇÃO ‘DE’ E SEU USO SEMÂNTICO
Graziela Bonato Lião*(Pontifícia Universidade Católica de São Paulo)
Esta comunicação está situada na área da gramática de língua portuguesa e tem por tema as diferentes funções sistêmicas que a preposição ‘de’ adquire no uso efetivo do português brasileiro. Tem-se por ponto de partida que a gramática de uso padrão, por não contemplar a língua na interação comunicativa, apresenta lacunas no tratamento da preposição ‘de’, sem apresentar as funções morfológicas, semânticas e sintáticas. Fundamentada na teoria da gramática sistêmico-funcional, sob o viés do funcionalista Givón, utiliza-se o método qualitativo com procedimento descritivo-analítico. Os casos analisados foram coletados em gramáticas tradicionais brasileiras, crônicas e notícias de jornal. Os resultados obtidos, até o momento, indicam que o uso da preposição ‘de’ estabelece mudanças de classes gramaticais para a atualização de gramaticalizações. Os resultados são parciais e participam de uma pesquisa mais ampla a respeito do uso efetivo da preposição ‘de’ no português brasileiro, por falantes naturais. Faz-se necessário conferir os resultados indicados em busca de outras funções, em outros gêneros textuais brasileiros.
Palavras-chave: gramaticalização; preposição ‘de’; diacrônico; Português Brasileiro
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*Mestranda em Língua Portuguesa pelo Programa de Estudos Pós-Graduados em Língua Portuguesa da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP). Bolsista CAPES.
E-mail: gbonato@gmail.com
AS RELAÇÕES LEXICAIS PARA O APRIMORAMENTO DAS HABILIDADES LINGUÍSTICAS
Márcia Suany Dias CavalcanteUEMASUL
O estudo do léxico é vasto e complexo, o que possibilita uma série de relações e diálogos nos quais ocorrem conexões com a morfossintaxe, com a semântica e com as operações de textualização e resposta às exigências pragmáticas da interação. Esse artigo, portanto, volta-se para a necessidade de aprimoramento de algumas habilidades linguísticas, pensando-se o léxico nas diversas relações de sentido entre as palavras, na seleção lexical e as intenções discursivas, na dimensão da textualidade como elemento de coesão e coerência, na manifestação da cultura e da identidade, dentre outras, a partir da investigação do livro didático Novas Palavras, de Amaral, E. et al, selecionado pelo PNLD 2015-2017 e adotado em muitas escolas do país. No objeto de investigação deste trabalho, há inúmeros textos e atividades que estão associados ao léxico, nem sempre sendo o léxico o objeto de análise linguística, mas que pode ser explorado pela mediação do professor. Assim, apresenta-se uma seleção dessas ocorrências, buscando-se mostrar a relação de cada uma com o desenvolvimento de habilidades específicas. Estudos de Biderman (1981), Antunes (2012), Liska (2013), dentre outros, colaboraram para esse levantamento.
Palavras-chave: Léxico. Livro Didático. Ensino.
VARIAÇÃO LINGUÍSTICA E ENSINO DE GRAMÁTICA: PRESSUPOSTOS E PROPOSTAS PEDAGÓGICAS
Silvia Rodrigues Vieira(UFRJ/CNPQ/FAPERJ)
O presente trabalho apresenta reflexões e propostas acerca da abordagem pedagógica da variação e das normas linguísticas. Enfrentando o desafio de propor estratégias para um ensino produtivo de gramática, defendo (cf. VIEIRA, 2017) o tratamento do componente linguístico em três eixos de aplicação: (i) gramática e abordagem reflexiva (atividades linguística, epilinguística e metalinguística); (ii) gramática e produção de sentidos (recursos expressivos para significar nos textos); e (iii) gramática e variação linguística (domínio de normas). Com base nos referidos eixos, proponho que o tratamento das regras variáveis tenha espaço no ensino de gramática como uma das frentes de trabalho, integrada sempre que possível aos demais propósitos do ensino de Português, seja no âmbito da descrição de objetos teóricos, seja na integração do fenômeno ao tratamento de questões no âmbito do texto (na prática de leitura ou produção textual). Para tanto, ilustro a proposta com atividades elaboradas para o ensino de fatos morfossintáticos variáveis. Ao fim, apresento reflexões sobre a viabilidade de propor, conforme Faraco (2015), orientações normativas ancoradas nas normas de uso.
Palavras-chave: variação; norma; ensino.
A PERSPECTIVA CULIOLIANA E O ESTUDO DAS PREPOSIÇÕES: DESDOBRAMENTOS DA ANÁLISE DO COMPORTAMENTO SEMÂNTICO-ENUNCIATIVO DA PREPOSIÇÃO COM EM PB
Thatiana Ribeiro Vilela Universidade Federal de São Paulo
No estudo das preposições do português brasileiro, encontramos posicionamentos teóricos bastante diversos. Em grande parte das abordagens, tais unidades são descritas como elementos que colocam em relação dois termos. Contudo, delimitar um estatuto de relator sem esclarecer o modo como a preposição interage com esses termos não é suficiente para compreender a enorme gama de sentidos vinculada a essas unidades em seus variados empregos. A problemática ainda se torna mais complexa quando percebemos que, muitas vezes, as mesmas descrições apontam também para um processo de flutuação associado ao semantismo das preposições, o que significa que, a depender de critérios de ordem sintática, podem oscilar entre ter ou não sentido. Dessa forma, fundamentando-se no quadro epistemológico proposto pela Teoria das Operações Predicativas e Enunciativas, com destaque para os trabalhos de Franckel & Paillard (2007) e Ashino, Franckel & Paillard (2017) sobre a semântica preposicional, este trabalho tem por objetivo principal, ao apresentar os desdobramentos oriundos da análise do comportamento semântico-enunciativo da preposição COM em PB, mostrar que, por meio de um trabalho metalinguístico, é possível recuperar formas de regularidade que sustentam a dinâmica observada a cada vez que a preposição se insere discursivamente. O mesmo trabalho, por sua vez, permite explicar e melhor compreender as relações funcionais que COM desempenha com os termos com os quais interage, bem como justificar a ampla variação semântica que nela se faz presente.
Palavras-chave: Preposições; Semântica; Enunciação.
O USO DOS PRONOMES ‘NÓS’, ‘A GENTE’ E ‘VOCÊ’ NO DISCURSO POLÍTICO: UMA ABORDAGEM SOCIOLINGUÍSTICA
Welber Nobre dos Santos (Unimontes)Maria Alice Mota (Unimontes)
Neste estudo, analisamos o uso dos pronomes ‘nós’, ‘a gente’ e ‘você’ na fala de dois candidatos a prefeito de Montes Claros – MG, durante a realização de um debate político, transmitido pela Inter TV Grande Minas, às vésperas das eleições municipais de 2016. Para isso, partimos da hipótese de que, além de fatores linguísticos, fatores sociais também interferem na escolha dos dois candidatos no que diz respeito ao uso dessas formas linguísticas. Assim, para coleta e análise dos dados, utilizamos o aporte metodológico da sociolinguística quantitativa, já que lidamos com tratamento estatístico desses dados coletados, buscando verificar a frequência de uso dos referidos recursos linguísticos na fala dos candidatos e discutir em que medida o perfil social desses candidatos interfere na variação de uso das referidas formas pronominais. Como aporte teórico para desenvolvimento da pesquisa, valemo-nos das contribuições de Bechara (2009), Mollica (2003), Labov (2008), Tarallo (1985), entre outros. Na análise quantitativa, verificamos que a candidata utiliza com maior frequência as formas pronominais correspondentes à primeira pessoa gramatical, ‘nós’ e ‘a gente’, totalizando 95,8% das ocorrências. Por outro lado, a forma pronominal com maior produtividade na fala do candidato foi o pronome ‘você’, totalizando 64,9% das ocorrências, o que revela, nesse contexto, uma preferência pela segunda pessoa gramatical. A variante menos usada pela candidata foi ‘você’, com 4,2% da frequência total, enquanto a forma menos utilizada no discurso do candidato foi ‘a gente’, com apenas 5,2% de produtividade.
Palavras-chave: Formas pronominais; Sociolinguística; Discurso político.
6. GRUPO DE DISCUSSÃO – HISTÓRIA DA LÍNGUA, FILOLOGIA E EDIÇÃO EPISTOLAE IAPANICAE: UMA TRADUÇÃO PARCIAL DAS CARTAS DOS PRIMEIROS JESUÍTAS EM SOLO JAPONÊS
Amanda Mimoso Rodrigues Coelho(FCL-UNESP/Assis)
Esta comunicação apresenta uma pesquisa em andamento que tem como objetivo constituir-se em uma abordagem do período em que o Japão recebeu as primeiras influências linguísticas dos missionários jesuítas em seu território sob a forma, por exemplo, de empréstimos lexicais, alterações no sistema de escrita, neologismos, gramáticas, dicionários, traduções de clássicos gregos e latinos e da Bíblia para a língua nipônica. Esse momento histórico foi registrado e documentado pelos missionários jesuítas por meio de cartas que eram encaminhadas para Portugal e para a Sede da Companhia de Jesus, em Roma, e que foram originalmente escritas em português quinhentista e, posteriormente, traduzidas para o latim. Essas cartas contêm registros da atuação dos missionários no arquipélago japonês, expondo as dificuldades que enfrentaram no território, os modos e os meios para catequizar e converter os nipônicos, a influência linguística mútua e as estratégias utilizadas por eles para que as missões fossem estabelecidas com sucesso. Esta pesquisa tem como objetivo, inicialmente, mapear essas informações nesses documentos, a partir dos prefácios e dos subtítulos marginais. Esse mapeamento procura identificar: 1) relatos que façam menção à religião, educação e sistemas filosóficos dos nipônicos; 2) informações sobre como era o ensino da religião cristã do ponto de vista da adaptação dos itens que representavam conceitos religiosos e/ou filosóficos; 3) possíveis observações e/ou discussões sobre línguas aparentemente muito diferentes, como o latim e o japonês. Estamos considerando a adoção das principais categorias de análise da Historiografia Linguística, a saber: os princípios de contextualização, imanência e adequação de Koerner (1996); o conceito de horizonte de retrospecção de Auroux (1992); os conceitos de capas (capa teórica, capa técnica, capa documental, capa contextual) de Swiggers (2004, 2011, 2013). Os referenciais teóricos para o contexto intelectual referente às cartas são oriundos de: Boxer (1969, 2007), Bernabé (2012), Pimenta (2013), Saito (2015), Tanaka (2014). O material epihistoriográfico da pesquisa está em algumas das epístolas da obra Epistolae Iapanicae, originalmente escritas em latim e impressas no ano de 1569, atualmente disponível no acervo digital da Biblioteca da Universidade de Sophia (Tóquio).
Palavras Chave:
Japão; jesuítas; Historiografia Linguística.FILOLOGIA E CRÍTICA GENÉTICA: UMA ANÁLISE DE CONTOS DE SEMINÁRIO DOS RATOS
Antonio Ackel Barbosa(USP)
Resumo: Este trabalho, no âmbito da filologia, apresenta um estudo de crítica genética (GRÉSILLON, 1994) sobre três contos da obra Seminário dos Ratos: “As formigas”; “Senhor Diretor” e “Tigrela”. Para este fim, utilizou-se a metodologia da crítica textual (SPINA, 1977), dando o primeiro passo para a elaboração da análise com o recensio, que trata não só do levantamento e utilização de todas as edições publicadas no Brasil (de 1977 a 2009), mas também do processo de collatio, uma comparação entre esses contos, com a finalidade de ler Lygia em seus diferentes modos de escrever: com acréscimos, substituições e pouca ou quase nenhuma supressão. Ao se deparar com essa inquietação da autora, o leitor é levado a pensar para além de seus contos, quer dizer, o objeto de estudo torna-se instrumento de observação do uso linguístico de épocas diferentes (uma historia da língua), e não de textos variados com fim em si mesmos. É nesse momento que a pesquisa revela a complexidade da construção de um texto e conduz o leitor aos mesmos caminhos que a autora refez, questionando-o se, em suas escolhas lexicais ou organizações sintático-semânticas, sua a intenção era mostrar a situação real do uso da língua naqueles momentos, ou se pretendia criar efeitos pragmáticos e semânticos em suas histórias.
Palavras-chave: Filologia, Crítica Genética, Seminário dos Ratos.
SUBJETIVIDADE EM CARTAS DE IMIGRANTES PORTUGUESES
Francisca Fatima Piccirillo Kovac(UNICSUL)
O presente trabalho tem por objetivo apresentar pesquisa em desenvolvimento no Programa de Mestrado em Linguística da Universidade Cruzeiro Do Sul; a referida pesquisa tem como escopo a investigação da subjetividade em cartas de imigrantes portugueses, que vieram para o Brasil no início do século XX, as quais fazem parte do arquivo digitalizado do Museu da Imigração de São Paulo. O objetivo é compreender as articulações entre enunciado, contexto, subjetividade e analisar o posicionamento enunciativo do enunciador frente aos demais enunciadores citados, verificando, por meio das marcas linguísticas: as estratégias de distanciamento/aproximação relativamente ao conteúdo enunciado. O quadro teórico que dá suporte às análises é o da Teoria da Enunciação (Benveniste 1992), em confluência com os estudos da construção dos sentidos propostos por Maingueneau (2002). Como metodologia de análise, usamos o método qualitativo, tomando-se como característica principal o embasamento bibliográfico, o que implica levar em conta não só as relações do sujeito com os demais sujeitos envolvidos na enunciação, mas também ele próprio com o conteúdo de seu enunciado. Nas análises que apresentamos, verificamos, nas cartas analisadas, que elas têm em comum o uso de marcas linguísticas da oralidade, tratam do gênero familiar/amigos, carregadas de expressividade de cunho familiar e de amizade, permeadas por sentimentos de afetividade, de saudade, de alegria, de tristeza entre outros sentimentos, todas na tentativa de elidir as distâncias empreendidas pelos interlocutores, por todos que compartilham os mesmos valores culturais, morais, religiosos e familiares.
Palavras-chave: cartas, imigrantes portugueses, subjetividade.
O MOMENTO HISTÓRICO DA BÍBLIA MEDIEVAL PORTUGUESA
Miguél Eugenio Almeida(UEMS/ UUCG)
RESUMO: Investigamos neste texto o momento histórico da produção do códice alcobacense 349 tratando dos textos da Bíblia Sagrada traduzida do Latim para o português arcaico.Inicialmente, expomos a organização da obra em questão – Bíblia Medieval Portuguesa – destacando os conteúdos, as autorias e as regras de transcrição diplomática dos códices, principalmente. Em seguida, tratamos das evidências históricas, sociais, antropológicas e filosóficas, especialmente, justificando o trabalho de compreensão contextualizando a leitura dos textos da Sagrada Escritura, para a formação dos monges cistercienses naquele espaço de tempo, principalmente.
PALAVRAS-CHAVE: Filologia Portuguesa; História de Portugal; Edótica
7. LÍNGUA PORTUGUESA E OUTRAS LINGUAGENS QUANDO CAMPOS DÁ O TOM: OS CAMINHOS PLAGIOTRÓPICOS ENTRE O POEMA “QUISERA NO MEU CANTO SER TÃO ÁSPERO”, DE DANTE ALIGHIERI, E “MENTIRAS”, DE ADRIANA CALCANHOTTO.
Ana Carolina Lopes CostaUniversidade Federal de Rondônia (UNIR)
A plagiotropia, Campos (2005), indica-nos importantes e criativos caminhos, ao pensarmos no processo de releitura da tradição. Recuperando a etimologia da palavra, numa visada plástica, Campos vale-se do oblíquo e da não-linearidade, presentes na acepção de “plágios”, aplicando, deste modo, a notação numa proposta de leitura transversal do passado. O que ele propõe é que se pense o desenvolvimento de uma tradição não de modo linear, mas permitindo um estudo que resgate as ressonâncias entre os textos de maneira síncrono-diacrônica. Sendo assim, este trabalho objetiva uma leitura comparada, tendo por norte a plagiotropia, do poema “Quisera no meu canto ser tão áspero”, de Alighieri, e a letra da canção “Mentiras”, de A. Calcanhotto. Nosso norte principal é o processo advindo do uso das “rimas pétreas”: trabalho de Alighieri com o léxico e esquema singular de rimas que culmina no isomorfismo: mulher /pedra. A “dama empedernida” (CAMPOS, 1998) evoca, no conteúdo, a insatisfação amorosa, tônica principal que nos permite uma aproximação à letra de Calcanhotto. Nessa, a iteração dos verbos no infinitivo, o uso consciente da metonímia, o trabalho melopaico, etc., convidam-nos ao pensamento relacional destes dois textos, possibilitando um estudo que pense a “atualização”, por via transversal, dos recursos utilizados por Alighieri em seu ‘canto’.
