O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA NA SÃO PAULO DE FINS DO SÉCULO XIX
Priscilla Barbosa Ribeiro (USP/FAPESP)


A capital paulista, nos primeiros anos republicanos, passou por transformações em diferentes âmbitos, decorrentes de importantes fatos ocorridos no período ou em anos anteriores (como o recebimento de intensos fluxos migratórios, o fim da escravidão, a mudança de regime político, etc.). Configurava-se então um quadro social altamente heterogêneo, no qual a cultura, a língua – em suma, a identidade nacional e, em particular, uma identidade paulistana - se reformulavam. Nesse contexto, promoveu-se a estruturação do sistema educacional público, relevante por proporcionar a divulgação de conteúdos a uma população ampla e diversificada. Visando levantar aspectos do ensino de língua portuguesa em São Paulo, tomamos como objeto de estudo o ensino dessa disciplina na Escola Normal da Capital nos primeiros anos republicanos, o qual é analisado a partir de dados como pontos de concurso para professor, pontos para exames finais, obras adotadas para ensino, entre outros. Considerando que as transformações observadas em uma sociedade se realizam de modo gradativo, torna-se pouco viável determinar precisamente os momentos que antecedem e sucedem as mudanças, pois simultaneamente à ruptura de certos elementos ocorre a continuidade de outros (Frehse 2007). Nesse sentido, pretendemos mostrar que, a despeito da imagem de modernidade associada à Escola Normal e suas práticas no período em estudo, o ensino de língua portuguesa que nela se efetuava constituía-se por traços de conservadorismo e inovação, refletindo as dialéticas vivenciadas na sociedade e cultura da época.