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Mídia e imagem: o papel de revistas especializadas na constituição de identidades
Filipe Mantovani Ferreira (USP)
O mercado editorial tem assistido, ao longo dos últimos vinte e cinco anos, a um processo de especialização de publicações (Mira, 2001: 147), o qual resulta em um número crescente de revistas que se voltam especificamente a minorias. O estudo aqui proposto tem por objetivo mapear a imagem da etnia negra construída em artigos da revista Raça, que há treze anos volta-se para as questões relativas a essa parcela da população, e compará-la a imagens pregnantes que circulam em sociedade.
Grupos minoritários diferem dos majoritários com relação a “características raciais, étnicas, religiosas, sociais, lingüísticas ou culturais, as quais podem sobrepor-se ou decorrer umas das outras.” (Liebkind, 1984: 16). Trata-se de grupos cuja identidade é comumente inscritas sob o signo do que é condenável. Entretanto, uma vez que “as pessoas têm suas identidades construídas de acordo com o modo através do qual se vinculam a um discurso – no seu próprio e nos discursos dos outros” (Shotter e Gergen, 1989: ix, apud Moita Lopes, 2002: 32), suas imagens sociais podem sofrer variação conforme os dizeres que as criam se modificam.
As análises permitiram concluir que a maioria dos artigos veiculados por Raça vincula, de algum modo, indivíduos negros a modelos de sucesso e superação. Os textos, devido ao fato de circularem na sociedade, ajudam a recriar e valorizar a identidade dos negros, mesmo que somente (ou predominantemente) dentro do grupo social a que se destinam.
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