Palavras-chave: Plagiotropia. Alighieri. Calcanhotto.
O MUNDO ÀS AVESSAS EM “INCIDENTE NA CASA DO FERREIRO”, DE LUIS FERNANDO VERISSIMO
Ana Lúcia Macedo Novroth(UPM)
Este trabalho pretende analisar possíveis traços da sátira menipeia na crônica “Incidente na casa do ferreiro”, escrita por Luis Fernando Verissimo. Para tanto, traça-se um breve panorama sobre o risível, humor e comicidade. Alguns estudiosos são mencionados, entre eles: Aristóteles, Verena Alberti, George Minois, Henri Bergson, Ariano Suassuna, Vladimir Propp. No entanto, o enfoque será dado ao filósofo da linguagem Mikhail Bakhtin no que tange à literatura carnavalizada, e à sátira menipeia.
Palavras-chave: Sátira Menipeia. Riso. Luis Fernando Verissimo. Mikhail Bakhtin
O REGIME DE AUTORIA E OS LUGARES PARATÓPICOS ENCONTRADOS NAS CORRESPONDÊNCIAS ERÓTICO-POÉTICAS ENTRE GREGÓRIO DE MATOS E GUERRA E SOROR VIOLANTE DO CÉU
André da Costa Lopes (PUC-SP)Ricardo Celestino (PUC-SP)
A comunicação tem como tema o estudo do regime de autoria e dos lugares paratópicos encontrados na troca de correspondências poéticas entre os poetas Gregório de Matos e Guerra e Soror Violante do Céu. Gregório de Matos é conhecido por discursos literários que satirizam o cotidiano secular e sacro do século XVII e identificamos ser o amor freirático uma das veredas exploradas pelo poeta, de forma a trafegar entre as antíteses da beleza de uma sexualidade sagrada e da imoralidade de uma sexualidade mundana. O regime de autoria presente nos discursos literários seiscentistas implica a imitação de modelos e a repetição de tópicas retórico-poéticas que fundamentavam as rotinas enunciativo-discursivas de gêneros do discurso literário. A correspondência burlesca entre um poeta e uma poetiza de renomada vida espiritual e religiosa nos permite questionar de que maneira os discursos literários seiscentistas que abordam o erotismo mundano podem se tornar respeitáveis e engenhosos, dadas as condições socio-histórico-culturais de produção. Compreendemos que é possível a troca de discursos que sustentam grande erotismo, quando as cenas que emergem na enunciação possibilitam novos lugares e novos papeis que transcendam os lugares e os papeis tópicos e instituídos no século XVII. Dessa maneira, selecionamos como aparato teórico-metodológico a Análise do Discurso proposta por Dominique Maingueneau, especificamente a categoria de paratopia, a qual permite analisarmos como a enunciação literária tem o poder de desestabilizar as representações dos lugares tópicos e instituídos em uma sociedade, inaugurando novas possibilidades de lugares simultaneamente possíveis e impossíveis.
Palavras-chave: discurso literário; paratopia; autoria
ESTRATÉGIAS DE CONSTRUÇÃO DA INDIGNAÇÃO E MOBILIZAÇÃO SOCIAL EM TEXTOS JORNALÍSTICOS MULTIMODAIS
Andreia Honório da CunhaPUC -SP
O problema deste trabalho enfoca como a ideologia da empresa-jornal transforma questões sociais em áreas semânticas para ancoragem de diferentes notícias a fim de elaborá-las estrategicamente para a indignação e, consequente, mobilização social de seus leitores. Para tanto, tomou-se como corpus notícia veicula no Jornal Nacional exibido em 09 de março de 2018ª respeito da Polícia Militar de SP. Embasou-se teoricamente nos Atos de Fala, Austin (1962), no Discurso das Mídias, Charaudeau (2006), Teoria Social do Discurso, Fairclough (2001) e Discurso e Contexto e Discurso e Poder, Van Dijk (2008, 2012). Justifica-se esse trabalho, pois se faz necessário verificar como ocorre a construção textual discursiva dos fatos noticiosos em motivo de indignação e mobilização social para denunciar o que vem ocorrendo com os leitores. Dessa forma, os objetivos pautam-se na verificação de quais estratégias são utilizadas no discurso jornalístico para transformar um fato noticioso em indignação incitando a mobilização social para em seguida, examinar a repercussão dessa construção em outros textos de diferentes discursos. Metodologicamente, o trabalho pauta-se teórico-analiticamente na análise do corpus aliado aos embasamentos teóricos como meio de comprovação da proposta de apresentação. Ressalta-se que a pesquisa está em fase inicial e, portanto, apresenta resultados parciais.
PALAVRAS-CHAVE: Indignação. Mobilização social. Texto jornalístico.
A PRODUÇÃO DE SENTIDOS NO GÊNERO MULTIMODAL: PROPAGANDA E GRAMÁTICA DO DESIGN VISUAL (GDV)
Andreia Honório da Cunha (PUC – SP)Sônia Maria Oliveira e Silva (PUC – SP- CAPES)
Esse trabalho busca analisar como ocorre a construção do gênero propaganda considerando a ocorrência do diálogo e da complementaridade de produção de sentidos estabelecida por palavras e imagens. Nosso objetivo é contribuir para os estudos sociossemióticos relativos à relação de diálogo e complementaridade de sentidos decorrentes da relação palavra-imagem. O procedimento metodológico é teórico-analítico e o material de análise foi selecionado no gênero propaganda com o objetivo de examinar a paisagem semiótica representada no cenário na constituição do quadro comunicacional, pertinentes às metafunções representacional, interacional e composicional. Nesse sentido, como arcabouço teórico valemo-nos nos conceitos apresentados pela Gramática do Design Visual de Kress e van Leeuwen (1996); no texto e a construção de sentidos de Koch (2003); Alloa (2015), entre outros. Como resultado de nossa pesquisa, constatamos que: 1. A imagem não é mera cópia do verbal; 2. A análise dos quadros teóricos pertinentes à GDV comprovam a relação interativa pertinente a palavras e imagens.
PALAVRAS-CHAVE: Gramática do Design Visual; Gênero Multimodal, Propaganda.
A POLIDEZ LINGUÍSTICA NA PRÁTICA: UMA PROPOSTA PARA O ENSINO MÉDIO
Cátia Luciana PereiraMestra em Língua Portuguesa pela PUC-SP
Membro do GPEDULING-PUC-SP
Oriundo das reflexões promovidas no Grupo de Pesquisa em Educação Linguística da PUC-SP acerca da Pedagogia da Oralidade, um dos eixos articuladores da Educação Linguística, o presente trabalho procura responder à indagação “Como colocar em prática, na sala de aula, a pedagogia da oralidade de forma consciente e efetiva de modo a contribuir para o desenvolvimento da competência comunicativa do aprendente-ensinante?”. Ainda que a necessidade de tal ensino já figure há algumas décadas nos documentos oficiais de ensino nos níveis nacional e local, os profissionais atuantes na sala de aula testemunham que pouco tem sido trabalhado nas escolas. Uma das consequências dessa lacuna é a precária ou inexistente capacidade nos estudantes de ouvir o outro, de posicionar-se assertivamente em situações de interação oral, sejam elas espontâneas ou planejadas. Nosso trabalho consiste em uma proposta de uma disciplina eletiva, para alunos da terceira série do ensino médio, com foco na compreensão da importância da polidez linguística para preservar o caráter harmonioso da relação interpessoal nas situações privadas (família e amigos), semi-públicas (trabalho e escola) e públicas. Além disso, como também é objetivo do ensino da Língua Portuguesa a formação do indivíduo para o exercício da cidadania, a disciplina objetiva estabelecer relação entre valores (morais, éticos, cidadãos) e a manutenção / destruição da polidez, mantendo, pois, caráter interdisciplinar. Pretende-se que o estudo se baseie em variados materiais como entrevistas radiofônicas, telejornais, debates políticos, documentários, gravações diversas, depoimentos. Dentre os teóricos consultados, encontram-se KERBRAT-ORECCHIONI (2006) e PRETI (2008).
Palavras-chave: Pedagogia do Oral, Polidez linguística, Ensino Médio
A LEITURA MULTIMODAL E OS POEMAS DE SÉRGIO CAPPARELLI
Fabiane da Silva Lustosa Santos(UNICSUL)
Cada vez mais os textos vêm adquirindo novas configurações que vão além da linguagem verbal escrita, e dando espaço para outras formas de linguagem como a visual. Esse entrelaçamento promove sentidos que se apresentam em vários gêneros, dos quais destacamos os poemas feitos para crianças. Diante desses modos, exige-se uma nova maneira de se ensinar a leitura. Geralmente as análises trabalham com textos escritos ignorando a realidade dos livros de poemas destinados ao público infantil e a própria dimensão do escrito que é ampliado pelos efeitos tipográficos e demais modos. Nesse quadro de novas demandas, esta apresentação, que faz parte do projeto de dissertação em fase inicial, tem como objetivo central identificar como ocorre o processo de construção da leitura de gêneros poéticos para crianças que conjugam diferentes semioses. Para a análise, aliam-se teorias relacionadas ao ensino de gêneros poéticos e a Estilística Discursivo-Textual (EDT). A discussão da temática ancora-se no diálogo neste espaço interdisciplinar nas contribuições de gênero de Marcuschi, (2011), Maingueneau (2004), nas questões sobre a multimodalidade de Dionísio (2014); Kress (2010), Camargo (1995) e nas questões da estilística de Martins (2003), Goldstein (2003) e Micheletti (2006) O corpus da pesquisa consiste em poemas infantis de Sérgio Capparelli, que se destacam pelo aspecto lúdico, identificados não somente em elementos verbais como a sonoridade dos versos, o ritmo, como também pelas imagens (ilustrações e outros recursos gráficos) que os compõem. Para esta apresentação, destacamos os poemas “Um elefante no nariz” e “Crocodilo”, com os quais foi possível identificar as intersecções entre as várias semioseso que requer novas estratégias para o ensino da leitura.
PALAVRAS CHAVE: Multimodalidade, gêneros poéticos, ensino da leitura.
“TIETA” - DO ROMANCE DE JORGE AMADO À CANÇÃO DE CAETANO VELOSO: DOIS RETRATOS E UMA REPRESENTAÇÃO DO BRASIL
Felipe Pupo Pereira Protta (UPM)O romance “Tieta do Agreste” (1977), de Jorge Amado, foi adaptado para a televisão – numa telenovela de 1989 – e para o cinema. Caetano Veloso assina a trilha sonora do filme homônimo de Cacá Diegues, de 1996, sendo autor da canção intitulada “A Luz de Tieta”. A partir das características da personagem e do enredo do romance, buscaremos analisar de que maneira tudo isto foi transposto para a canção, e, por meio de uma interpretação lítero-discursiva e sociológica destas manifestações artísticas, mostrar dois retratos do Brasil separados por uma distância temporal de quase vinte anos, que culminam numa representação praticamente atemporal de nossa nação. Isto de dá a partir a menção e o tratamento de diferentes aspectos que, seja em tom de crítica, seja em tom elogioso, se fazem presentes até os dias atuais em nossa realidade.
Palavras-chave: Tieta, romance, canção, Brasil, interpretação.
“QUEM VIVE, QUEM MORRE, QUEM CONTA A SUA HISTÓRIA?”: O DIALOGISMO DO MUSICAL HAMILTON
Fernanda da Cunha Correia(Universidade Presbiteriana Mackenzie)
Utilizando como base as ideias dialógicas trabalhadas pelo Círculo de Bakhtin, este artigo observará o dialogismo presente no espetáculo musical “Hamilton”, sucesso de público e aclamado pela crítica especializada em teatro musical, que está em cartaz na Broadway desde agosto de 2015 com sessões esgotadas. A peça musical foi, além disso, a grande vencedora das principais categorias da edição de 2016 da maior premiação do teatro norte-americano, o Tony, tais como melhor musical e melhor ator para Lin-Manuel Miranda, idealizador do projeto, compositor e intérprete do protagonista. O musical faz uma releitura da biografia de um dos pais fundadores dos Estados Unidos, Alexander Hamilton, que atuou ao lado de George Washington na luta pela independência do país contra a Inglaterra e foi o responsável pela criação do sistema econômico de Wall Street, existente até hoje com poucas alterações. O espetáculo narra a trajetória de Hamilton utilizando músicas pop, hip-hop e um elenco que resgata vozes de negros e mulheres, compondo uma diversidade social e cultural colocada em cheque na sociedade americana dos dias de hoje. A análise se apoia na relação entre a história real e a criação artística, por meio da análise das canções e da escolha do elenco e do cenário político do mundo atual. Assim observamos a crítica ao registro feito por livros de história da presença e relevância de mulheres e negros nos grandes marcos históricos, ao mesmo tempo que denuncia o papel a que estes grupos ainda são relegados ainda nos dias de hoje.
Palavras-chave: Musical, Hamilton, Dialogismo
TÓPICO DISCURSIVO EM CANÇÃO: VIDA LOKA I
Laíse Gonçalves de Lima Silva
Jonatas Eliakim D Angelo de Oliveira²
Neste trabalho, temos por objetivo discutir a noção de tópico discursivo e suas propriedades, privilegiando o conceito proposto por Fávero (1999), Jubran (1992, 2006) e Pinheiro (2005). A fundamentação teórica também será operacionalizada na análise de uma música produzida por um rapper paulista. Assim, os princípios de centração e organicidade, bem como a descrição da organização hierárquica e da segmentação linear de tópicos discursivos serão apresentados visando a análise da música “Vida Loka I”, do rapper Mano Brown, do grupo Racionais MC’s.
Palavras-Chave:Tópico discursivo; Música; Texto oral.
UMA ANÁLISE DA LETRA DE DENTIST NO MUSICAL LITTLE SHOP OF HORRORS (1986)
Natália Aymi Yamaguti(Universidade Presbiteriana Mackenzie)
Resumo: Este trabalho acadêmico pretende usar como base as teorias criadas por Mikhail Bakhtin (ironia - sátira menipeia; dialogismo). A análise pretende explorar a comicidade sarcástica da letra da canção Dentist (escrita por Howard Ashman) que faz parte da película musical Little shop of horrors dos anos de 1980. A personagem que canta a melodia é Orin Scrivello (interpretado por Steve Martin no longa-metragem), um homem perverso que se deleita ao presenciar o tormento alheio. O filme baseado na peça musical homônima conta uma história com uma trilha sonora cheia de humor negro. A música escolhida para este estudo é um ótimo exemplo do que a obra cinematográfica representa. Nela o público conhecerá melhor quem é Scrivello: as maldades que ele já cometeu; quão graves elas são; a ligação próxima que tinha e ainda tem com sua mãe apesar desta já ter falecido; o porquê de ter escolhido a profissão de dentista e como, por meio dela, consegue satisfazer seu sadismo. Mesmo com as atitudes totalmente reprováveis da personagem e os assuntos de peso que a música apresenta, há certa leveza na obra pois ela é cômica. O que pode ser visto como uma excelente forma de abordar tais tópicos de uma maneira amena, divertida e, mais importante, sem deixar de manifestar suas críticas.
Palavras-chaves: Ironia, musical, Little Shop of Horrors.
