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MITODRAMA DO FOGO: NÓRIA E PROMETEU DE ARMANDO NASCIMENTO ROSA
Edson Roberto Lanzoni (UPM)
Do fogo, mitos antigos; das chamas, os atuais. Nas origens clássicas e cristãs do teatro português de Nascimento Rosa, estão, no palco-texto, figuras como Prometeu, Nória, Adão e Eva misturados à ficção científica. Quem é esse novo Prometeu? Como se reorganizam os elementos arcaicos no discurso contemporâneo? É na recontextualização mítica que este trabalho encontra o texto do dramaturgo. O objeto em questão valida o caminho primitivo em que o fato essencial é um novo começo. Cabe, então, analisar o diálogo-criação, investigar a construção do mito contemporâneo. Dentro do jogo de cena, já que se analisam vozes, procuram-se máscaras dramáticas na formação do novo sujeito-personagem. Propõe-se, assim, uma comparação de elementos míticos demonstrando como aproximam ou distanciam os significados das personagens, de suas ações e pensamentos. Adiante, examinam-se as relações do eu e do outro no teatro para constituição do mito atual. Percorrendo textos arcaicos, buscam-se mecanismos simbólicos da linguagem que evidenciem o diálogo entre o mito do passado e suas novas intencionalidades. Nesta investigação, o dialogismo tem como base os estudos discursivos de M. BAKHTIN. Além disso, as referências sobre o mito recorrem aos apontamentos feitos por M. ELIADE. Nesse percurso entre discurso, linguagem e mito, Nascimento Rosa apresenta um texto teatral que amplifica ao mesmo tempo que rebaixa a significação ígnea: do roubo do fogo - num processo de oposição de ideias - à formação de novas chamas - como acréscimos de sentidos - cria-se um Prometeu que não é mais titã, não é divino nem só humano.
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