POLÍTICAS LINGÜÍSTICAS E IDENTIDADE NACIONAL
José Luiz Fiorin (USP)
Uma política linguística é uma intervenção direta e voluntária do poder público no domínio das relações entre língua e vida social, e mais particularmente entre língua e vida nacional. A planificação lingüística, por sua vez, é o estabelecimento e a utilização dos meios necessários para a aplicação de uma política linguística. Uma planificação linguística implica uma política linguística, mas o contrário não é verdadeiro, pois, muitas vezes, as políticas linguísticas não são postas em prática.
Uma política linguística pode ser uma ação sobre uma língua ou sobre várias línguas. No primeiro caso, trata-se de normatizar a língua nacional. A atuação, nesse caso, pode incidir sobre a ortografia (dar uma ortografia a uma língua, modificá-la, mudar o alfabeto); sobre o léxico (criar novas palavras, por neologia ou empréstimo, com a finalidade, por exemplo, de “purificar” o vocabulário, modernizá-lo); sobre formas dialetais (promover uma delas ao estatuto de língua nacional, fazer uma mistura das formas dialetais para criar o idioma nacional); sobre a gramática (normatizar determinados aspectos do uso das formas gramaticais). A ação sobre as línguas faladas num território pode-se dar para escolher a língua nacional, para organizar o plurilinguismo, para repartir funcionalmente as línguas, as que serão utilizadas no ensino, na mídia, etc.
Por meio da análise de diferentes políticas linguísticas, especialmente do Brasil e de outros países lusófonos, pretende-se mostrar que as políticas linguísticas estão estreitamente ligadas à concepção de identidade nacional.
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