JORNALISMO E LITERATURA: ESTÉTICA E RESISTÊNCIA EM TEMPOS DE REPRESSÃO
Prof. Dr. Rafael Fonseca Santos < br/> (Universidade Presbiteriana Mackenzie)Na década de 1970, período em que o Brasil esteve sob um regime ditatorial militar, que duraria até 1985, muitas das liberdades de expressão e de circulação de informações foram ameaçadas. O AI-5, Ato Institucional número 5, de 1968, coloca em xeque a boa prática jornalística que, por sua vez, se vê obrigada a se reinventar para conseguir cumprir com seus deveres. Desse modo, a criatividade estética e a resistência política forjaram mecanismos para burlar a repressão, e registrar e contestar o regime vigente. Este artigo investiga as relações, implicações e possíveis efeitos de sentido resultantes da aproximação entre jornalismo e literatura, por meio do exame do enredo da obra O que é isso, companheiro?, de Fernando Gabeira, de 1979, a fim de contribuir para o entendimento do impacto estético desse contato. Deste contexto, surge o questionamento sobre de que maneira jornalismo e literatura se uniram como forma de crítica, resistência e documentação histórica nos anos de 1970 no Brasil. O escopo de análise perpassa os elementos do jornalismo literário, especialmente os do Novo Jornalismo, por meio de um estudo exploratório como pesquisa bibliográfica.
Palavras-chave: O que é isso, companheiro?; jornalismo literário; resistência;
DESENVOLVIMENTO DA COMPETÊNCIA LEITORA: UMA ANÁLISE DE LIVROS DIDÁTICOS DE LÍNGUA PORTUGUESA DE ENSINO MÈDIO, NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO LINGUÍSTICA
Ricardo Ugeda Mesquita (PUC-SP)RESUMO: O livro didático, dentre as várias ferramentas pedagógicas utilizadas em sala de aula, é , no Brasil, certamente, o instrumento mais utililizado pelo professor em sua prática diária. Diante de tal constatação e ciente dos problemas oriundos das deficiências de leitura dos alunos do ensino médio, recorte específico da pesquisa, a pergunta central desse trabalho é: Qual o tratamento dado ao desenvolvimento da competência leitora nos livros didáticos de Ensino Médio? A presente pesquisa analisa, pela perspectiva da Educação Linguística, de que maneira o livro didático de Ensino Médio contribui para o desenvolvimento da competência leitora, como desenvolve esse aspecto. A leitura será estudada a partir de um paradigma sociocognitivista-interacional de leitura conformne Kleiman, (2011). Utilizamos, ainda, como aporte teórico para essa pesquisa estudos de Paulo Freire (1989, 2011), Alicia Fernández (2011), Evanildo Bechara (1986), Palma e Turazza (2014). A Leitura é um tipo específico de comunicação, é uma emersão do homem do processo histórico, uma apropriação de uma intencionalidade, reflete sempre o humano. Assim, muitos creem que basta ensinar a ler e não verificam, que mais que isso, é necessário ensinar leitura. Respeitadas as fases escolares e o desenvolvimento individual de cada educando, faz-se necessário buscar caminhos para o ensino efetivo dessa competência. Vale esclarecer que esse trabalho é o limiar de uma pesquisa em desenvolvimento, com resultados parciais obtidos até o presente momento.
PALAVRAS-CHAVE: Educação Linguística. Leitura. Livro Didático.
LOBO ANTUNES E PRIMO LEVI: HISTÓRIA, MEMÓRIA E TRAUMA SOB O COMANDO DA ESCRITA SOBREVIVENTE
Romilton Batista de OliveiraFaculdade de Letras da Universidade de Lisboa – FLUL
Este artigo faz parte da pesquisa que estou a desenvolver na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, supervisionado pela Doutora Fernanda Mota Alves, e tem como objetivo, investigar a memória traumática nos romances de António Lobo Antunes (sobrevivente da Guerra Colonial, em Angola) datados de 1979-1980 e nas principais obras do escritor italiano Primo Levi (sobrevivente de Auschwitz), em especial, A trégua, É isto um homem? e Os afogados e os sobreviventes. Ressaltamos que esse trabalho acadêmico se justifica pela necessidade de fazer com que esses acontecimentos traumáticos não sejam esquecidos. Assim, dialogamos com autores que deram relevantes contribuições no tocante à memória traumática e à relação do trauma com outras categorias conceituais que possibilitam sua identificação, como, por exemplo, a representação, a linguagem, o corpo, a experiência e o testemunho: Freud, Benjamin, Halbwachs, Tedesco, Sarlo, Seligmann-Silva, Foucault, Hall, Zumthor, Celan e Blanchot, entre outros. Sem esse diálogo, seria impossível investigar o trauma, daí compreendermos a importância da interdisciplinaridade como o principal traço característico de nossa pesquisa. Utilizamos a literatura de testemunho como norteador metodológico, percebendo, por meio dos livros de Lobo Antunes e Primo Levi, a presença de uma escrita interpelada por uma voz autobiográfica e testemunhal, potencializada pela experiência vivida em Angola e em Auschwitz. Os resultados, a priori obtidos, revelam-nos que o trauma só pode ser representável através da língua(gem) que, como sobrevivente dos horrores das guerras, produz um sujeito, também sobrevivente, por meio de rastros-resíduos do passado que não podem ser esquecidos no presente.
Palavras-chave: Trauma; Literatura de testemunho; Memória.
DAS RUÍNAS À POESIA OU DA POESIA À RUÍNA? – PERSPECTIVAS DA POESIA CONTEMPORÂNEA NOS POEMAS DE EDUARDO STERZI E TARSO DE MELO
Samanta Barreto Matos De SouzaPrograma De Estudos Pós-Graduados em Literatura E Crítica Literária
PUC-SP
A palavra é, na contemporaneidade, o território das transformações, acompanhando o ritmo da própria humanidade. Assim, o aspecto da fragmentação norteia esta pesquisa, buscando investigar nas obras dos autores Eduardo Sterzi e Tarso de Melo como este processo ocorre e quais os resultados disso na criação poética. Buscamos identificar e analisar os aspectos temáticos e estruturais nas obras aleijão, de Eduardo Sterzi, e Lugar algum, de Tarso de Melo, que apontam para a representação do processo de fragmentação do homem contemporâneo, verificar por meio de análise os artifícios temáticos e estruturais utilizados pelos autores na construção do fazer poético e refletir de que forma a fragmentação do homem contemporâneo se apresenta nos textos. Tarso de Melo, com Lugar Algum (2005), e Eduardo Sterzi, em aleijão (2009), apresentam traços comuns e distintos, possibilitando-nos uma análise de suas caraterísticas e de como esta poesia recebe e exerce suas influências no tempo presente. Dentre elas, o processo da fragmentação como procedimento cria esta poesia que traz incômodo, a nova percepção diante das coisas, mas reinventada a cada verso. Para tal, nos amparamos nos textos de Giogio Agamben em O que é o contemporâneo (2009); o pensamento sobre o fazer poético com T. S Eliot, A essência da poesia (1972); Octávio Paz, Signos em Rotação (2012) e Os filhos do barro, do romantismo à vanguarda (2013); Susana Scramin, O Contemporâneo na crítica literária (2012), Viktor Chklóvski, em “A arte como procedimento” (1987), os textos teóricos do autor Eduardo Sterzi, dentre outros.
Palavras-chaves: Eduardo Sterzi, Tarso de Melo, Poesia Contemporânea
O ALIENISTA: DIFERENTES SUPORTES, DIFERENTES LEITURAS
Silvia de Paula BezerraUniversidade Presbiteriana Mackenzie
Thiago Cavalcante Jeronimo
Universidade Presbiteriana Mackenzie
Este trabalho tem por objetivo lançar luz às diferentes materializações do texto O alienista, pontuando que em cada esfera de sua veiculação, seja a jornalística ou a literária, o texto de Machado de Assis se apresenta de forma diferente, transmitindo uma nova acepção de leitura, e, consequentemente, postulando para si um novo leitor. O alicerce teórico é pautado nas contribuições de Antonio Candido acerca da Literatura como Sistema e nas pesquisas de Ivan Teixeira, John Gledson e Ana Cláudia Suriani da Silva a respeito da obra de Machado de Assis.
PALAVRAS-CHAVE: Machado de Assis. O alienista. Literatura como Sistema.
LETRAMENTO LITERÁRIO: UM DESAFIO DO SUBPROJETO PIBID PRODUÇÃO DE ACERVO DE ÁUDIO
Thais Dutra LacerdaFaculdades Integradas Campo-Grandenses (FIC/FEUC)
O Subprojeto do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) das Faculdades Integradas Campo-Grandenses (FIC) - Produção de Acervo de Áudio (P.A.A.) - financiado pela CAPES- prepara bolsistas do curso de Letras (FIC) para que adquiram um arcabouço teórico e construam práticas pedagógicas para o exercício da docência. O presente estudo pretende responder como os bolsistas desse subprojeto ajudam a promover a mediação e o letramento literário nas oficinas semanais realizadas com os estudantes do Instituto de Educação Sarah Kubitscheck (IESK), que emprestam suas vozes para a gravação do audiolivro. Foram analisadas duas oficinas produzidas pelos bolsistas no ano de 2017 para averiguar as estratégias utilizadas. O estudo é viável, porque visa contribuir, academicamente, para o desenvolvimento das técnicas de promoção da mediação e do letramento literário no ambiente escolar. Concluiu-se que os bolsistas buscam textos atrativos e próximos da realidade do alunado e, assim, estimulam o pensamento crítico, incentivam o debate e o gosto pela leitura. O presente estudo fundamenta-se nas seguintes obras: Alfabetização e Letramento, de Magda Soares (2010); Andar entre Livros: a Leitura Literária na Escola, de Teresa Colomer (2014); Do Mundo da Leitura para a Leitura 250do Mundo, de Marisa Lajolo (2006) e; Letramento Literário: Teoria e Prática, de Rildo Cosson (2009).
Palavras-chave: PIBID; Mediação; Letramento.
8. GRUPO DE DISCUSSÃO – LINGUÍSTICA TEXTUAL
ESCRITA E LETRAMENTO: UMA ANÁLISE COM ALUNOS INGRESSANTES
DO ENSINO SUPERIOR
Adriana Eugênia Antony Afonso
Lúcia Inês Freire de Oliveira (UNINORTE)
O sujeito que processa e produz um texto é capaz de desenvolver atividades pessoais e sociais. Isso permite inferir o grau de letramento, visto que amplia a sua participação nas práticas cotidianas de linguagem. Nesse sentido, esta pesquisa norteia-se pelo seguinte questionamento: Quais recursos são utilizados na escrita de textos por alunos ingressantes do Ensino Superior? Isso nos permite analisar o nível de proficiência escritora de ingressantes desse grau de ensino, buscando identificar e descrever que recursos foram utilizados nessa prática. Para isso, recorre-se a textos escritos de alunos ingressantes no Ensino Superior de uma instituição particular. O desenvolvimento dessa atividade pressupõe a habilidade para produzir textos com os recursos que evidenciam a competência comunicativa e, consequentemente, o grau de letramento. Como embasamento, destaca-se os estudos de Goody (1987) que apresenta as relações entre o letramento e os vários aspectos que envolvem as sociedades no desenvolvimento de uma cultura escrita; Luria (1992) que diferencia letrados e não-letrados, argumentando a operação de inferências e de estratégias de raciocínio letrado; além da contribuição de Beaugrande & Dressler (1981), Koch (2002), Koch & Elias (2009) e Cavalcante (2013), para questões sobre a compreensão e produção de textos com base em recursos da escrita. Os resultados corroboram o fato de que os recursos utilizados na escrita espelham a realidade linguístico-cognitiva do produtor, apresentando suas possibilidades linguísticas concernentes à organização textual e evidenciando o nível de letramento.
PALAVRAS-CHAVE: Letramento; escrita; ensino Superior.
O ENSINO DA CONSTITUIÇÃO DE NEXOS TEXTUAIS NOS POEMAS DE DRUMMOND
Dayse Oliveira BarbosaUniversidade de São Paulo
Este trabalho foi realizado com alunos da rede estadual de São Paulo, no decorrer do primeiro bimestre, do terceiro ano do ensino médio. O trabalho consistiu na análise da construção dos nexos textuais em cinco poemas significativos da obra do poeta Carlos Drummond de Andrade. São eles: Infância, Coisa miserável, Congresso internacional do medo, Tristeza no céu e Legado. A análise visou ao desenvolvimento da habilidade de reconhecer como os nexos textuais estruturam o poema, apropriando-se desses elementos no processo de produção de sentido do texto. Inicialmente, o professor realizou uma breve contextualização histórica e social da poética de Drummond. Em seguida, foi distribuído aos alunos um roteiro de atividades que foram desenvolvidas em duplas, em sala de aula, a fim de que, em cada fase da análise, os alunos viessem a compreender como as cadeias de nexos articuladas pelos recursos linguísticos, lexicais e gramaticais atuam em conjunto na construção de sentido dos poemas analisados. No final do trabalho, os alunos reuniram-se em uma roda de conversa, na qual trocaram experiências sobre o processo de análise dos nexos textuais nos poemas de Drummond.
PALAVRAS-CHAVE: Drummond, ensino, nexos textuais.
PROCESSOS REFERENCIAIS E A CONSTRUÇÃO DA COERÊNCIA EM FÓRUNS DE DISCUSSÃO EM EAD
Adriana Eugênia Antony AfonsoDentre formas de interação em um ambiente virtual de aprendizagem (AVA), destacamos o Fórum de Discussão como uma das mais importantes. O Fórum é uma ferramenta assíncrona de comunicação e permite além de mais espaço para participação, uma aprendizagem colaborativa. Com mais tempo para a construção de ideias, há, uma melhor elaboração da escrita. As pistas e os recursos estabelecidos na construção da ideia, tanto por parte do professor como do aluno são alvos potenciais desta reflexão. Assim, tem-se como questionamento: como acontecem os processos referenciais e a construção da coerência em Fóruns de Discussão em EAD? Os objetivos são analisar os processos referenciais e a construção da coerência em Fóruns, procurando identificar e descrever quais processos ocorrem para a construção da coerência. Considera-se como base a Linguística Textual e pauta-se nos estudos de Ribeiro (2016), Dudeney et al (2016), Barton & Lee (2015), para as questões da linguagem e ferramentas online; Cavalcante et al (2014), Mondada & Dubois (2013), Koch e Travaglia (2011), Roncarati (2010), para processos referenciais e coerência. Como corpus fixou-se os fóruns de discussão em EAD de uma Instituição de Ensino, no período de Agosto/2016 a Junho/2017. Os resultados corroboram o fato de que, nos Fóruns de Discussão, os processos de referenciação são importantes recursos na concessão da coerência e, principalmente, direcionam a elaboração do dizer, imprescindível na escrita, facilitando a objetividade necessária para a interpretatividade do texto e, consequentemente, para o desenvolvimento do processo autônomo de construção dos conhecimentos do aluno, na modalidade a distância.
PALAVRAS-CHAVE: Linguística Textual; processos referenciais e coerência; fóruns de discussão em EAD.
GAMIFICAÇÃO E APRENDIZAGEM DE LEITURA EM LÍGUA PORTUGUESA: UMA PARCERIA DE SUCESSO
Daniela Carnaúba Benedito – PUC SPO presente estudo teve por objetivo verificar a contribuição da estratégia de gamificação no processo de ensino e aprendizagem de leitura em Língua Portuguesa. Embasamo-nos na ideia de que o processamento textual depende dos conhecimentos ativados pelo leitor – conhecimento linguístico, conhecimento enciclopédico e conhecimento de mundo – e, principalmente, da interação entre leitor-texto-autor. Realizamos uma pesquisa bibliográfica tendo como ponto de partida o contexto histórico do ensino de Língua Portuguesa no Brasil (SILVA & CYRANKA, 2009); a concepção de alfabetização e letramento (ROJO, 2004; KLEIMAN, 2007) e as estratégias sociocognitivas de leitura (KOCH & ELIAS, 2017; MARCUSCHI, 2015; SOLÉ, 1998). Também foi necessário compreendermos o conceito e os mecanismos da gamificação para que pudéssemos analisar os seus efeitos. Para tanto, pautamo-nos, principalmente, nos estudos de Alves (2015) e Mattar (2010). A fim de examinarmos a contribuição da gamificação para as aulas de Língua Portuguesa, selecionamos atividades de leitura disponíveis na plataforma Aventuras Currículo+, projeto oferecido aos alunos da Rede Estadual de ensino de São Paulo, que tem por finalidade recuperar conteúdos e desenvolver competências e habilidades básicas relativas à leitura, à escrita e aos conhecimentos matemáticos. Os resultados obtidos demonstram que a gamificação é um recurso viável para o desenvolvimento de competências e habilidades de leitura, trazendo contribuições bastante positivas para a prática docente.
