AS TRAMAS DA AUTORIA: A RELAÇÃO ALUNO-PROFESSOR NA PRODUÇÃO TEXTUAL
Norma Seltzer Goldstein (USP), Ana Elvira Luciano Gebara (UNIBERO/FGV-SP), Jaqueline de Moraes Fiorelli (IPPUC-SP)

Nas últimas décadas, os gêneros passaram a fazer parte do currículo da escola como uma resposta a um trabalho com leitura e escrita calcado num artificialismo que gerava reprodução mecânica e ausência de autoria. Porém, mesmo com as mudanças ocorridas, muitas vezes, os alunos continuam a ver os textos que circulam na escola como sendo muito distanciados do contexto em que vivem, o que acaba por não suscitar engajamento ou qualquer forma de participação. Isso impossibilita os alunos a construção da autoria, bem como os distancia cada vez mais das práticas de escrita que ocorrem na escola. Por outro lado, a abordagem via gêneros do discurso deveria promover uma alteração desse quadro, por meio de situações de comunicação que se criam no interior da sala que suscitam efetivos eventos de letramento. Não se trata somente de ensinar/aprender a ler e escrever bem, mas desenvolver um trabalho que adquira uma dimensão maior, na medida em que confere aos alunos possibilidades novas de interagir com o mundo, de se assumir como sujeitos históricos, participantes de um projeto amplo de sociedade onde se inserem. Esta sala temática, desse modo, tem por finalidade discutir, numa perspectiva de letramento, o trabalho com produção de textos a partir de gêneros, tendo em vista a construção da autoria. Assim, quer-se aprofundar a perspectiva dos gêneros considerando duas vertentes que se complementam: aquela proposta por Schneuwly e Dolz (1999), tendo em vista uma perspectiva sócio-interacionista, e a vertente sócio-retórica, fazendo uso, de modo particular, das considerações de Bazerman (2005; 2006; 2007).