MORFOLOGIA HISTÓRICA
Mário Eduardo Viaro (USP) - Valéria Gil Condé (USP)

Serão estudados fenômenos morfológicos da língua portuguesa sob o ponto de vista histórico, conforme os moldes desenvolvidos pelo GMHP (Grupo de Morfologia Histórica do Português), com enfoque na diacronia dos sufixos. Um dos pressupostos básicos é o do tríplice significado que ocorre em línguas flexivas como o português. Paralelamente ao significado do radical e o dos demais elementos formativos (sobretudo afixos), há o significado da palavra como um todo. Desse modo, enfoca-se sobretudo o significado dos afixos formativos e de outros morfemas gramaticais (morfemas flexionais, artigos, preposições, conjunções, pronomes). As ciências afins, com as quais dialoga mais frequentemente, sem perder seu foco, são a Semântica Histórica, que se preocupa com o significado da palavra como um todo e a Lexicologia Histórica, que se preocupa com o significado presente no radical. Por outro lado, sob a ótica da forma, o diálogo mais intenso ocorre com a Etimologia. Aspectos da Filologia em geral são particularmente importantes no tratamento dos dados e suas discussões não podem prescindir de estudos de Semântica Geral, de Lexicologia, da Estilística ou de outros estudos de caráter sincrônico da Linguística Geral, sobretudo quando envolve sincronias pretéritas (reconstruções de vocabulários de séculos passados). Para tal, não se trabalha com o português apenas como langue, mas como resultado pancrônico de heranças lexicais. Avalia-se, assim, diversas sincronias, a gênese dos elementos estudados, bem como os sistemas de relações, as heranças e as analogias que explicam a polissemia atual dos formantes em cada momento. Dessa forma, é possível fazer uma revisão bastante considerável nos métodos diacrônicos (principalmente no que toca à reconstrução e seus graus de certeza), suas ferramentas e, com base na Historiografia, o momento adequado de sua implementação.