Palavras-chave: estratégias de leitura; gamificação e ensino de leitura; aprendizagem de leitura.
A CONSTITUIÇÃO DAS PERSONAGENS FEMININAS EM TRÊS VERSÕES DO CONTO “O BARBA-AZUL”: UM ESTUDO INTERTEXTUAL E ESTILÍSTICO
Débora Matos Alauk / PUC-SP
Os contos de fadas e maravilhosos selecionados para estudo perpassam diferentes períodos históricos que questionam a função social da mulher que muitas vezes ficava à mercê das ordens dos homens. Este trabalho tem por objetivo analisar os elementos intertextuais e expressivos das escolhas lexicais e seus possíveis efeitos de sentido, evidenciando o papel social das personagens femininas e do tratamento dos seus respectivos maridos/ pretendentes em relação a elas. Para o desenvolvimento deste estudo, destaca-se o texto-fonte “O Barba- azul”, de Charles Perrault, que é revisitado por Ruth Rocha com o conto do mesmo título e por Rubem Alves por meio da narrativa “O Barbazul” que, simultaneamente, reconstrói os elementos narrativos do conto original, enquanto o outro desconstrói o texto-fonte. Dessa maneira, o método adotado de análise é considerado como comparativo-contrastivo que ressalta as diferenças presentes entre as versões sobre a constituição da personagem. Nesse sentido, a justificativa deste estudo se dá pela possibilidade de investigar e analisar a intertextualidade e a expressividade das escolhas linguísticas para a formação de efeitos de sentido que contribuem no entendimento das relações interdiscursivas e expressivas constituídas nos três contos. O eixo teórico utilizado para elaboração deste trabalho é da Estilística, a partir dos autores, tais como Martins (2012) e Lapa (1977), Mattoso (1985) em diálogo com Linguística Textual, com ênfase nos processos de intertextualidade, baseando-se em autores como Koch, Bentes e Cavalcante (2012), Koch e Vanda (2014), Koch (2012, 2015), visando verificar e observar os elementos estilísticos e intertextuais presentes nos textos.
A NARRAÇÃO E A DESCRIÇÃO COMO FORÇA ARGUMENTATIVA NO DISCURSO SOCIAL.
Douglas Geraldo da Costa (UNICSUL)Vinculado à linha de pesquisa Texto discurso e ensino: processos de leitura e produção de texto escrito e falado e ao grupo de pesquisa Teorias e práticas discursivas e textuais, este trabalho objetiva apresentar pesquisa em desenvolvimento cujo escopo recai sobre práticas de leitura e produção de textos narrativos, utilizáveis como recurso argumentativo. As práticas contemplam as sequências textuais narrativa e descritiva (Adam, [2008]2011), que atendem aos preceitos metodológicos do Ensino Público. Conforme (Adam, [2008] 2011, p. 205), a descrição forma ciclos, mais de períodos do que sequências, e são, entretanto, tipificadas o suficiente, para serem identificáveis como unidades particulares. Para Adam (1985, p. 37), a sequência narrativa como uma combinação de uma ou mais funções com um ou mais atores onde o predicado organize os elementos e distribua os papéis através de uma relação lógico-semântica, interligando o fato através de uma relação cronológica e lógica e uma situação inicial e uma situação final conduzindo ao argumento. O Ensino Público prioriza a identificação, análise e produção dos gêneros e tipos textuais próprios a série / ciclo. O Corpus de análise, que serve de base para a pesquisa em desenvolvimento, constitui-se dos Capítulos 1 e 2 de “A escrava Isaura”, de Bernardo Guimarães. A análise visa explicitar através das sequências narrativas e descritivas como essas sequências estruturam e podem contribuir semanticamente para a construção do discurso argumentativo.
Palavras-chave: narração - descrição - argumentação.
Palavras-chave: Linguística Textual, Intertextualidade e Estilística
Palavras-chave: Escrita na Universidade. Dificuldades na Escrita. Gênero Monografia.
A NARRAÇÃO E A DESCRIÇÃO COMO FORÇA ARGUMENTATIVA NO DISCURSO SOCIAL.
Douglas Geraldo da Costa (UNICSUL)Vinculado à linha de pesquisa Texto discurso e ensino: processos de leitura e produção de texto escrito e falado e ao grupo de pesquisa Teorias e práticas discursivas e textuais, este trabalho objetiva apresentar pesquisa em desenvolvimento cujo escopo recai sobre práticas de leitura e produção de textos narrativos, utilizáveis como recurso argumentativo. As práticas contemplam as sequências textuais narrativa e descritiva (Adam, [2008]2011), que atendem aos preceitos metodológicos do Ensino Público. Conforme (Adam, [2008] 2011, p. 205), a descrição forma ciclos, mais de períodos do que sequências, e são, entretanto, tipificadas o suficiente, para serem identificáveis como unidades particulares. Para Adam (1985, p. 37), a sequência narrativa como uma combinação de uma ou mais funções com um ou mais atores onde o predicado organize os elementos e distribua os papéis através de uma relação lógico-semântica, interligando o fato através de uma relação cronológica e lógica e uma situação inicial e uma situação final conduzindo ao argumento. O Ensino Público prioriza a identificação, análise e produção dos gêneros e tipos textuais próprios a série / ciclo. O Corpus de análise, que serve de base para a pesquisa em desenvolvimento, constitui-se dos Capítulos 1 e 2 de “A escrava Isaura”, de Bernardo Guimarães. A análise visa explicitar através das sequências narrativas e descritivas como essas sequências estruturam e podem contribuir semanticamente para a construção do discurso argumentativo.
Palavras-chave: narração - descrição - argumentação.
GÊNERO TEXTUAL NOTA DE ESCLARECIMENTO: MOVIMENTOS RETÓRICOS EM FOCO
Eduardo de Souza Moreira (UNICSUL)Este trabalho enquadra-se em pesquisa de Mestrado em desenvolvimento e vincula-se à linha de pesquisa Texto discurso e ensino: processos de leitura e produção de texto escrito e falado e ao grupo de pesquisa Teorias e práticas discursivas e textuais. A pesquisa busca compreender como os conceitos ligados à noção de propósito comunicativo podem colaborar para caraterização do gênero textual nota de esclarecimento. Considerando que os gêneros textuais possuem a capacidade de organizar as formas de interação e comunicação, e carregam consigo um propósito comunicativo, que lhes confere uma dimensão social, a pesquisa se justifica pela disseminação de notas de esclarecimento nas sociedades do século XXI, marcadas por conflitos sociais; justifica-se também pela escassez de estudos sobre esse gênero. Como base teórica, partimos dos estudos de gênero de Bakhtin (2003), e dos estudos sociorretóricos de Bazerman (2005, 2006, 2013) e Miller (2011, 2012), uma vez que esses trabalhos entendem os gêneros textuais a partir de seu funcionamento social. Por outro lado, metodologicamente, nos orientamos, pelas sequências textuais explicativas tal como as desenvolve Adam (2011), e, especialmente, na relação entre propósitos comunicativos e movimentos retóricos investigados por Bezerra (2017). A título de exemplificação, analisamos, neste trabalho, uma nota de esclarecimento divulgada à imprensa, pela deputada Cristiane Brasil (PTB-RJ), no dia 05 de fevereiro de 2018. Os resultados apontam que, embora o gênero textual nota de esclarecimento esteja configurado dentro de movimentos retóricos explicativos, ele apresenta uma visada argumentativa, pois o enunciador atua retoricamente, com o propósito argumentativo de salvaguardar sua imagem.
PALAVRAS-CHAVE: Gêneros textuais; nota de esclarecimento; propósito comunicativo.
A ‘RUPTURA’ NO PROCESSO DE ENSINO DA LEITURA, ENTRE OS ANOS INICIAIS E FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL, NA REDE ESTADUAL DE ENSINO DE SÃO PAULO.
Ednaldo Torres da Silva – PUC-SP, ednaldotorres2@gmail.comEste trabalho tem como objetivo apresentar a pesquisa de doutorado, em andamento, intitulada “A ‘ruptura’ no processo de ensino da leitura, entre os anos iniciais e finais do ensino fundamental, na rede estadual de ensino de São Paulo”. ‘Ruptura’, nesse contexto, implica a diferença de aproveitamento dos alunos obtida nos exames oficiais, apresentados pelo Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp) e pela Avaliação Nacional do Rendimento Escolar (Prova Brasil). Disso decorre o problema da pesquisa: O que acontece entre os anos iniciais e finais, do ensino fundamental, que os alunos decaem tanto no aproveitamento da competência leitora? Pretende-se, como objetivo geral, investigar quais são os motivos que causam a ‘ruptura’ no processo de ensino da leitura, entre os anos iniciais e finais, do ensino fundamental, na rede pública estadual de São Paulo. O desenvolvimento desta pesquisa, na perspectiva de um estudo qualitativo, partirá da análise do Currículo de Língua Portuguesa, proposto pela rede estadual de ensino de São Paulo, para os anos iniciais e finais do ensino fundamental e da análise dos resultados disponibilizados pelos exames oficiais. O entrecruzamento dessas informações darão subsídios para as entrevistas semiestruturadas com perguntas espelhadas para o professor e para o professor coordenador. Como fundamentação teórica para coleta e análise dos dados, alguns autores poderão ser utilizados como: Coll (2000); Colomer e Camps (2002); Lencastre (2003), Lüdke e André (2013), Passarelli (2011), entre outros.
Palavras-chave: Ensino da leitura. Exames oficiais. Ensino fundamental.
A INFLUÊNCIA DA LEITURA PARADIDÁTICA NA COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
Elisângela Vieira de Abreu (SEDUCE-GO)Liliam de Oliveira (UEG-Iporá/IPPUCSP)
Resumo: Este artigo relata uma pesquisa empírica sobre a leitura de textos paradidáticos, objetivando verificar qual a influência que esta exerce na compreensão leitora, em decorrência da dificuldade encontrada pelos professores na formação de leitores autônomos, devido a prática ineficaz que a leitura vem sendo trabalhada no âmbito escolar. A presente pesquisa procura responder se o uso da leitura de textos paradidáticos auxilia na compreensão leitora do aluno. Esta investigação insere-se na área da Língua Portuguesa. Para tal pesquisa foram utilizadas crônicas de Luís Fernando Veríssimo, e os autores que embasaram a fundamentação teórica foram Kleiman (2004), Solé (1998) e Oliveira (2015). Destaca-se, na coleta de dados, o uso do protocolo verbal em grupo. Os alunos que participaram da pesquisa são do Ensino Fundamental II de uma escola pública da cidade de Iporá-GO. O material empírico foi coletado e analisado em uma perspectiva sócio-cognitiva-interacional. Os resultados mostraram que a leitura de textos paradidáticos auxilia na melhora do desempenho da competência leitora dos alunos que foram acompanhados, em relação ao seu estado anterior à pesquisa.
Palavras-chave: Leitura; Paradidático; Protocolo verbal em grupo.
A (DES)CONTINUIDADE TÓPICA NO DISCURSO INFANTIL
Elise Nakladal de Mascarenhas Melo – UPMO presente trabalho investiga as diferentes estratégias de expressão referencial utilizadas na manutenção da continuidade tópica em narrativas escritas destinadas ao público infantil, no português do Brasil. Para essa finalidade, verificam-se, quantitativamente, os seguintes fatores intervenientes na acessibilidade referencial: (i) distância; (ii) competição; (iii) saliência; e (iv) unidade (GIVÓN, 1983; ARIEL, 2016). O conjunto do córpus se compõe a partir das orações (tanto nucleares quanto subordinadas) ocorrentes no livro ilustrado Menina bonita do laço de fita (MACHADO, 2011), destinado ao público infantil. Adicionalmente, comparam-se os dados obtidos com o exame do texto História meio ao contrário (MACHADO, 2013), destinado, por sua vez, ao público infanto-juvenil, criando-se, portanto, a possibilidade de observar as diferentes estratégias de expressão referencial utilizadas nesses dois níveis de competência estimada de leitura. A Teoria da Acessibilidade, proposta por Ariel (2016), interpreta as expressões referenciais (no caso, definidas) como instruções, dirigidas ao ouvinte, concernentes ao acesso de representações mentais. Assim, ao escolher uma expressão referencial, o falante indica ao ouvinte a sua estimativa quanto à acessibilidade de uma determinada representação mental na consciência deste. Com a verificação dos quatro fatores intervenientes na acessibilidade referencial, apura-se a preferência pela menção por sintagma nominal lexical nos casos de intervenção negativa, bem como a preferência pela menção por sintagma nominal não lexical nos casos de intervenção positiva. Apura-se, ainda, que essas expressões referenciais, operando em conjunto com a ilustração, constituem diferentes estratégias de facilitação do acesso da criança a uma representação mental.
Palavras-chave: Funcionalismo. Continuidade tópica. Acessibilidade referencial
O USO DOS LIVROS DIDÁTICOS DE LÍNGUA PORTUGUESA NO PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL ESCRITA
Fabiana de Souza Trindade Lira – PUC/SPA pesquisa consiste em estudo sobre o uso do livro didático de Língua Portuguesa no processo de produção textual escrita, cujo objetivo é verificar quais as estratégias propostas e se facilitam ou não a promoção da aprendizagem. Inicialmente, resgatou-se o percurso do livro didático, com o intuito de compreender sua inserção nas escolas. Na sequência, apresentaram-se estudos que enfocam a escrita como prática social. Finalmente, realizou-se observação de aulas de Língua Portuguesa, tendo a finalidade de verificar como as estratégias propostas pelos livros didáticos são aplicadas. Desses procedimentos decorre uma reflexão sobre a eficácia ou ineficácia que tais estratégias alcançam e também a importância desse material para o ensino e a aprendizagem de Língua Portuguesa. A pesquisa embasa-se nos estudos de Passarelli (2004), Koch (2014), Cano (2011) e Elias (2014), que abordam as estratégias pedagógicas para o ensino da escrita. Ferreiro (2011), Bazerman (2012) e Marcuschi (2008) também fundamentaram o trabalho. Conclui-se que os livros didáticos são instrumentos docentes, pois facilitam o trabalho do professor, apresentando estratégias de ensino e metodologias diversas, sendo atrativo para os alunos pela riqueza de ilustrações e gêneros textuais contidos, os quais fazem parte do cotidiano. Mas, não é o único responsável pela aprendizagem da escrita: o educador é o protagonista da ação por ser o mediador e, assim, deve constantemente atualizar sua metodologia, para atender as necessidades dos alunos.
PALAVRAS- CHAVE: escrita, estratégias, livro.
A ESCRITA NA UNIVERSIDADE: RELATOS E REFLEXÕES ACERCA DA ELABORAÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO MONOGRAFIA
Francisca Corrêa AmaralProf. Dr. Francisco de Assis de Carvalho de Almada
Esta pesquisa reflete sobre a relevância da escrita no Ensino Superior. Foi pensando nessa temática, que houve a necessidade de indagar quais fatores corroboram para que os alunos do curso de Pedagogia, de uma universidade pública, encontrem dificuldades no processo de elaboração textual do gênero Monografia? Assim sendo, teve como finalidade investigar a natureza de possíveis dificuldades enfrentadas pelos acadêmicos do curso supracitado no processo de elaboração textual da monografia. Para tanto, acreditou-se ser necessário entender o papel da escrita na formação universitária, os gêneros exigidos nessa etapa de ensino, bem como refletir quanto aos acadêmicos estarem sendo efetivamente preparados ao que os espera no final da graduação: a monografia. O presente estudo contou com pesquisas bibliográficas e de campo. Foi pautado em uma abordagem qualitativa, por existir a necessidade de explicar o objeto de estudo. A coleta de dados se deu por meio de questionários, com questões abertas, aos acadêmicos participantes. De posse dos resultados obtidos, procurou-se analisá-los de modo interpretativo. Nesse sentido, tais resultados comprovaram que a dificuldade de escrita é decorrente da falta do hábito de leitura. Para embasar tal estudo, utilizou-se como referencial teórico a visão de vários autores, a saber: Antônio Joaquim Severino (2007), Luiz Antônio Marcuschi (2008), Ingedore Villaça Koch e Vanda Maria Elias (2017), entre outros. É necessário mencionar, por fim, que esta pesquisa pretende contribuir com estudos sobre gêneros textuais acadêmicos, por isso se coloca como ponto de partida para debates, seja em relação ao corpus ou, ainda, referente às análises apresentadas.
