A VILA DE SÃO VICENTE À LUZ DA HISTORIOGRAFIA LINGUÍSTICA
Jefferson Lucena dos Santos - (IP/PUC-SP – PG DO PUC-SP)

O presente trabalho tem por objetivo realizar um estudo historiográfico do Diário da Navegação de Pero Lopes de Sousa, que narra a fundação da Vila de São Vicente e Piratininga e os descobrimentos do Rio de Janeiro, do Rio da Prata e da Ilha de Fernando de Noronha. A fundamentação teórica segue os princípios da Historiografia Linguística que visa descrever e explicar como o conhecimento linguístico foi adquirido, produzido e desenvolvido através do tempo. Assim, o Diário da Navegação é reconstituído dentro do cenário do século XVI e apresentado à luz da gramática de João de Barros e da gramática de Evanildo Bechara.
Lopes, filho de família nobre, parte com o irmão Martim Afonso de Sousa, fundador da Vila de São Vicente, em missão ordenada pelo rei Dom João III de Portugal para explorar terras brasileiras. Nessa missão, compartilha com o seu diário de bordo os deslumbramentos pela nova terra, descrevendo fatos num período em que a sistematização da língua estava por acontecer. No Diário da Navegação, detectamos a riqueza das orações adjetivas, levando-nos a pressupor ser uma característica da época. O número de orações adjetivas é maior que o de adjetivos. Certamente, o raríssimo uso de adjetivos seja uma característica ou uma forma de o escritor demonstrar um grau de objetividade superior à subjetividade.