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FORMAÇÃO DE LEITORES E GÊNEROS TEXTUAIS EM O CARAPUCEIRO
Gabriela Lins Falcão (UFPE)
Baseado na concepção de língua como meio de interação entre os diferentes sujeitos e papéis constituintes de uma sociedade, o presente trabalho procura demonstrar os diversos gêneros textuais presentes no espaço discursivo do jornal no século XIX, bem como sua adequação aos diferentes leitores e propósitos comunicativos. O periódico O Carapuceiro, de fundação e redação única do seminarista Lopes Gama, que permaneceu em circulação durante a metade do século XIX no Estado de Pernambuco, serviu como base para recolhimento dos dados e formação do corpus. Fundamentando-se na perspectiva sócio-interacionista da linguagem e do estudo dos gêneros, e tendo como embasamento teórico autores como BURKER & PORTER (1997), MAINGUENEAU (1998), MARCUSCHI (2002, 2008) e KOCH (1984, 2006), foram analisados o uso de diferentes recursos argumentativos e de variantes da língua como estratégias do jornal para a construção de diálogo com os leitores e seus diferentes níveis de letramento e papéis sociais. A partir da seleção e análise de gêneros como crônicas, diálogos, fábulas, anedotas, sermões e provérbios, publicados em cinco números d'O Carapuceiro, é possível constatar que as seções do jornal foram segmentadas visando a um público específico. Tais agrupamentos, bem como a escolha dos elementos textuais-discursivos utilizados na organização dos textos, baseavam-se nos diferentes níveis de letramento e de conhecimentos textuais, situacionais e enciclopédicos de seus interlocutores, o que explicita a percepção, por parte do seminarista, da necessária interação autor – texto - leitor para produção dialógica de sentidos.
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