SOBRE O STATUS TIPOLÓGICO DA “SUSTENTAÇÃO ORAL DE DEFESA PÚBLICA”: ESTUDOS SOBRE UM GÊNERO ORAL PÚBLICO
Gil Negreiros (UFSM)No âmbito da Linguística Textual e da Análise das Conversação, há a necessidade de se investigar a dinâmica dos gêneros orais e suas configurações. Como fruto das pesquisas desenvolvidas no âmbito do Grupo de Pesquisa “Gêneros orais e escritos” (GOE), vinculado à Universidade Federal de Santa Maria, este trabalho tem como tema a definição e a caracterização de um gênero oral político-jurídico: a sustentação oral de defesa pública. O objetivo principal é analisar e caracterizar a sustentação de defesa oral pública, realizada pelo Advogado-Geral da União, José Eduardo Cardozo, em 11 de abril de 2016 na Comissão Especial da Câmara dos Deputados, no âmbito do processo de impeachment da Presidente Dilma Rousseff. Baseamo-nos nos pressupostos teóricos de teoria de caracterização de textos, de Travaglia (2007a, 2007b, 2018) e da Análise do Discurso Crítica, de Faiclough (2003). A metodologia é qualitativa, de caráter indutiva na seleção dos dados. Os resultados revelam as características do gênero oral em questão, com características peculiares tendo em vista as condições de produção e as esferas sociais que envolvem o texto.
Palavras-chave: Gêneros textuais. Gêneros orais. Sustentação oral de defesa pública.
O PROCESSO SIGNIFICATIVO DE USO DA REPETIÇÃO NA CONTINUIDADE DE SENTIDO DO TEXTO
Gilvana Mendes da Costa (UESPI)RESUMO: Neste trabalho analisamos a continuidade de sentido do texto em contos escritos por alunos do 6º ano do Ensino Fundamental a partir do uso do recurso da repetição. A continuidade discutida neste estudo refere-se à relação coesiva de reiteração de um referente específico escolhido pelo autor do conto para desencadear toda a narrativa empreendida por ele. Com base nos estudos de Antunes (2005) sobre a relação textual de reiteração, focalizamos a repetição de unidades do léxico para a observação da continuidade referencial na produção escrita. A repetição de unidades lexicais e/ou gramaticais no processo de produção textual nem sempre é vista como procedimento significativo. Estudos específicos da área da linguística de texto demonstram potencialidades específicas de uso desse recurso na construção de sentido do texto. Este trabalho de natureza qualitativa, de cunho descritivo e de campo apresenta uma análise interpretativa de 10 textos. Nesse corpus verificamos que os recursos de repetição são mais producentes para a continuidade referencial quando estão localizados nas partes prototípicas que organizam a composição do gênero conto. Dessa forma, aliado ao estudo da relação de reiteração da referência introduzida no texto está o estudo das sequências textuais. Os postulados teóricos de Marcuschi (1992), Antunes (2005, 2012), Costa Val (2006); Bonini (2005) foram de suma relevância para a compreensão da temática abordada, logo, para o desenvolvimento desta pesquisa.
PALAVRAS-CHAVES: Coesão; Reiteração; Repetição; Sequência textual.
O LÉXICO DA CONSCIENTIZAÇÃO AMBIENTAL EM ANÚNCIOS PUBLICITÁRIOS DE LIVROS DIDÁTICOS
Lúcia Helena Ferreira Lopes – FTM/EEGIP/FAPEMIGEsta comunicação, circunscrita aos estudos do Léxico na interface com aqueles da Linguística Textual-Discursiva, apresenta resultados de parte uma investigação – inserida em um projeto mais amplo sobre os estudos léxico-gramaticais em materiais didáticos – cujo propósito foi analisar a função do léxico no processo de construção-desconstrução-reconstrução do discurso de conscientização ambiental em anúncios institucionais e governamentais, inscritos em livros didáticos de Língua Portuguesa. Adotou-se como base teórica o gênero publicitário, mais especificamente, os anúncios de mídia impressa (Sant’Anna, 2001) e Lomas (2006), bem como os estudos lexicais (Biderman, 1981), (Barbosa, 1998), (Turazza, 2002- 2008); (Brottier, 2005), (Lara, 2006), (Carvalho, 2009) e, também, consultas em dicionários (Houaiss; Villar, 2009), (Caldas Aulete on line). O resultado da análise lexical, circunscrita aos verbos no modo imperativo, evidenciou, entre outras, a preocupação dos anunciantes com a preservação do meio ambiente e com a proteção dos animais. Todavia, na materialidade linguística, a seleção lexical desvela um discurso governamental que incita a delação, ato que carrega marcas do autoritarismo que perpassa a administração do Brasil em tempos de Colônia e perdura nos tempos da República, conforme as definições da lexia ‘denunciar’ << acusar, delatar, mostrar, revelar, tornar público >> em “Maus-tratos (de animais) é crime. Denuncie.” e “Denuncie o comércio ilegal de aves silvestres.” Em contrapartida, o anúncio do Projeto Esperança Animal adota um discurso mais tolerante; provoca o diálogo ao selecionar a lexia ‘falar” (conversar, dialogar) com relação à crueldade e à negligência no trato de animais: “Eles (os animais) não podem falar abertamente. Fale por eles...”. Postula-se, assim, a necessidade de transposição didática dos estudos lexicais para o espaço de ensino-aprendizagem na busca pela compreensão dos sentidos dicionarizados e a (re)construção de novos sentidos, considerando o contexto sócio-cultural-histórico, bem como a dinamicidade lexical. Tais atividades facultam o desenvolvimento das habilidades de leitura-escrita significativas dos aprendentes.
Palavras-chave: Léxico, Anúncio publicitário, Leitura-escrita.
A RECATEGORIZAÇÃO EM NARRATIVAS INFANTIS CONTEMPORÂNEAS
Luciana Ribeiro de Souza (UPM)A recategorização é uma estratégia de designação por meio da qual os interlocutores reapresentam um referente, modificando-o de acordo com a situação enunciativa (APOTHÉLOZ; REICHLER-BÉGUELIN, 1995). Isso quer dizer que a recategorização está intrinsecamente relacionada com a intenção do interlocutor, que, para fazer fluir a sua mensagem, escolhe, ao construir o texto, a categoria com a qual irá introduzir ou retomar um referente que compõe a teia referencial. Partindo dessa proposição, este trabalho, que se desenvolve no campo da referenciação textual (processo no qual um referente é introduzido e posteriormente retomado no texto), objetiva verificar como se configura a recategorização em narrativas contemporâneas destinadas ao público infantil (enunciados que trazem, comumente, o texto verbal e o imagético interligados). Para esta verificação foram selecionados excertos ilustrados dos livros A arca de Noé, de Ruth Rocha (2004), ilustrado por Cláudio Martins, e Besouro e prata, de Ana Maria Machado (1999), ilustrado por Rosana Munhoz. Com apoio da teoria funcionalista (HALLIDAY; MATTHIESSEN, 2004; Dik, 1997; NEVES, 2004; 2007; 2011), o resultado deste estudo indica, dentre outras coisas, que, no tipo de texto examinado, as recategorizações ocorrem: (i) com baixa frequência; (ii) na maioria das vezes, por meio de pistas dispostas ora no texto verbal ora no texto imagético, o que facilita para o leitor (criança) compreender a reapresentação do referente que já havia sido categorizado no texto.
Palavras-chave: funcionalismo; recategorização; narrativas infantis.
CINDERELA EM TRÊS VERSÕES: INTERTEXTUALIDADE E MEMÓRIA
Márcia Silva Pituba Freitasmarpituba@hotmail.com
Pontifícia Universidade Católica - SP
Este trabalho visa refletir acerca da contemporaneidade da intertextualidade em relação à memória. Assim, usamos como corpus de análise três retextualizações do conto de fadas Cinderela: a de Perrault (1697) cujo título é Cinderela; a dos Irmãos Grimm (1812) que é A Gata Borralheira e, por fim, a de Romero (1885), Maria Borralheira. Como problema questionamos: de que forma a memória contribui para a presença e o reconhecimento da intertextualidade? Por meio das versões mencionadas, verificamos que a memória, em um nível individual, mantém a preservação do conto por meio da identidade que mantém com o ouvinte. Já em um nível coletivo, possibilita, por meio da tradição e dos costumes, a preservação do acervo cultural de uma sociedade, viabilizando que novas versões surjam, mantendo, assim, tanto por meio das semelhanças quanto das diferenças, a presença da intertextualidade. A relação memória e intertextualidade é demonstrada por meio de alguns elementos mágicos, presentes nas versões utilizadas. Para melhor sistematização destes dados, organizamos uma tabela, em que é possível se observar tal estudo. Utilizamos como base teórica os postulados de Robin (2016), Beaugrande (1997), Paulino, Walty e Cury (1995) entre outros. O resultado alcançado foi o de que, a memória é reconhecida como elemento de preservação e manutenção da intertextualidade, que se manifesta não só nas semelhanças quanto também nas diferenças dos elementos mágicos.
Palavras-chave: Cinderela, intertextualidade, memória
PLANEJAMENTO E PRÁTICA DA ESCRITA ARGUMENTATIVA NA EBTT
Maria Isabel Soares Oliveira – PUC-SP / IFMA – Campus PinheiroOrientadora: Sueli Cristina Marquesi – PUC-SP
RESUMO: O planejamento da escrita argumentativa na Educação Básica, Técnica e Tecnológica (EBTT) organizada em oficinas que tratam da redação do Enem com foco nos critérios de avaliação pode contribuir para o ensino e a aprendizagem da produção textual. Esta comunicação enquadra-se em projeto de pesquisa de doutorado vinculado à linha de pesquisa Leitura, escrita e ensino de língua portuguesa, do Programa de Estudos Pós-graduados em Língua Portuguesa da PUC-SP. Partimos da leitura e compreensão das cinco competências exigidas na redação do Enem, conforme a cartilha do participante, (BRASIL, 2016); para analisarmos uma redação nota 1000 e uma redação diagnóstica da EBTT, ambas elaboradas segundo a proposta de redação do Enem 2015: A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira. As análises fundamentam-se na Linguística Textual de abordagem sociocognitiva e interacional, especialmente no conceito de plano de texto (ADAM, 2011; CABRAL, 2013; MARQUESI; ELIAS; CABRAL, 2017); nas dificuldades de escrita identificadas por (PÉCORA, [1983], 2011; GERALDI, [1986], 2006; CABRAL; MARQUESI, 2008); e nos critérios de avaliação da redação do Enem (BRASIL, 2016). Consideramos que o planejamento e a prática da escrita em sala de aula da EBTT podem contribuir para o desenvolvimento da proficiência da escrita argumentativa dos alunos.
Palavras-chave: Plano de texto. Planejamento da escrita. Redação diagnóstica.
SEQUÊNCIA ARGUMENTATIVA E ESCRITA CORTÊS: UMA ANÁLISE EM REDAÇÕES NOTA 1000 DO ENEM E REDAÇÕES DIAGNÓSTICAS DA EBTT
Maria Isabel Soares Oliveira – PUC-SP / IFMA – Campus PinheiroOrientadora: Sueli Cristina Marquesi – PUC-SP
A escrita responsável tem força de prova na defesa de um ponto de vista. Diante da relevância que a prática da escrita tem na sociedade atual, é necessário ensinar a cortesia na escola, a fim de que os alunos aprendam a escrever de forma cortês: sem insultos, sem agressividade e sem violência. Este trabalho enquadra-se em projeto de pesquisa de doutorado vinculado à linha de pesquisa Leitura, escrita e ensino de língua portuguesa, do Programa de Estudos Pós-graduados em Língua Portuguesa da PUC-SP. Partimos da compreensão da competência V exigida na redação do Enem (BRASIL, 2016): Elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando os direitos humanos; analisamos as sequências argumentativas e a cortesia em duas redações nota 1000 do Enem e duas redações diagnósticas da EBTT; e elaboramos a escrita de uma proposta de intervenção com base no tema de redação do Enem 2015: A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira. As análises fundamentam-se na Linguística Textual de abordagem sociocognitiva e interacional, especialmente no conceito de sequência argumentativa (ADAM, 2011) e nas contribuições de (MARQUESI; ELIAS; CABRAL, 2017); na reflexão sobre a ética no ensino da língua portuguesa (CINTRA, 2007); nos aspectos de cortesia na polémica escrita (RODRIGUES, 2014); nas interações verbais em ambientes virtuais: cortesia, descortesia, mal-entendido (CABRAL, 2014); e nos critérios avaliativos da redação do Enem (BRASIL, 2016). Dessa perspectiva, entendemos que ensinar a cortesia conscientiza o aluno do cuidado necessário com a linguagem escrita, e aplicamos a Linguística Textual para a vida.
Palavras-chave: Sequência argumentativa. Cortesia na escrita. Redação.
MARCAS DE SUBJETIVIDADE E ESTRATÉGIAS ARGUMENTATIVAS: A CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO NO DISCURSO POR MEIO DOS DIÁLOGOS PRODUZIDOS POR CHATTERBOTS
Victor Urayama ALVESA partir do postulado de Benveniste, de que “É na linguagem e pela linguagem que o sujeito se constitui como sujeito” (1991, p. 286), este trabalho tem como objetivo apresentar as marcas de subjetividade presentes nos textos dialogais produzidos por programas de inteligência artificial, os chatterbots, e as estratégias argumentativas que sustentam a autenticidade dos discursos produzidos pelos softwares que simulam o comportamento humano por meio da linguagem. Dessa forma, propomos neste trabalho investigar a constituição do sujeito no discurso por meio do texto dialogal produzido pelos chatterbots ELIZA, desenvolvido em 1966 pelo cientista da computação Joseph Weinzenbaum, e Eugene Gootsman, vencedor do evento que promovia a competição do Teste de Turing, organizada pela universidade de Reading, em Londres, no ano de 2014. O critério adotado para o desenvolvimento da análise do texto que compõe o corpus segue os pressupostos metodológicos pautados nos conceitos propostos por Benveniste (1991), dos estudos da enunciação e da constituição do sujeito pela linguagem, de CABRAL, SEARA e GUARANHA (2017) e SEARA (2014), acerca das estratégias argumentativas de cortesia e descortesia linguística e de AUSTIN (1962) e SEARLE (1969) sobre a teoria dos atos de fala. Destaque-se que o trabalho vincula-se a pesquisa de Mestrado, ainda em estágio inicial, em desenvolvimento no âmbito do grupo de pesquisa “Teorias e Práticas Discursivas e Textuais”, especificamente da linha de pesquisa de “Texto, discurso e ensino: processos de leitura e produção de texto escrito e falado”, do programa de Mestrado em Linguística da Universidade Cruzeiro do Sul.
Palavras-chave: Chatterbots, Marcas de subjetividade, Estratégias argumentativas.
O ENSINO DA CONSTITUIÇÃO DE NEXOS TEXTUAIS NOS POEMAS DE DRUMMOND
Dayse Oliveira BarbosaUniversidade de São Paulo
Este trabalho foi realizado com alunos da rede estadual de São Paulo, no decorrer do primeiro bimestre, do terceiro ano do ensino médio. O trabalho consistiu na análise da construção dos nexos textuais em cinco poemas significativos da obra do poeta Carlos Drummond de Andrade. São eles: Infância, Coisa miserável, Congresso internacional do medo, Tristeza no céu e Legado. A análise visou ao desenvolvimento da habilidade de reconhecer como os nexos textuais estruturam o poema, apropriando-se desses elementos no processo de produção de sentido do texto. Inicialmente, o professor realizou uma breve contextualização histórica e social da poética de Drummond. Em seguida, foi distribuído aos alunos um roteiro de atividades que foram desenvolvidas em duplas, em sala de aula, a fim de que, em cada fase da análise, os alunos viessem a compreender como as cadeias de nexos articuladas pelos recursos linguísticos, lexicais e gramaticais atuam em conjunto na construção de sentido dos poemas analisados. No final do trabalho, os alunos reuniram-se em uma roda de conversa, na qual trocaram experiências sobre o processo de análise dos nexos textuais nos poemas de Drummond.
