O "ETHOS" E SUA PARTICIPAÇÃO NA CONSTRUÇÃO DO DISCURSO PUBLICITÁRIO: APLICAÇÃO PARA O ENSINO DE LÍNGUA MATERNA
Adriano Oliveira Santos (UFF)
Este trabalho pretende observar a atuação do "ethos" na construção do discurso publicitário, apontando alguns estereótipos femininos ("faladeira", "consumista", vaidosa", "espaçosa", "sensual" etc.) veiculados em publicidades com automóveis, os quais colaboram para a construção do "ethos" da mulher brasileira, em contraponto com o "ethos" masculino e, ao mesmo tempo, apresentar. atividades de leitura para o ensino de língua materna, que levem em consideração aspectos relacionados ao "ethos". Duas questões norteiam esta investigação: de que modo o "ethos" feminino/masculino é representado em textos da publicidade? É explícita essa representação? Com base nos resultados obtidos, a partir da análise de doze peças publicitárias, retiradas das revistas Veja e Quatro Rodas, entre os anos de 1999 a 2008, notamos que as representações do "ethos" feminino/masculino, em publicidades com automóveis, mostram-se por meio de estereótipos socialmente constituídos, normalmente reforçados e não rompidos pelo discurso publicitário. Além disso, observamos que é no nível do não-dito (inferências e pressuposições) que o "ethos" feminino pode ser gerado, na interface entre as linguagens verbal e
não-verbal. Essas conclusões se sustentam na Teoria Semiolinguística, de Patrick Charaudeau (1983), nos estudos de Almeida (1999), Amossy (2005), Dell'lsola (2001), Guimarães (200012003), Lysardo-Dias (2007) e Monnerat (2003), que tratam de aspectos linguístico-discursivos, textuais, humorísticos e cromáticos. Por último, abordaremos como os resultados deste trabalho podem cooperar para um ensino mais eficiente de português, com exemplos de atividades aplicadas a alunos do ensino fundamental e médio de escolas públicas da cidade do Rio de Janeiro.
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