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O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA NAS TERRAS BAIXAS DA BOLÍVIA: CULTURA, IDENTIDADE E MESTIÇAGEM
Dirceu Martins Alves (PUC/SP-CNPq)
O trabalho é resultado de uma experiência pedagógica vivida durante o período que fui Leitor brasileiro na Bolívia, na gestão de 2008/2009, quando exerci as funções de lecionar língua portuguesa, literatura brasileira, e organizar eventos de divulgação da cultura brasileira nas terras baixas daquele país. Como o Leitor é financiado pelo governo brasileiro, o Departamento de Divulgação da Língua Portuguesa, do Itamaraty, exige que a língua ensinada seja a modalidade falada no Brasil. O objetivo é debater como essa política do governo exige uma preparação lingüística que implica numa política de ensino do professor. Como selecionar materiais que sejam signos da identidade brasileira para as aulas práticas? Como demonstrar que o plano de trabalho contempla as várias faces da fala e da escrita da língua do país? Santa Cruz de La Sierra, onde trabalhei, é uma região habitada por uma população bastante mestiça, que fala um espanhol bastante singular, com a incorporação e a re-significação de léxicos, expressões e sufixos da língua portuguesa. O método de trabalho que se mostrou mais adequado foi o ensino contrastivo, mediado por um professor bilingue. Adotando alguns conceitos do antropólogo François Laplantine sobre a mestiçagem, principalmente quando diz que ela não evita os conflitos externos e nem internos, mas tem a vantagem de seguir a lógica da incorporação, e de encarar o devir através do seu encontro com o outro, pretendo discutir e compartilhar esses tópicos de língua nacional que fala para o exterior.
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