PALAVRAS-CHAVE: Drummond, ensino, nexos textuais.
9. GRUPO DE DISCUSSÃO: LUSOFONIA E ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA
LUSOFONIA: PELA PERCEPÇÃO DE UMA HISTÓRIA EM QUADRINHOS
CILL/Doutoranda em Letras UPM
A Lusofonia vem ganhando cada vez mais espaço, pois representa, em um conceito amplo, não apenas um espaço composto por um conjunto de países que partilham um mesmo idioma, a Lusofonia representa a cultura e a ideologia de uma "nação". Assim sendo, ao pensarmos em culturas Lusófonas analisadas cultural, sociológica e criticamente, é inserido um estudo concentrado na subjetividade, identidades e nas interações culturais, contrastando a homogeneidade da língua com a heterogeneidade dos espaços. (BASTOS, BRITO e HANNA, 2010). A Lusofonia se estrutura como elemento primordial no que se refere à uma nova realidade que, no futuro poderá assumir uma importância determinante para a divulgação da língua portuguesa, não somente no âmbito político, mas também, em uma união linguística e cultural. Nosso estudo focaliza o jornalista brasileiro Pedro Cirne que, a partir de uma história familiar, organizou uma história em quadrinhos e convidou autores lusófonos para escreverem narrativas sob a temática "Púrpura". Cada autor terá uma visão diferenciada do tema a partir de sua cultura. Assim, tal narrativa se torna um incentivo para se trabalhar a Lusofonia. O foco deste trabalho é criar subsídios para se trabalhar esta história em quadrinhos nos cursos de graduação em Letras e Pedagogia, pois investindo na educação lusófona desses profissionais, teremos mais conhecedores e difusores da Lusofonia em nosso país, que é tão carente deste tipo de profissional.
Palavras-chave: Lusofonia, história em quadrinhos, formação de professor.
UM ESTUDO DOS COMENTÁRIOS DAS PÁGINAS DE FACEBOOK DE POLÍTICOS BRASILEIROS E PORTUGUESES À LUZ DA CORTESIA, DESCORTESIA E ATIVIDADE DE IMAGEM
Mariana Santos de Andrade – UPMO uso de uma língua está intimamente conectado à maneira com a qual os falantes se expressam como indivíduos, considerando a linguagem como mediadora entre o sujeito e a realidade. Dentro desse quadro teórico, este trabalho objetiva mostrar como dois países pertencentes ao universo lusófono, Brasil e Portugal, utilizam o português como representação de diferentes características que colaboram para suas construções identitárias. Assim, pretende-se contribuir tanto para o desenvolvimento dos estudos lusófonos quanto para a (des)cortesia linguística, considerando o uso da cortesia, da descortesia e das demais atividades de imagem como aspectos culturais. Em busca de alcançar o propósito apontado, foram eleitos como material de análise as páginas eletrônicas de perfil da rede social Facebook que representam os políticos Dilma Rousseff e Marcelo Rebelo de Souza. Serão analisadas as atividades de imagem elaboradas pelas figuras de ambos, além da interação que se dá nos comentários feitos pelos membros que os seguem online, tendo por embasamento teórico principal os estudos sobre cortesia, descortesia e atividade de imagem (BRAVO, 1999, 2004), (FLORES, 2004). Compreendem-se os atos corteses e descorteses como tipos de atividade de imagem que colaboram para o equilíbrio ou fracasso das interações sociais. Sendo assim, aponta-se que uma mesma língua pode ser utilizada de formas distintas, colaborando na manifestação das diferentes culturas de diferentes povos, como é o caso do Brasil e de Portugal.
Palavras-chave: cortesia, lusofonia, discurso político
PRÁTICAS DE ENSINO DE LITERATURA LUSÓFONA AFRICANA NO ENSINO MÉDIO: OFICINAS DE TRADUÇÃO INTERSEMIÓTICA
Ana Claudia Mafra da Fonseca – IFRNO presente trabalho tem por objetivo relatar experiências de ensino de literatura realizadas com alunos do ensino médio, que fizeram uso da tradução intersemiótica como ferramenta de releitura e recriação estética da escrita literária, tomando como foco temático poemas de autores africanos escritos em língua portuguesa. Pensadas a partir da necessidade de inserção das temáticas de cultura e literatura africanas no currículo do ensino médio, conforme prevê a lei 10.639/03, essas experiências apoiaram-se nos estudos da tradução intersemiótica, definida como tradução de um sistema de signos para outros sistemas semióticos, estudada por Jakobson, Júlio Plaza, Mario Praz, Nelson Goodman, entre outros autores. O percurso metodológico teve início com uma apresentação do tema e com a sugestão de pesquisa sobre os autores africanos. Em seguida, foram realizadas oficinas de leitura de poemas de alguns desses autores. Os alunos foram então conduzidos a dar forma às suas leituras em outros suportes estéticos de linguagem visual ou audiovisual, sempre a partir de suas percepções e vivências, por um lado, e de suas habilidades e / ou interesses, por outro. Como resultados, tais práticas contribuíram: a) para a possibilidade de utilizar as artes visuais e audiovisuais como suportes de compreensão e recriação literárias; e b) para o reconhecimento da cultura e da literatura africanas como partes integrantes da cultura nacional, tendo como cerne principal os seus aspectos literários, entendendo que tal reconhecimento e valorização visam combater uma visão estereotipada e revestida de preconceitos acerca do continente e dos povos africanos.
PALAVRAS-CHAVE: tradução intersemiótica, literatura africana, oficinas de criação.
ESTUDOS LUSÓFONOS EM BASE DE DADOS
Regina Pires de Brito, Gabriella AraújoLeticia Tiemi Hata, Renata Rodrigues,
Layla Vasconcellos, Pedro A. Zambon
CILL-CNPq/Mackenzie (UPM)
Parte de projeto maior no âmbito dos estudos do Grupo CNPq CILL – Cultura e Identidade Linguística na Lusofonia/Mackenzie, esta comunicação objetiva investigar a trajetória do uso do termo “Lusofonia” em títulos e subtítulos de obras encontradas em acervos virtuais de bibliotecas de referência na área, semelhantemente ao que o Grupo já desenvolveu junto à base de dados SciELO (Brasil e Portugal). Pesquisas de caráter bibliográfico possibilitam mapear a produção acadêmica dos diversos campos do conhecimento, contribuindo para reflexões a respeito de um dado tema no âmbito do seu campo de pesquisa, além de tornar possível o debate de ideias, as perspectivas, tensões e conflitos no processo de produção dos saberes de uma área. Nesta fase da pesquisa, realizaram-se buscas sistemáticas nas bases de dados das bibliotecas: Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro; Biblioteca da Universidade de Macau; Biblioteca e Repositorium da Universidade do Minho; Biblioteca da Universidade de Coimbra e Biblioteca Virtual da Universidade de Harvard. Foram vários os descritores utilizados nos motores de busca, dos quais se destacam: lusofonia, lusófono, estudos lusófonos, Lusophone Studies,CPLP, PALOP, Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste). A partir do levantamento dos termos pretende-se, numa próxima etapa, reunir informações que especifiquem o contexto de uso do vocábulo; o ano de lançamento da obra e o sentido que o uso deste termo sugere ao leitor. A análise desses dados permitirá delinear um painel da produção científica nos estudos da lusofonia, em diferentes espaços acadêmicos do globo, disponibilizada por meio eletrônico.
PALAVRAS-CHAVE: Lusofonia; acervos virtuais; cibercultura.
CILL-CNPq/Mackenzie - Mario Coutinho; Layla Vasconcellos; Leticia Tiemi Hata; Isabel Santos Brito; Raquel Conte; Ana Karoline de Almeida; Pedro A. Zambon; Gabriella Araujo; Renata Rodrigues; Ana Flavia Furtado.11.GRUPO DE DISCUSSÃO: PRODUÇÃO ESCRITA E ENSINO
A IMPORTÂNCIA DAS PORÇÕES PERIFÉRICAS DA REDAÇÃO:
ESBOÇO, INTRODUÇÃO, RESUMO E CONCLUSÃO
Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ
Academia Brasileira de Filologia – ABF
SELEPROT – Semiótica, leitura e produção de textos
Este texto tem por objetivo discorrer acerca das porções periféricas da redação: esboço, introdução, resumo e conclusão, as quais são abordadas de maneira menos cuidada e até superficial (algumas vezes, sequer são abordadas, como costuma acontecer com o esboço e o resumo em muitos livros voltados especificamente para o ensino de redação). A motivação para o presente artigo é a crença, seguidamente confirmada por exemplos, de que a parte mais extensa e produtiva da produção textual, o desenvolvimento, fica grandemente comprometida se não se dá a devida atenção ao esboço e à introdução, para a progressão da argumentação e entendimento do conteúdo; e ao resumo e à conclusão, para a eficácia comunicativa e interação com o público leitor. Neste trabalho, pretendemos demonstrar que essas partes da produção de textos são fundamentais para que o desenvolvimento da exposição e da reflexão, visto que o esboço funciona como seu arcabouço, o esqueleto sobre o qual o texto se apoiará; a introdução estabelece as diretivas a seguir, as perguntas a serem pesquisadas e respondidas pelo texto; o resumo constitui uma apresentação muito necessária do texto ao público interessado; e a conclusão apresenta as soluções ou o desenlace dos problemas e situações apresentados na introdução e aprofundados no desenvolvimento.
Palavras-Chave:
Redação, Esboço, Introdução, Resumo, Conclusão.PONDO ORDEM NO CAOS – O EU E O OUTRO NA REDAÇÃO ESCOLAR.
Ana Flávia Nejaim MesquitaUniversidade Presbiteriana Mackenzie
Neste estudo, analisam-se os resultados de um trabalho pedagógico com o texto, realizado com alunos do Ensino Médio, em Oficinas de Redação promovidas em uma escola localizada em Jacareí – SP.Tendo como objetivo verificar a qualidade das redações executadas nesse espaço, o que foi fundamentado nas orientações de Garcia (2010) sobre como pode ser ordenado o pensamento e nas reflexões freireanas sobre a relação do sujeito com a palavra escrita, observou-se a necessidade de buscar alternativas que tornem os alunos autores de seus textos. Nesse sentido, trata-se de uma pesquisa que busca influenciar a concepção escolar sobre a redação do aluno, a qual é vista como passaporte de aprovação no vestibular, mas é pouco valorizada em sua função de dar voz aos alunos. Segundo Lucy Calkins (1989), as oficinas de escrita consistem em um método composto por uma série de práticas que valorizam o processo, estimulado por meio de um repertório diversificado com o qual o aluno interage. Assim, o sequenciamento das oficinas visou à interação, o que permitiu que os alunos, além de produzirem bons textos, aproximassem-se uns dos outros, a partir de uma discussão sobre o papel do Outro no processo de construção do Eu que se revela no Texto. O trabalho realizado em tais oficinas reforça a perspectiva do direito à escrita, inspirada em Cândido (1995). A ideia é demonstrar que alunos são autores em formação; por isso, cabe à escola instrumentalizá-los para que, como autores, sejam capazes de transformar a realidade sócio-histórica onde se inserem.
PALAVRAS-CHAVE: Autoria; Oficinas; Redação.
CRÔNICA COMENTADA: ANÁLISE DAS ESTRATÉGIAS ARGUMENTATIVAS
Beatriz Pacheco (Centro Universitário de Barra Mansa)Alexandra Mansur (Centro Universitário Geraldo Di Biase)
Usar a sofisticação da palavra foi uma condição para que o homem saísse de uma situação primitiva em que se usava a força bruta nas suas conquistas para uma situação moderna em que as conquistas se dão a partir da persuasão. Persuadir, por meio de estratégias de raciocínio, é um recurso não somente requintado, como também imprescindível ao processo civilizatório. A argumentação está atrelada à vida em sociedade que sofreu um forte impacto no último século, na medida em que tecnologias digitais ocuparam um lugar estratégico no desenvolvimento social e proporcionaram novas formas de sociabilidade e novas possibilidades de comunicação e interação. Além de transformar nossa maneira de pensar e entender o mundo, a web 2.0 revolucionou a argumentação, uma vez que proporciona ao indivíduo a experiência singular de olhar para o mesmo objeto sob perspectivas múltiplas. Este trabalho visa analisar as estratégias argumentativas utilizadas nos comentários atrelados à crônica de Gregório Duvivier, no Jornal Folha de São Paulo online. O estudo da formulação de argumentos voltados para a persuasão no meio digital permite analisar os diferentes pontos de vista dos leitores e de que forma o diálogo do autor com o leitor é entremeado por opiniões convergentes e/ou antagônicas. Para cumprir essa tarefa, seguimos os modelos argumentativos, delineados, principalmente, por Othon M. Garcia na obra Comunicação em Prosa Moderna.
Palavras-Chave:
comentários – argumentação – persuasãoENSINO DA LÍNGUA: CONTRIBUIÇÕES DA TEORIA DA TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA E DOS ESTUDOS DE VYGOTSKY
Damares Souza SilvaUniversidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
O tema deste estudo está centrado no ensino da língua, tendo como base a Teoria da Transposição Didática de Chevallard e os estudos de Vygotsky. O objetivo é refletir a respeito das possíveis contribuições que a articulação entre os estudos de Chevallard (1991) e de Vygotsky (1984) podem oferecer às práticas de ensino da língua. Partimos dos seguintes questionamentos: de que forma a Teoria da Transposição pode contribuir para o ensino e aprendizagem da língua? Os estudos de Vygotsky podem respaldar um determinado ensino e aprendizagem da língua pautado na concepção da Teoria da Transposição Didática? Para atingir os objetivos do estudo optamos pela pesquisa exploratória. Segundo Gil (2010), as investigações exploratórias têm como propósito propiciar maior proximidade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito. Justifica-se a presente proposta na medida em que apresenta uma reflexão teórica de ensino que alinha conhecimentos advindos da filosofia focados nos estudos de Chevallard com conhecimentos advindos da psicologia da educação provenientes das investigações focalizadas nas ideias de Vygotsky, a fim de identificar aspectos em ambas teorias que possam colaborar com a busca de possíveis caminhos para superar um dos maiores desafios do ensino da língua: a grande dificuldade em articular o conhecimento teórico acadêmico atualizado acerca do ensino da língua com a prática de ensino escolar.
Palavras Chaves: Ensino da língua; Teoria da Transposição Didática; Interação
A BNCC E UMA NECESSÁRIA REFLEXÃO SOBRE A CONSTITUIÇÃO DE AUTORIA NA ESCOLA
Elioenai dos Santos Piovezan (doutorando PUC-SP)Roberta Maria de Souza Piovezan (doutoranda PUC-SP)
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) do Ensino Fundamental, aprovada pelo MEC em dezembro de 2017, deverá ser implementada pelos sistemas de ensino brasileiro até 2020. Muito criticada por especialistas que ficaram alijados do processo ou desconhecem suas contribuições na terceira e última versão do documento, a BNCC traz diferentes concepções pedagógicas como fundamentação teórica e um conjunto de conteúdos detalhados em seus componentes curriculares. Dessa forma, nosso objetivo é fazer uma reflexão acerca do componente Língua Portuguesa, mais especificamente do conteúdo relacionado à produção escrita e à autoria, previstos para 5º e 6º anos, a fim de verificar a pertinência da proposta. Como arcabouço teórico, valemo-nos da pedagogia crítica de Giroux (1997) e Freire (1980), com foco no currículo. Já as capacidades de escrita e constituição de autoria encontram suporte em Passarelli (2012), Ferreira (2010), Possenti (2002), Bakhtin (1997) e outros. Ao fim, devemos constatar que a BNCC contempla, pelo menos em parte, conteúdos que apontam para a prática de constituição de autoria, embora caiba à escola e, principalmente ao professor de língua materna, viabilizar as condições objetivas e subjetivas, bem como trabalhar as possibilidades textuais e discursivas dos alunos em situações sempre contextualizadas.
