ADAPTAÇÕES PROSÓDICAS E SEGMENTAIS PRODUZIDAS A PARTIR DO REGGAE CANTADO NA ZONA RURAL DE SÃO LUÍS.
Márcia Helena Sauaia Guimarães Rostas (UNESP-Ar)
O objetivo desta pesquisa é estudar a maneira como regueiros maranhenses da zona rural da cidade de São Luís, falantes monolíngües de português brasileiro, variedade rural ludovicense (doravante PBRL), adaptam fonética e fonologicamente o inglês dos reggaes que cantam nessa língua, com vistas a obter seqüências que façam sentido na sua língua materna (por exemplo, ao invés de cantarem “Kill him with the no”, produzem “cadê o metanol?”). Analisando os padrões fonológicos do PBRL, nativa dos sujeitos da pesquisa, e a interferência em uma língua “estrangeira” que é nativizada no som, com finalidades de obtenção de um sentido também “nativo”, busca-se também discutir a identidade fonológica do Português. A hipótese inicial é a tendência para a manutenção de vogais tônicas e de traços de consoantes em posições tônicas, substituição/adaptação/supressão/reinterpretação de vogais e consoantes em posições átonas, prevalecendo a percepção de falantes de português, não fluentes em inglês, daquilo que ouvem nas músicas, e a busca de sentido em uma seqüência sonora aparentemente sem sentido. No entanto, no decorrer da pesquisa, foram identificados processos utilizados pelos falantes do PBRL, para adaptação fonológica da língua original (Inglês) em direção à língua alvo: a manutenção da qualidade da vogal tônica, a monotongação, a ditongação, a semelhança entre consoantes, a simplificação e a complexificação do padrão silábico e a manutenção da posição do acento. Destes processos há uma incidência maior na semelhança entre consoantes, da manutenção da posição do acento e da manutenção da qualidade da vogal tônica.
|