Lusofonia no espaço moçambicano
Eduardo Namburete (Universidade Mondlane – Moçambique)
Falar de Lusofonia é falar de nós, um nós que ainda é apenas consensual sob o ponto de vista político, dos governos e Estados, mas ainda controverso entre os académicos e estudiosos, visto que ainda desperta posicões bastante degladiantes e muitas vezes fantasmas do passado. O estabelecimento da língua portuguesa como o denominador comum da Lusofonia, constitui para muitos o principal ponto de contestação do real significado da Lusofonia, produzindo-se daí os sentimentos de cepticismo, desconfiança ou simplesmente apatia com relação a tudo que à Lusofonia diga respeito. Apresentada por muitos, como uma congregação de pessoas e paises que utilizam a língua portuguesa, descontextualizada, cultural e historicamente, da realidade dos povos que tiveram contacto com Portugal numa relação de colonizador e colonizado, a Lusofonia, como instituição, é lida como uma tentativa não declarada de Portugal voltar a manter o seu domínio, principalmente nas suas antigas colónias em África. A definição da lusofonia baseada na língua, levanta também inúmeras inquietações ao englobar no seu espaço, governos e Estados cujos povos, na sua maioria, não falam português. Esta conferência pretende tecer considerações em torno do conceito Lusofonia e, num forum maior, forjar uma definição mais consensual da Lusofonia, e vislumbrar o espaço e o papel da língua portuguesa na identidade daqueles que “não falam o Português”. |