Palavras-chave: currículo; autoria; produção escrita
“MAIS DIREITOS, MENOS GRADES” UMA PROPOSTA DE REDAÇÃO NO CONTEXTO DA FORMAÇÃO CIDADÃ.
Gilberto Henrique da Silva JuniorNesta comunicação analisaremos a proposta do concurso de redação promovido pela Defensoria Pública da União (DPU) no ano de 2017, cujo tema é “Mais direitos, menos grades!”. Esse concurso é destinado a alunos matriculados no Ensino Fundamental II e Médio (incluindo as turmas de EJA – Educação de Jovens e Adultos). Abordaremos as principais teorias linguísticas que embasam a proposta e a relevância do tema para a produção textual e exercício da cidadania. Discutiremos as orientações fornecidas ao professor e analisaremos os textos-base que subsidiam a produção escrita. Além disso, mostraremos trechos de textos produzidos por alunos da Educação de Jovens e Adultos que participaram do concurso. Partiremos do pressuposto de que ao participarem de práticas significativas de leitura, os alunos adquirem repertório para construírem argumentos consistentes. Além disso, acreditamos que a escolha temas relevantes pode motivar o interesse pela escrita e promover o desenvolvimento da cidadania.
Palavras-chave: redação, EJA, concurso
A PRÁTICA DE PRODUÇÃO DE TEXTOS NA ESCOLA BÁSICA: O QUE PENSAM OS PROFESSORES EM FORMAÇÃO INICIAL?
Janayna Bertollo Cozer Casotti (UFES)No contexto atual, as demandas sociais têm exigido dos sujeitos, cada vez mais, uma postura participativa que possa se manifestar na análise e na discussão dos fatos observados. E isso se faz na dinâmica social, por meio da linguagem, que possibilita a relação com os outros, de modo a estabelecer normas de convivência e a constituir uma forma de pensar que identifica o sujeito como integrante de uma identidade cultural. Constituindo-se em atividades de linguagem, a leitura e a produção de textos, compreendidas como práticas sociais inter-relacionadas, que se complementam, podem permitir a construção de conhecimentos, pelo exercício dessa postura analítica de discussão dos fatos. No entanto, muitas vezes, no contexto escolar, observam-se propostas de produção de texto dissociadas de atividades de leitura participativa. Daí a importância de se pensar o material didático utilizado em sala de aula. A partir da concepção bakhtiniana de gênero discursivo, busca-se, neste trabalho, refletir sobre concepções que professores em formação inicial apresentam acerca da prática de produção textual na Escola Básica. Para isso, com base na avaliação que esses professores, alunos do curso de Letras, fazem de uma proposta de produção textual e também de uma carta argumentativa escrita por um aluno do Ensino Médio, analisam-se suas concepções considerando-se, sobretudo, a noção de gênero discursivo. Os resultados desse trabalho de análise apontam para o fato de que a perspectiva ainda tem se voltado para a estrutura do gênero em detrimento de sua função comunicativa.
Palavras-chave: Produção de textos. Gênero discursivo. Formação inicial de professores.
A FORMAÇÃO DO PROFESSOR NO CURSO DE PEDAGOGIA EM LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTOS
Jeter Gomes Gonçalves SantanaFaculdade Anhanguera/São Paulo.
Este trabalho, que se insere na linha de pesquisa “Leitura e Escrita”, tem por objetivo avaliar as dificuldades de leitura e da escrita apresentadas por alunos de Pedagogia de uma instituição particular situada no estado de São Paulo. Focamo-nos nos aspectos da formação do pedagogo, a fim de verificar como está sendo construída a prática de leitura e de escrita de textos implementadas no curso. Para isso, fizemos uma retomada histórica da pedagogia e suas práticas educativas, apresentando um estudo acerca da formação do pedagogo. Os procedimentos metodológicos adotados foram: análise das Diretrizes Curriculares do Curso de Pedagogia e aplicação de um questionário a uma turma composta por 65 alunos, sendo eles do terceiro semestre. As perguntas encontradas no questionário tiveram como foco analisar o perfil socioeconômico dos alunos e verificar como estão sendo trabalhadas essas duas habilidades na graduação. Observamos nas respostas dos alunos preocupação com o ensino da leitura e da escrita. A maioria deles conta que o tempo de formação destinado a essa disciplina é curta e, por essa razão, não se sentem preparados para ministrar esse ensino de maneira eficaz, quando finalizarem o curso. Nesse tocante, recorremos aos estudos teóricos de diferentes autores, que trabalham com o aspecto da leitura e da escrita e com a formação do pedagogo, como: Solé (1998a,2003b); Kleiman (2002); Lener (2002); Antunes (2003); Marcuschi (2008a/b); Koch e Elias [(2009, 2012)], Libâneo (2004 e 2012); Saviani (2004a,2008b),dentre outros.
Palavras chaves: Leitura e Escrita; Curso de Pedagogia; Formação de professores.
GERADOR DE QUESTÕES DOS ARGUMENTOS DE UM TEXTO ACADÊMICO
Koichi Sanoki; Ítalo S. VegaPontifícia Universidade Católica – São Paulo
RESUMO: No desenvolvimento da escrita de um texto acadêmico, pesquisar argumentos ou justificativas em outros textos é uma exigência para se obter consistência e fundamento acerca do objeto estudado. O objetivo deste resumo é apresentar um algoritmo computacional que pode engendrar, a partir de um texto, uma lista de questões cujas respostas são os próprios argumentos ou justificativas, e também gerar questões oriundas do resumo desse texto, mantendo a coerência de ideias com aquelas geradas a partir das partes método, resultados e conclusão. A implementação deste algoritmo em um aplicativo computacional é imprescindível para auxiliar o pesquisador a otimizar seu tempo de leitura, pois as ideias dos textos já serão apresentadas em forma de questões. O algoritmo inicia-se com a obtenção do texto em repositórios acadêmicos, e em seguida particiona-o em palavras, períodos, ou frases. As palavras serão identificadas a partir de sua classe gramatical, e armazenadas uma a uma conforme suas características sintáticas de morfologia e semântica. Os períodos serão definidos de acordo com as categorias de justificativas ou de argumentos localizadas nos sequenciadores contidos neles, e com a localização do primeiro verbo dos mesmos. Os elementos, devidamente particionados e identificados, serão guardados em uma base de dados denominada Corpus dos períodos do texto. O algoritmo tem como função final mostrar como as questões serão geradas: iniciando com um dos pronomes interrogativos (qual, o que, como) + o primeiro verbo do período + a oração principal que precede o verbo.
Palavras-chave: Identificação de Argumentos. Localização do Verbo. Lista de Questões.
PRÁTICAS DE PRODUÇÃO TEXTUAL NA UNIVERSIDADE: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Luciano Magnoni TocaiaUniversidade Federal de Minas Gerais
Esta comunicação visa a apresentar uma sequência didática para o ensino do gênero textual crítica de filmes aplicada em aulas de leitura e de produção textual em língua portuguesa em um curso de Letras Português/Inglês. Para atingir nosso objetivo, baseamo-nos nos pressupostos teóricos do Interacionismo Sociodiscursivo, tais quais apresentados por Bronckart (1999, 2006, 2008), Schneuwly & Dolz (2004), Machado (2002, 2009). Segundo Schneuwly & Dolz (2004), as práticas sociais de comunicação humana se dão mediante o uso de textos, que por sua vez, pertencem a gêneros textuais numerosos e maleáveis assim como as variadas atividades humanas. Data dos anos 90, uma série de trabalhos e pesquisas sobre o uso dos gêneros textuais em aulas de língua materna que tem em comum o objetivo de refletir sobre o uso de gêneros e seu ensino desde o ensino fundamental até a universidade. Dessa forma, apresentaremos nesta comunicação, os conceitos teóricos do Interacionismo sociodiscursivo que tratam do ensino/aprendizagem dos gêneros: as condições de produção textual, os diferentes níveis de análise dos textos, a questão do desenvolvimento de capacidades de linguagem, as sequências didáticas como elementos planificadores das atividades a serem desenvolvidas com gêneros textuais e a importância do modelo didático de gêneros. Em seguida, faremos uma explicação sobre os princípios teórico-metodológicos que nortearam a estruturação da sequência didática sobre o gênero textual crítica de filmes. Por fim, apresentaremos alguns exemplos de exercícios que compuseram o material didático preparado e os resultados finais atingidos com a implementação da sequência didática em questão.
Palavras-chave: Gêneros textuais; Sequência didática; Crítica de filmes
CONCEPÇÕES DE ESCRITA NO ENSINO SUPERIOR: POR UMA ABORDAGEM DE LETRAMENTO ACADÊMICO
Michele Siqueira - USPA escrita no ensino superior está, muitas vezes, envolta no que Lillis (2001) chama de uma prática de mistério ou, como denuncia Street (2009), em características ocultas do letramento, o que faz dessa prática discursiva um dos grandes empecilhos para o sucesso acadêmico. O objetivo desta comunicação é observar as concepções de escrita acadêmica subjacentes a uma disciplina de leitura e escrita acadêmicas na Universidade de São Paulo procurando contrastar as perspectivas de alunos, monitores e professores. A base teórica que orienta esta análise consiste em estudos desenvolvidos no âmbito dos Novos Letramentos, mais especificamente nos trabalhos de Street (1998, 2009, 2014), Lea e Street (2006) e Lillis (2001). O corpus da pesquisa constitui-se de observação de aulas e respostas de alunos e monitores a um questionário semiaberto sobre suas experiências na disciplina. Acredita-se que a reflexão sobre os pontos de convergência e divergência entre as abordagens de escrita acadêmica de monitores, alunos e instituição pode lançar luz sobre a escrita na universidade. Contrariamente ao discurso de conciliação ou alinhamento entre as perspectivas diferentes de cada segmento, o que se defende é que somente uma abordagem de letramentos acadêmicos conforme Street (1998) pode fazê-las emergir, deixando de ser tomadas como dadas.
Palavras-Chave:
Letramento acadêmico. Escrita. Ensino Superior.PRODUÇÃO DE TEXTO NO ENSINO FUNDAMENTAL: UMA PROPOSTA DE SEQUÊNCIA DIDÁTICA PARA O GÊNERO TEXTUAL NARRATIVA DE ENIGMA EM AMBIENTE VIRTUAL
Mônica BrandãoUniversidade Federal de Minas Gerais
O presente trabalho visa apresentar a elaboração, aplicação e análise de uma sequência didática, aplicada em aulas de leitura e de produção de texto em língua portuguesa para alunos do ensino fundamental, para o trabalho com o gênero textual narrativa de enigma e sua difusão na ferramenta digital blog. A pesquisa baseou-se principalmente, nas contribuições teóricas do Interacionismo sociodiscursivo (BRONCKART, 2003), no conceito de gênero textual tal como proposto por Bronckart (2003) e Schneuwly & Dolz (2004). Além desses teóricos que trabalham com o conceito de linguagem, baseamos em Vygotsky (1998) no que diz respeito aos seus estudos relativos aos conceitos de mediação, instrumento e zona de desenvolvimento proximal. Metodologicamente, esse trabalho desenvolve-se como uma pesquisa de caráter qualitativa no qual a análise dá-se por meio de uma produção inicial e uma produção final, com o objetivo final de verificar a aquisição de competências essenciais para a produção escrita e a evolução da aprendizagem. A principio, faremos um relato da teoria que norteou a pesquisa. Em seguida, faremos uma explicação sobre os princípios teórico-metodológicos que nortearam a estruturação da sequência didática sobre o gênero textual narrativa de enigma. Por fim, apresentaremos alguns exemplos de atividades que compuseram o material didático preparado para o desenvolvimento da sequência didática em questão.
Palavras-chave: produção de texto, narrativa de enigma, sequência didática.
PROBLEMAS GRAMATICAIS NA PRODUÇÃO TEXTUAL DOS ALUNOS EGÍPCIOS DE BACHARELADO EM LÍNGUA PORTUGUESA DA UNIVERSIDADE DE ASWAN
Samira Ahmad OrraAswan University (Egito)
RESUMO: Em 2014, foi criado o Departamento de Língua Portuguesa (DLP) da Universidade de Aswan (Aswan University), o primeiro a oferecer um curso de graduação nessa língua em todo o Egito. Esta pesquisa é relevante como registro da criação e implementação do projeto inédito de Bacharelado em Língua Portuguesa num país africano falante de língua árabe, que tem uma demanda de profissionais proficientes em língua portuguesa: o Egito. Temos como objetivo analisar os problemas gramaticais na produção textual dos estudantes do DLP, com foco nas estratégias da comunicação escrita, propondo as implicações pedagógicas da análise dos problemas gramaticais. Nesta pesquisa adotamos uma abordagem que considera a escrita um processo interativo, desde a geração de ideias, passando pela produção do texto final, chegando até a recepção do próprio texto. Entendemos a língua de acordo com a perspectiva sociointeracionista, ou seja, que considera seu aspecto sistemático, mas observa-a em seu funcionamento social, cognitivo e histórico. Apresentamos uma análise dos erros mais recorrentes para avaliar se, no texto, as bases linguísticas, sejam elas de caráter morfológico, morfossintático ou lexical, de fato foram aplicadas pelos estudantes na elaboração de seus textos. Apresentaremos nossas observações sobre questões contrastivas entre o árabe e o português e o desenvolvimento das competências interculturais desses estudantes observados.
Palavras-chave: Egito; Análise da produção textual; Ensino de Língua Portuguesa
O QUE A ESCRITA NA WEB TEM A ENSINAR À ESCOLA E VICE-VERSA?
Silvia Augusta de Barros AlbertUniversidade Cruzeiro do Sul
Vivemos um momento em que avanços tecnológicos e diferentes práticas de linguagem na web e nas redes sociais vêm alterando não só a escrita como também o perfil dos sujeitos produtores e leitores de texto. Essas mudanças geram desconfiança em relação ao futuro da escrita, como professou Vilém Flusser ([1989], 2010), muito antes do advento do Whats App e do Facebook. Este trabalho pretende discutir sobre o ensino e a aprendizagem da escrita, na escola, para nativos digitais, habitualmente individualistas, impacientes e que vivem de acordo com a velocidade da tecnologia. Propomo-nos refletir a partir das seguintes perguntas: o que é valorizado em termos de domínio de escrita, atualmente? Como se dá o uso consciente da língua na escrita da web e das redes? Até que ponto valem as máximas “menor é melhor” e “menos é mais” da web para o ensino e e a aprendizagem da escrita? E, em caso positivo, de que escrita estamos falando? Uma escrita ou várias? De um produtor de texto ou de um curador de conteúdos e informações? Para essa reflexão e análises, a base teórico-metodológica compreende os estudos de Olson (1997); Cavalcante, Custódio Filho, Brito (2014); Dad Squarisi (2014); Rojo e Barbosa (2015); Baptista, (2017), entre outros. As análises realizadas apontam para a possibilidade do intercâmbio produtivo entre escola e internet, no sentido de contribuir para o desenvolvimento da proficiência escritora das gerações Z e Alpha.
Palavras-chave: escrita; internet; ensino e aprendizagem
ENSINO DE ESCRITA E REESCRITA: UMA EXPERIÊNCIA EXITOSA EM SALA DE AULA
Vanusia Amorim Pereira dos SantosInstituto Federal de Alagoas – Campus Palmeira dos Índios.
Resumo: A escrita permite acesso às formas de socialização mais complexas da vida cidadã, sendo importante que os indivíduos tenham contato com vários gêneros textuais e escrevam com desenvoltura alguns deles, atendendo assim às exigências do cotidiano e do mercado de trabalho. Revestida de tamanha importância social, a prática da escrita configura-se como uma atividade indispensável para o ensino-aprendizagem da língua materna, uma vez que, por meio do texto, a língua se realiza na sua totalidade. Contudo, escrever não é tarefa fácil e é responsabilidade docente promover ações na sala de aula que possibilitem aos alunos a apropriação dos recursos linguísticos e discursivos que permitam a maior habilidade escrita possível nos mais diversos gêneros. Este trabalho refere-se a uma experiência prática de escrita e reescrita em sala de aula - em andamento - denominada Projeto Memórias Escritas, desenvolvida no IFAL – Campus Palmeira dos Índios, que tem como objetivo promover a escrita autoral e o incentivo ao protagonismo juvenil através da autonomia da escrita, além da valorização da reescrita. A sequência didática foi a metodologia utilizada e o aporte teórico Dolz, Noverraz & Schneuwly (2004), Souza e Menegassi(?), Menegassi e Fuza (2008), Fiad (2013), Schneuwly & Dolz (2011), Marcuschi (2012), Andrade, Altenfelder e Almeida (2016). Os resultados parciais, obtidos através das primeiras produções, comprovam que escrever é um ato processual que envolve planejamento, linguagem e gêneros textuais adequados ao público-alvo; desenvolvimento de várias etapas; preparo do professor para atender às exigências da prática no cotidiano escolar.
Palavras-Chave:
Prática de Escrita. Sala de aula. Ensino.12. GRUPO DE DISCUSSÃO – QUESTÕES CULTURAIS E IDENTITÁRIAS
A IMAGEM DA MULHER EM DOIS TEMPOS: UM ESTUDO DO PROCESSO DE REFERENCIAÇÃO EM CRÔNICAS DE LUIZ FERNANDO VERÍSSIMO.
RESUMO: “A crônica é um gênero textual que faz uma reflexão pessoal sobre acontecimentos do dia a dia, mostrando aspectos não percebidos, constitui uma reação individual e íntima diante da vida, das coisas ou seres.” (KOCHE E MARINELLO, 2015, p. 36-37). A partir dessa concepção de crônica, esta pesquisa tem por objetivo identificar como a imagem de certos temas são construídos nessa perspectiva de reflexão e destaque de elementos do cotidiano, tomando o processo de construção da imagem da mulher em crônicas de Luís Fernando Veríssimo, como objeto de estudo. A escolha deriva da capacidade do autor de escrever “sobre qualquer coisa, até as mais profundas, sem renunciar à leveza ou à informalidade.” (CORDEIRO, 2017, p. 14). Para isso, utiliza-se o processo de referenciação por meio das expressões nominais, pois, conforme Moraes e Moraes (2015, p.02), as expressões nominais oferecem possibilidades para criar efeitos de sentido e integrar as diversas informações presentes no texto. Como fundamentação teórica, temos Martins (2012), Castilho (2016), Cavalcante (2016) Moraes e Moraes (2105) e Cunha (2001). Para análise, foram escolhidas duas crônicas de Veríssimo a primeira é “Alegrias” (1995) do livro Comédias da vida pública, a segunda “A mulher feia de cada um” publicada em 19/04/2015, no jornal O Globo. A identificação da construção da imagem da mulher ocorre nas reflexões do autor, com um único propósito de expor uma crítica a aspectos sociais de cada época e beneficiar-se da relevância da mulher para um possível desperto de seus leitores.
Palavras-chave: crônica; imagem da mulher; expressividade.
A CONFIGURAÇÃO DO ESPAÇO NARRATIVO NOS CRÉDITOS INICIAIS E FINAIS DA ADAPTAÇÃO DE O PRIMO BASÍLIO: UMA LEITURA IDENTITÁRIA E CULTURAL
Carlos Alberto Correia – UFRAResumo: Ao se pensar a construção narrativa, a categoria espaço, em obras literárias possibilita que leitor seja inventivo no curso imagético construído pelo autor do romance e realize, em parceria, uma leitura colaborativa. E na narrativa audiovisual? Como se configuram as questões referentes a construção do espaço? Ao se refletir sobre esta problemática, esta comunicação parte da análise da produção fílmica O primo Basílio (2008), dirigida por Daniel Filho, e deslocada para São Paulo, dos anos de 1958. O intuito é apontar leituras lançadas pelo audiovisual no que tange as questões identitárias e culturais presentes nos créditos iniciais e finais da adaptação. Como resultado, lança-se uma interpretação do Teatro de São Paulo se articulando como lugar de pertencimento social e determinístico para definição dos personagens, somado ao figurino e os recursos técnicos de câmera e fotografia. Além da marcação no crédito final, do espaço casa, que configura-se como elemento simbólico do destino da personagem Luísa. A base teórica que sustenta tal leitura se fez a partir de AUMONT (2002), BORGES FILHO (2009), XAVIER (2002), MARTIN (2006), VANOVE e GOLIOT-LÉTÉ (2011).
Palavras-chave: Espaço; O Primo Basílio; Identidade
IDENTIDADE E MEMÓRIA : EXPERIÊNCIAS COM ALUNOS DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
Cristiane Melo Alves -Mestranda do Programa Prof. Letras da UERJ
A sala de aula é um lugar de interação social e quando o professor estreita seu relacionamento com os alunos amplia as possibilidades de aprendizagem através de didáticas mais eficientes. Segundo Morales (1999) Pensar na sala de aula como lugar de relação pode abrir para nós um horizonte de possibilidades, inclusive didáticas (...). Com o objetivo de conhecer melhor a história de vida dos sujeitos da Educação de Jovens e Adultos e de buscar auxílio para uma tarefa didático-pedagógica mais eficaz, apresentarei uma série de experiências vividas pelos alunos durante o projeto“Quem sou eu... conheça a minha história”, realizado durante o ano de 2017, em que trabalhamos com o gênero discursivo Relato Memorialístico. Especificamente, este trabalho propôs a investigar e analisar a construção da identidade cultural dos alunos. Segundo Candau (2016) a identidade é construída e reconstruída pelas relações sociais que realizamos. Barbosa e Ribeiro (2005) ressaltam a importância da memória nos dias atuais, ela é cada vez mais necessária num mundo em profunda mutação. Observamos com os resultados obtidos, que ao enunciar a própria vida, o jovem e o adulto preocupam-se em transmitir um depoimento verdadeiro que vai além de uma simples tarefa de sala de aula. Assim, o enunciador dá legitimidade ao seu discurso, expõe a privacidade da vida familiar, tornando-a pública e, ao rememorar sua existência, oferece um campo de pesquisa para o conhecimento do aluno da EJA.
Palavras-chave: Identidade e Memória. Relato Memorialístico. Mediação
A INFLUÊNCIA DA TRANSGRESSÃO SOCIAL NO SONETO “EU” DE FLORBELA ESPANCA
Daniela Forte Martins CordeiroO trabalho estuda a influência da transgressão social na obra da poetiza portuguesa Florbela Espanca através da análise do poema “Eu”, no qual se observa um sofrimento causado pela inadequação ao modelo imposto pela sociedade da época, que se sentia ameaçada pelas ideias feministas impressas nos poemas de Florbela. O método escolhido para o desenvolvimento desse estudo é a pesquisa bibliográfica, analisando o soneto “Eu”, sob a ótica da Teoria Literária, fazendo uma intersecção entre os fatos ocorridos na vida de Florbela Espanca e a criação de sua obra. Florbela d'Alma da Conceição Espanca sempre viveu à margem da sociedade. Os estudos de Junqueira (2003) demonstram que contrariando as convenções de uma época em que as mulheres não tinham formação, Florbela demonstrou precocemente seu talento, escrevendo seu primeiro soneto aos oito anos de idade. Foi uma das primeiras mulheres a estudar direito na faculdade de Lisboa e chegou a escrever para uma revista. Florbela era boêmia e passava as noites em bares na companhia de amigos, procurava um amor que fosse além do amor estereotipado dos romances burgueses e à procura desse amor, casou-se três vezes. Florbela teve também o importantíssimo papel de ser uma das precursoras do feminismo em Portugal. Luis (1979) demarca que todos esses fatores influenciaram a obra de Florbela, traçando uma característica autobiográfica em seus sonetos, em particular o soneto “Eu”, que será analisado neste trabalho.
Palavras-chave: Florbela Espanca, Literatura, Sonetos.
A HERANÇA DE WALTER: CONSIDERAÇÕES SOBRE A CONTESTAÇÃO AO PATRIARCADO E O PAPEL DA MULHER EM A MANTA DO SOLDADO (1998), DE LÍDIA JORGE
Elisangela Aneli Ramos de Freitas (FFLCH-USP)Gayle Rubin e Judith Butler fizeram suas leituras sobre os textos de Lévi-Strauss, Freud e Lacan, subvertendo suas construções a respeito do tabu do incesto e do complexo de Édipo em interpretações que buscam questionar o papel destinado à mulher numa sociedade hierárquica e sexista. Em A manta do soldado (1998), romance de Lídia Jorge, a casa do patriarca Francisco Dias, habitada por seus filhos, cônjuges e netos, cuja lida com a terra representa a submissão e unidade em torno do pai, torna-se cada vez mais espectral com a imigração dos filhos para terras distantes. A protagonista do romance, personagem sem nome, é a filha de Walter, o caçula de Francisco Dias. Nascida em 1948, fruto de um relacionamento ilícito entre Walter e a jovem Maria Ema, será criada como filha do subserviente Custódio, o irmão mais velho de Walter. Avesso às tradições e suas obrigações, Walter se recusa a assumir o matrimônio e a filha, sendo o primeiro dos Dias a partir de São Sebastião dos Valmares. A partir do relato da filha de Walter, sabemos que o pai, que retornara à Valmares no inverno de 1963, sobe ao quarto que a filha habita, para um encontro secreto. Teria sido um encontro incestuoso de fato, como sugerido pelos irmãos Dias, ou uma manifestação do complexo de Édipo, visto o desejo da filha de estar com o pai? Através das leituras de Gayle Rubin e de Judith Butler buscou-se a análise dos desdobramentos deste encontro, focada na trajetória da filha de Walter após este culminante acontecimento.
Palavras-chave: Lídia Jorge, A Manta do Soldado, incesto
CRENÇAS E ATITUDES NA SALA DE AULA
Gabriela Barreto de Oliveira (UFF)Edila Vianna da Silva (UFF)
A motivação inicial para a pesquisa em curso foi à experiência profissional de uma das autoras, que é professora de língua portuguesa desde 2007 e atua na rede municipal de Quissamã desde 2012. A constatação do baixo rendimento dos alunos nas avaliações internas da Unidade Escolar, na instituição em que a Doutoranda leciona, desencadeou uma reflexão sobre sua própria prática em sala de aula. O trabalho ora aqui apresentado, faz parte de uma pesquisa qualitativa em andamento cujo objetivo é investigar preliminarmente as crenças dos alunos e dos professores do Ensino Fundamental do município de Quissamã (RJ) em relação à língua portuguesa, e de que formas essas crenças podem impactar no processo ensino-aprendizado. Dessa forma, com base, especialmente, nos pressupostos teóricos da obra O Professor Pesquisador: introdução à pesquisa qualitativa e no teste de crenças elaborado por BARBOSA e CUBA (2015), foi desenvolvido e aplicado um questionário em turmas de nono ano da instituição referida. A Teoria de Crenças e Atitudes (SANTOS, 1996 e CYRANKA, 2007) foi à base norteadora da elaboração dos questionários aplicados nessa pesquisa, pois se pretendia analisar os julgamentos subjetivos dos informantes quanto à sua própria variedade linguística e quanto à dos seus interlocutores. Os resultados obtidos até o momento evidenciam, que a conscientização sobre a variação linguística como proposta de uma educação linguística significativa, facilitando o processo ensino-aprendizagem da língua portuguesa, ainda não é presente na sala de aula. Além disso, constatou-se que as crenças dos alunos quanto ao falar do seu município é negativa.
Palavras-Chaves: Sociolinguística Educacional; Variação; EnsinoBENEDICTO MONTEIRO – TÔNICAS NA LINGUAGEM ROMANESCA DE UM NARRADOR DA AMAZÔNIA PARAENSE RIBEIRINHA DO SÉCULO XX
Laura Neila Costa da Silva UFPAOrientador: José Guilherme Fernandes UFPA 2
Este trabalho é resultado parcial de análise de um projeto de pesquisa de Mestrado a respeito das representações poéticas, histórico-culturais e imagéticas da região amazônica presentes na prosa de Benedicto Monteiro, através de Miguel, protagonista em suas narrativas. Sua literatura é marcada por cenários da diversidade, do trabalho, das tradições, dos saberes locais, da linguagem e práticas culturais do caboclo rural e ribeirinho da região. Dentre suas obras há um destaque para a chamada Tetralogia, primeiro conjunto de romances: Verde Vagomundo (1972), O Minossauro (1975), A terceira Margem (1983) e Aquele Um (1985). Durante viagens pelos interiores do Pará, em sua carreira política, catalogou diversas expressões linguísticas da região, as quais foram destruídas no período da ditadura militar brasileira, quando fora preso, porém essas expressões ganharam vida em seus romances, assim como os personagens, também. Com a leitura da Tetralogia foram selecionados e analisados excertos referenciais. A análise está apoiada em pensadores de Estudos de Literatura, Linguagem e Cultura: Roger Chartier, Jhon Thompson, Alessandro Portelli, Paul Ricouer, José Guilherme Fernandes, Daniel Fernandes, dentre outros.
A IDENTIDADE DA MULHER MOÇAMBICANA EMERGENTE NA OBRA NIKETCHE: UMA HISTÓRIA DE POLIGAMIA
Maria Inês Francisca CiríacoUPM
RESUMO: O objetivo desta apresentação é discutir as relações que constituem a formação da identidade da mulher moçambicana. Para tal, tomamos como análise elementos culturais presentes na obra Niketche: uma história de poligamia, de Paulina Chiziane, cuja biografia nos faz compreender melhor sua empreitada rumo ao reconhecimento da mulher numa sociedade linguisticamente pulverizada, marcada por tradições culturais profundamente machistas e associadas a valores sociais discrepantes, como é o caso da monogamia e da poligamia. Buscamos na história da colonização da África a oportunidade de conhecer as raízes da nação moçambicana, anteriores à ocupação europeia, permeada por tradições e costumes dos antepassados. Atentamos para a contextualização da literatura africana de expressão em língua portuguesa, uma vez que esta envolve aspectos históricos, culturais, linguísticos, sociais, políticos e ideológicos, dentre outros, que se (re)configuram num processo constante de interpelações, culminando com a busca pelo reencontro de tradições ou da (re)construção de novas tradições. Desse modo, inserimos nossa análise no campo dos Estudos lusófonos, com base em Martins (2006), Brito (2013), Brito e Martins (2004), Brito e Bastos (2012). Para as questões de identidade, apoiamo-nos, sobretudo, em Hall (2011). No que se refere às especificidades da literatura africana de expressão portuguesa e a literatura moçambicana de expressão portuguesa, tomamos como referência Portugal (1999), Mata (2000), Chaves e Macêdo (2006).
PALAVRAS-CHAVE: Identidade cultural; Moçambique; literatura de expressão portuguesa.
DO SILÊNCIO PARA FORA: A EFERVESCÊNCIA CRIATIVA NA CAUSA DO MENINAS DO BRASIL
Rosemary Hohlenwerger Schettini (FEDUC)Maria Cristina Damianovic (UFPE)
O objetivo desta comunicação é discutir como a obra Do Silêncio para Fora (SCHETTINI; DAMIANOVIC, orgs, 2017) registra a mobilidade feminina na referida obra literária de autoria de catorze jovens mulheres do Comitê Meninas Do Brasil, Comitê Central em São Paulo, parte do Grupo Mulheres do Brasil. À luz de Spinoza (2009), essas jovens protagonistas reivindicam para jovens mulheres da Terra, o direito comum de, juntas, poderem terrar, habitar e cultivar a escrita literária feminina na construção da corporeidade e resistência para expandir o protagonismo de meninas na chegada da segunda década do século XXI. Momentos e contextos de vidas discrepantes e desiguais no Brasil, quinto país mais violento para mulheres, serão discutidos com vistas à libertação do conatus (Spinoza, 2007) para pensar e criar mecanismos de prevenção, punição e erradicação da violência contra a mulher. A fim de complementar a discussão, serão apresentadas possibilidades para alumbrar um futuro equitativo, sincero, honrado e honesto de oportunidades de viver e existir em segurança como autora e personagem fictício da literatura feminina. Os resultados desta pesquisa revelam o papel Do Silêncio para Fora como uma obra que oferece uma efervescência criativa (Liberali, 2018) de tentativa de inovação na forma de meninas atuarem como sujeitos sócio-histórico-culturais que escrevem pela transformação de sua história. Convidamos a todos os interessados na discussão a fazerem uma pré-leitura da obra, com download gratuito em http://ufpe.academia.edu/mariacristinadamianovic/books